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Tenho em minh'alma um íntimo segredo:
Um grande amor, de súbito gerado!
O mal é sem remédio, e, namorado,
Até de que Ela o saiba tenho medo!
Se a vejo vir ao longe, retrocedo;
Tremo de susto, se me passa ao lado,
E vivo onde Ela vive, desterrado
Como um triste num áspero degredo!
É Ela a fada que minh'alma admira:
Modesta em seu viver, casta, esmoler,
Meus versos lhe consagro, toda a lira;
Versos só cheios dela, e nem sequer
Suspeita qual a musa que os inspira:
Diz talvez: «Quem será esta mulher?»
João Penha
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