Foi
um erro edificar o quartel de Sá sobre as ruínas do convento. Este era
de freiras franciscanas da terceira Ordem, tendo por orago a Madre de
Deus. Além de se ter feito à única freira então existente a violência de
expulsá-la da sua cela, onde já tinha passado uma tão longa vida e onde
tanto desejava morrer, ficou a obra muito mais cara do que se para ela
outro local tivesse sido escolhido.
O edifício do convento prometia duração para séculos; eram rijas e
seguras as paredes e excelente e em bom estado o travejamento, de forma
que, reparados os estragos nele produzidos por um incêndio que teve
lugar em a noite de 11 de Janeiro de 1882, destruídos os tabiques
divisórios das celas, soalhado e estucado, ficava um edifício muito
aproveitável para qualquer fim de pública utilidade, para que o Governo
facilmente o concederia, e a freira pouca duração prometia, pois que a
sua idade era já muito avançada. Por esta forma ficaria a cidade com
dois grandes edifícios, em lugar de um só, - o quartel -, evitavam-se as
avultadas despesas da demolição do convento, da remoção e depósito de
materiais e entulhos, aterros e desaterros, a que obrigava a
irregularidade do terreno, a construção de alicerces profundíssimos, o
encanamento subterrâneo das águas que a ele afluíam, a compra de uma
propriedade ao norte, por ser insuficiente a área do convento e cerca
respectiva, e a construção da grande muralha de suporte pelo norte da
parede. Isto, sem falarmos nos desvios e subtracções de materiais e
irregularidades que, segundo se diz, não foram de pequena importância.
Em qualquer outro dos muitos locais que havia a escolher, ficava o
quartel muito menos dispendioso e sem o defeito de estar a sua frente em
parte soterrada, o que lhe prejudica o aspecto e torna necessária a
despesa a fazer com o rebaixamento do pavimento da rua.
Foi suprimido o convento por despacho do Ministério da Justiça, de 7 de
Fevereiro de 1885. À freira teve o Governo de conceder uma prestação que
todavia ela pouco tempo gozou, porque tendo-se retirado para Fermelã com
algumas das recolhidas que quiseram acompanhá-la, aí faleceu em 1889;
tendo saído do convento em 15 de Fevereiro de 1885, chamava-se Ana
Benedita de S. José, e tinha sido por alguns anos a única, e, por isso,
abadessa de si mesma.
A penúltima abadessa foi D. Inocência do Céu, tia do Sr. Francisco
Manuel Couceiro da Costa; faleceu com 98 anos de idade, em 11 de
Setembro de 1880. Era natural de Ílhavo, e teve uma irmã freira do mesmo
convento, falecida muitos anos antes em casa de seus parentes.
Chegou a esta cidade o novo Regimento de Cavalaria N.º 10, em 18 de
Janeiro de 1885, indo aquartelar-se no convento que foi de frades
antoninhos, por não estar ainda o quartel de Sá nos termos de o alojar.
E porque o convento não era suficiente, foi alugada parte da quinta
contígua da família Rebocho, onde se fizeram as cavalariças em
barracões, empregando-se neles algumas madeiras aproveitáveis do
convento de Sá, já então demolido.
Recolheu o corpo ao seu quartel em 8 de Setembro de 1888. Pelas senhoras
de Aveiro lhe foi oferecida a bandeira ou estandarte, e a festa do
oferecimento e bênção teve lugar em 4 de Abril de 1886, dando à noite a
oficialidade um baile em obséquio ao infante D. Augusto que tinha vindo
inspeccionar o regimento.
Em 1 de Fevereiro de 1885, a sociedade do Clube ou Grémio recreativo
desta cidade tinha dado um baile em obséquio à oficialidade do
regimento. |