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Tenho em minh'alma um íntimo segredo:

Um grande amor, de súbito gerado!

O mal é sem remédio, e, namorado,

Até de que Ela o saiba tenho medo!


Se a vejo vir ao longe, retrocedo;

Tremo de susto, se me passa ao lado,

E vivo onde Ela vive, desterrado

Como um triste num áspero degredo!


É Ela a fada que minh'alma admira:

Modesta em seu viver, casta, esmoler,

Meus versos lhe consagro, toda a lira;


Versos só cheios dela, e nem sequer

Suspeita qual a musa que os inspira:

Diz talvez: «Quem será esta mulher?»

João Penha

 

 

05-12-2020