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Sérgio Paulo Silva, Um santo lavado com vinho. Breve memória do meu S. Paio, 1ª ed., Estarreja, 2004, 48 págs.

Nota Final

De rainha das festas de todos os povos do Baixo-Vouga lagunar, a festa do S. Paio, sem deixar de o ser, tomou-se na festa, por excelência, dos murtoseiros. É o seu feriado municipal, de resto. Todavia há marcas indeléveis que não se apagam da memória dos demais. Atente-se no facto de freguesias inteiras como a de Veiros, p. ex., se despovoarem em dia de S. Paio e de inúmeras casas comerciais em Estarreja encerrarem revelando o quanto são frágeis as linhas divisórias político-administrativas. Mas é às gentes dessa maravilhosa praia piscatória que é a Torreira que a festa pertence antes de a quaisquer outrem. Durante muitos, muitos anos aquela gente foi paupérrima, lutando pela sobrevivência um dia após o outro, arrastando uma vida de memórias negras, de tempos em que até a proa de barcos apodrecidos servia de residência. E essa gente que nada tinha, no dia do seu padroeiro dava tudo, os seus pobres palheiros, a vastidão das águas e das areias e a alegria inebriada que rapidamente se diluía no movimento eterno das marés, até voltar a ser de novo Setembro, tempo de passarem as rolas...

 

 
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