AS CRIANÇAS
Quem
não gostará de crianças? Quem não se sentirá feliz, vendo-as brincar,
alegres e felizes, naquela felicidade despreocupada que só existe na
infância?
Só elas têm o segredo da felicidade completa! Almas em flor nenhuma
mancha as pode ofuscar! Tudo nelas é simples, belo e maravilhoso! Têm
certas atitudes e certos gestos, que nos deixam fascinados, ante o seu
gracioso imprevisto, onde sempre vive a beleza!
E as suas expressões de encanto, quem as poderá esquecer? Nos seus
olhos, tão puros e ansiosos, reflecte-se a todo o momento a sua alma
cheia de candura e inocência. Como são encantadoras as crianças!
Vítor Hugo, que conhecia demasiado o mundo e a vida, dedicou-lhes
páginas inigualáveis, de ternura e de carinho.
E ainda muito distante da velhice, já a elas se referia nas seguintes
frases reveladoras:
«Todos os homens são bronze e chumbo. Só a criança é oiro... Amo a
infância porque é ela, em meu entender, a única coisa que vale mais do
que eu. A criança é amor e boa fé; o único ente que sabe ser pequeno com
grandeza, visto que o é sem inveja.» E como não havia de ser assim se
Ele foi um tão alto espírito!
Crianças! Que deliciosa palavra, que apenas nossos lábios a pronunciam,
nos subjuga imediatamente! Como o seu sorriso tão lindo, onde brinca o
seu coraçãozinho, nos enleva e nos purifica! Ao sentirmos o seu
contacto, sentimo-nos melhores, esquecendo o egoísmo e a maldade do
Mundo!
Reparai na «graça natural» desta criança que ilustra a página seguinte e
dizei-me se não sentis o contágio da sua alegria!
Dizei-me se não sentis desejo de fugir do «ambiente» brutal do Mundo, e
ir procurar no «encanto da infância» a alegria que precisais e que vos
fará amar mais intensamente a vida!
Quantas vezes, quando a maldade do mundo nos faz sofrer, não vamos
encontrar no seu carinho isento de mácula, o único lenitivo para a nossa
alma! Basta sentirmo-nos envolvidos no seu olhar cheio de carinho e de
ternura, para desaparecer toda a lembrança da amargura sentida! Só
amando as crianças, dedicando-lhes toda a sua afeição, o homem se pode
tornar melhor.
No contacto com a infância existe o antídoto dos maus pensamentos e das
más acções. E amando os pequeninos, devemos, em primeiro do que tudo,
protegê-los e ampará-los. Que há no mundo que nos possa causar maior
tristeza do que ver essas criancinhas, desnudas, enfezadinhas,
martirizadas pela fome e pelo frio?! Pobres inocentes que nenhuma culpa
têm de o Mundo ser tão mau e tão vil!
Protegei sempre a criança, e se tendes filhos, e viveis bem, lembrai-vos
desses pequeninos infelizes, dando-lhes sempre, com a vossa protecção
material, o vosso carinho, porque, coitaditos, logo exteriorizam a sua
imensa, a sua infinita alegria, ao sentirem-se afagados e acarinhados, e
trabalhai para que a protecção à infância seja um dever sagrado e não
nos deixe contemplar certos casos, que nos confrangem a alma enchendo-a
duma infinita tristeza. |