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Este postal tem uma história associada
Em 2005 fui com minha filha e genro mergulhar na Ilha
do Sal. Um dos mergulhos foi numa gruta denominada a Buracona. É uma
gruta vulcânica subaquática, cujo tecto ruiu parcialmente deixando
uma abertura com cerca de 2x1 metros. Ao meio-dia o sol entra a
prumo pela citada abertura, criando um túnel de luz que ilumina o
fundo da gruta e é chamado o “Olho Mágico” (Foto canto inferior
direito do postal). A gruta é acessível através de um túnel com
cerca de 50 m de comprimento e que está a 20 metros de profundidade.
Mergulha-se na baía que se vê à esquerda
do postal. O mar está normalmente agitado e, no dia em que lá
mergulhámos, parecia uma máquina de lavar. Para evitar sermos
atirados pela rebentação contra as rochas, mergulhámos com o colete
de flutuabilidade completamente vazio de modo a cair na água e irmos
directamente para o fundo. Devo ter raspado com o tubo de ar em alguma
rocha rompendo-o sem que me tivesse apercebido. Saindo da baía,
sempre perto do fundo, há que entrar em mar aberto até chegar à boca
do túnel passados cerca de 10 minutos. A meio do túnel apercebi-me
que só tinha uma pressão de 50 bares na garrafa; o limite de
segurança é de 100 bares; quando se atinge este limite deve-se de
imediato iniciar os procedimentos de subida. Tal era impossível, pois
por cima tinha apenas o tecto do gruta e a única luz existente era a
das nossas lanternas.
Dado que estava a meio do túnel decidi,
que o mais sensato era continuar até à superfície da gruta, pois, se
voltasse para trás, teria de ir à superfície em mar aberto e junto à
rebentação. Quando finalmente cheguei à superfície, dentro da gruta,
a garrafa estava praticamente vazia.
Foi um susto, felizmente, sem consequências. Tive de regressar “à boleia” partilhando
o ar de outro companheiro.
Amílcar Monge da Silva |