Hoje os rojões fazem-se, nos restaurantes, um pouco como isto:
compra-se a carne onde ela não morder – nos talhos dos hiper-mercados,
p. ex. – porque a carne de algum porquito criado sacrificadamente morde
quem a vende e quem a compra. Mas até nem vale muito a pena pensar
nisso, porque quem os tem chama-lhes seus, claro. Compra-se a carne e
compra-se gordura, o pingue, que vai para um tacho de alumínio. Estando
o pingue liquefeito, fervente, recebe a carne que sofre um choque
térmico que faz com que já não mingue como os outros. Fazem-se depressa
e nas travessas metem raiva, de tão bonitos, aos comensais. Comem-se
porque lá teremos que ir, cantando e rindo...
Os rojões das tripas (redanho) apuram-se, com um pouco de água e
uns salpicos de sal, igualmente num tacho de cobre ou de alumínio e
vão-se volteando na mesma com o machão (quem o não tem lança mão duma
forte colher de pau), tal e qual como nos outros rojões, e quando
começam a dar sinal, para meterem a tal raiva que desamarra tantas
carteiras, chimpa-se-Ihes uma boa cerveja preta e... bota-e-vira que
este século é o das pressas...
(Só cá para nós: a cerveja preta guarde-a para quando andar
fraquinho, com uma gemada ou para quando apanhar algum susto, e deixe-os
alourar sem cosmética nenhuma. Ficando os pedaços do redanho comme il
faut, um bom tinto é muito mais recomendável.) |