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Nasci em 1946
no Baixo Alentejo em Aldeia Nova de S. Bento. A 2ª Guerra Mundial
tinha acabado meses antes e, segundo minha mãe, a aldeia estava
então a ser sobrevoada por uma grande esquadrilha de aviões da
RAF, a caminho de Espanha.
Completada
a Escola Primária, e como na aldeia não havia Liceu, passei
por Beja, Serpa e Moura, concluindo o 7º ano alínea f) em
Oeiras. |
Seguiu-se o
antigo Instituto Industrial de Lisboa (hoje Instituto Superior de
Engenharia de Lisboa) onde me formei em Engenharia Química.
Terminava a
despreocupada vida de estudante e iniciava a vida de adulto.
Enquanto esperava a inevitável mobilização para o serviço militar
obrigatório, trabalhei como professor na Escola Industrial e
Comercial de Moura e, simultaneamente, na de Serpa.
Em 1970,
acabado de casar, fizeram então de mim algo que nunca aspirei
ser: – Aspirante a Oficial Miliciano de Cavalaria. Passagem
por Mafra, Santarém e, finalmente, sorte minha, Timor, numa
unidade de Cavalaria, mesmo com cavalos. |
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Em 1974,
terminada esta aventura, iniciei a vida profissional numa empresa
Sueca na área de projecto e construção de Equipamento fabril para
as indústrias química e alimentar. A empresa cessou este tipo de
actividades em Portugal e, até hoje, continuei como seu
representante.
Passemos ao
tema deste “site”.
Ainda não tinha
terminado a Escola Primária e já tinha o “bichinho” das
colecções. Por vezes, digo na brincadeira que sou um
coleccionador compulsivo que colecciona colecções: – Foram maços
de tabaco, caixas de fósforos, pacotes de açúcar, carrapetas de
pneumáticos, “caricas”, porta-chaves, selos, moedas, chocalhos,
armas antigas, louça, e muitos etcs.
A certa altura,
achei que tinha de pôr um travão e dediquei-me mais aos selos e
moedas. Só em 2011 decidi organizar a esquecida colecção de
postais.
Tive a sorte de
herdar duas, ou talvez três colecções, que me é difícil
identificar com rigor pois, para além das muitas aquisições que
fiz, não sei exactamente a que colecção pertencia cada postal.
Eis, em síntese, o que se me oferece dizer acerca de cada um dos
meus antecessores, que talvez tenham contribuído para me
transmitirem o bichinho das colecções.
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1
–
Manuel Costa
Monge (1900-1977)
Meu tio
materno. Nasceu em Aldeia Nova de S. Bento e aí concluiu a
Quarta Classe; soube porém auto instruir-se ao longo da vida
tendo reunido uma boa biblioteca de temas políticos e
ensaios.
Com 20 anos
foi viver para Lisboa onde tirou a carta de condução e começou
a trabalhar como caixeiro-viajante, percorrendo o Alentejo que
tanto amava. |
Com muita sensibilidade começou a adquirir postais, que então eram
uma moda em quase todas as terras do Alentejo.
São dele a
maioria dos postais do Alentejo e Algarve até 1930, data em que
reduziu as suas viagens e se estabeleceu com um armazém de
lanifícios na Rua da Madalena, em Lisboa. Também visitava os
Açores e com certeza eram dele alguns dos postais daí oriundos.
2
–
Coronel de Infantaria António do Canto Moreira da Câmara
Falcão (1859-1933)
Avô de
minha sogra. De uma maneira muito metódica (ou não fosse
militar), estudou a genealogia de sua família, dando
continuidade aos trabalhos de seu tio-avô e seu pai iniciados
no início do século XIX. Durante a sua vida vulgarizou-se a
fotografia a que aderiu, documentando o quotidiano da família
com fotos que incluem seus pais, tios, avós e tios avós.
Nasceu em Ponta Delgada e aí passou a maior parte do seu tempo
de serviço. |
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Creio serem
dele os cerca de 200 postais da Ilha de S. Miguel de 1900 a 1910.
Não consigo compreender porque é que não há postais posteriores
pois só foi viver para Lisboa em 1920, já viúvo e reformado.
Disse atrás que herdei duas, ou talvez três colecções, pois não
tenho a certeza se estes postais eram mesmo dele ou de sua filha.
Em Agosto de
2012, recebi um álbum de postais oferecido à avó de minha esposa
em 1910 pelo coronel António Falcão, a mesma que já tem muitos
postais publicados na secção respectiva do espaço «Aveiro e
Cultura» e está a seguir referida nesta apresentação. Consta de
100 folhas com 4 postais por página = +800 postais pois há alguns
soltos, postais duplos e até triplos, todos anteriores a 1920. A
maioria é dos Açores: Ponta Delgada, Terceira e Horta. O
continente está representado com muitas terras: Aveiro (44
postais), Beja, Tomar , Évora, Viseu, Coimbra, Lisboa, etc.
Para se ficar
com uma ideia de como os postais eram devidamente arquivados, sem
recurso a cola ou fitas adesivas (que as não havia na época),
reproduzem-se quatro imagens deste álbum.
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3
–
D. Henriqueta Blanc do Canto Chaves da Câmara
Falcão (1885-1932)
Mãe de
minha sogra. Nascida em Ponta Delgada estudou no Colégio
Insulano, na Escola Inglesa de Miss Meston e finalmente na
Escola de Desenho Industrial de Ponta Delgada que concluiu em
1897. Morreu com apenas 46 anos. |
Usando as mais variadas técnicas, executou muitos trabalhos de
desenho, pintura e escultura em miolo de figueira.
A ela
pertenciam os cerca de 400 postais, todos anteriores a 1930, com
temas tais como romance, história, algarismos, abecedário, humor,
etc. Infelizmente, o seu esposo coleccionava selos postais e
“rapou-lhe” os selos quase todos, impossibilitando em muitos deles
a leitura da data do carimbo postal. Igualmente lhe pertenceram os
postais do álbum posteriormente recebido e atrás referido. |