Ó Beja,
terrível Beja!
Versos do Dr. Azinhal Abelho
Ó Beja, terrível Beja
Terra da minha paixão!
Falte-me a luz para os meus olhos,
Afunde-se o barro do chão,
Morra ele o mundo para mim
Mas esquecer Beja, isso não.
Ó Reja, terrível Beja,
Terra da minha amargura!
Subi à torre do castelo
E só vi terra e lonjura.
Era em meados de Agosto,
Um sino dava meio dia...
Ó Beja, terrível Beja,
Esfíngico o burgo dormia.
Nem vivalma pela rua,
Nem uma voz a chorar.
Ó Beja, terrível Beja,
Que é dele o nosso cantar?
Quem te procurasse bem,
Lá te encontrava, bem sei,
Estavas pensando em alguém?
Gritavas aqui del-Rei?
Os rostos embiocados
Que espreitavam ao postigo
Eram reflexos tirados
Da Beja que anda comigo.
Aquele silêncio morno,
As horas do sol a pique...
O sol arde, como um forno
E eu não sei se vá se fique.
Fiquei e chorei contigo,
Olhando os distanciais
Todos num campo de trigo
Onde se perdem meus ais.
Ó Beja, esfíngica e brava,
Mesquita, em forma de igreja...
Vozearia rouca e cava
Que vai para os lados de Beja?
São os campaniços matos
Cantando em voz compassada
A três léguas de distância
Já se ouvem naquela estrada.
Enquanto o burgo dormia,
Enquanto o burgo sonhava
Ao sol e à luz do dia |