CASTELOS E BRASÕES DE PORTUGAL – Castelo de Belmonte
Tudo parece
indicar que a povoação de Belmonte, erguida sobre um cabeço na
margem esquerda do Zêzere, possui origens que remontam à época
pré-romana. A via militar romana que ligava Mérida à Guarda passava
nas suas proximidades. É por isso provável que no local onde hoje se
encontram as ruínas do seu castelo houvesse anteriormente uma
povoação fortificada.
As primeiras
notícias acerca do castelo de Belmonte surgem, porém, apenas na
época de Afonso III. Tendo a povoação recebido foral de D. Sancho I
e do Bispo de Coimbra (1199), conjecturou-se que aquele houvesse
mandado fortificá-la. Não se conseguiu, porém, comprovar esta
hipótese nem por dados documentais, nem através dos vestígios
materiais subsistentes.
A traça
arquitectónica do castelo aponta para uma construção trecentista,
corroborada por um documento de 1258 em que é concedida autorização
ao Bispo de Coimbra, D. Egas Fafes, para erguer naquele local uma
torre e um castelo, pois a povoação pertencia ao seu senhorio. As
obras poder-se-ão ter prolongado pelo reinado de D. Dinis durante o
qual se fizeram muitos trabalhos de alargamento e beneficiação das
fortificações da fronteira castelhana. A influência do estilo
manuelino está também presente em algumas partes da edificação, com
especial incidência para o solar dos Cabrais, senhores de Belmonte,
onde ainda se podem admirar algumas esferas armilares e uma janela
geminada.
O castelo consta
assim de uma alta torre quadrada – a de Menagem –, de restos da
moradia dos seus alcaides e de alguns panos de muralha. A Torre de
Menagem, de construção medieval, é ameada no topo e possui duas
grandes janelas voltadas para sul e para poente. Ao lado fica uma
porta de arco redondo, sobrepujada pela esfera armilar e pelo escudo
dos Cabrais. A muralha de cantaria apresenta baluartes em todo o
circuito.
A partir de
meados do século XV, a história da vila funde-se, de facto, com a
dos Cabrais, seus alcaides-mores e adiantados da Beira. O primeiro
varão ilustre desse nome foi Aires Pires Cabral, que teve várias
mercês de Afonso III. A alcaidaria do castelo de Belmonte passou a
pertencer à família desde a sua atribuição a Luís Álvares Cabral,
avô de Fernão Cabral, a quem passou a ser vinculada
hereditariamente, e bisavô de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do
Brasil.
JOSÉ MATTOSO e
MANUELA SANTOS SILVA
BELMONTE
É uma vila no
interior de Portugal, na Beira Interior e Cova da Beira, a 353 km de
Lisboa, 245 km do Porto e 70 km da fronteira com a Espanha (Vilar
Formoso).
Tem belas
paisagens sobre o Vale do Rio Zêzere, a Serra da Estrela e seu
Parque Natural.
O seu povo
desempenha um papel importante na agricultura, na criação de animais
e também na indústria de confecção de vestuário.
A Câmara facilita
a instalação destas e outras indústrias e a criação de Câmaras de
Comércio.
Este povo é
gentil e simples. Visite Belmonte e fique aqui algum tempo.
Podemos
oferecer-vos pratos regionais: cabrito (cabrito assado e cabrito de
ensopado), bacalhau (bacalhau à mercado), bons bolos (cavacas,
biscoitos...), e bom queijo.
ARTE E MONUMENTOS
— Castelo
medieval e monumentos envolventes;
— Igreja românica
de S. Tiago, contendo frescos, capela gótica de N. Sra. da Piedade,
panteão dos Cabrais;
— Praça Velha,
com antigos Paços do Concelho, Pelourinho e restos da Judiaria; em
Belmonte há ainda uma colónia de judeus de sangue;
— Zona Medieval
da Vila (Rua Direita, R. da Fonte da Rosa...);
— Imagem de N.
Sra. da Esperança que, segundo a tradição popular, acompanhou Pedro
Álvares Cabral, nascido em Belmonte, no descobrimento do Brasil, em
1500;
— Convento de N.
Sra. da Esperança e Castro Celta, na Serra da Esperança;
— Conjunto
arquitectónico dos actuais Paços do Concelho, Tulha (celeiro) e
Palacete dos Cabrais;
— Torre de Centum
Cellos (Colmeal da Torre). Monumento, romano ou egípcio, que tem
despertado a curiosidade dos investigadores.
M. MARQUES |