«ESTÁ a vila de Serpa situada numa
pequena colina a 4 km da margem esquerda do rio Guadiana, fechando a
estrada que vem de Aracena e Cortegana (terras lusitanas, e que foram
portuguesas até D. Dinis), passa por Rosal de la Frontera e entra em
Portugal por Vila Verde de Ficalho.
É povoação muito antiga, sendo a sua fundação atribuída aos túrdulos
(1), que a teriam construído no ano 840 a. C. A sua primeira fortaleza
deveria ter consistido num castro lusitano, que já se teria desenvolvido
até constituir oppidum, à chegada dos romanos. Muito pouco se
conhece ainda da história de Serpa durante o domínio dos invasores desde
os romanos aos mouros.
Sabe-se, porém, que foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques
em 1166 e abandonada pouco depois por falta de gente para a povoar e
defender. Tomada novamente em 1191 por D. Sancho I, tornou em breve a
cair nas mãos dos mouros, até que em 1242, no reinado de D. Sancho lI,
foi de vez reconquistada por D. Paio Peres Correia.
D. Dinis mandou restaurar em 1295 o castelo e as muralhas da vila, que
foi repovoada com gente vinda de vários pontos do reino, passando a
constituir uma praça forte da fronteira. |
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Serpa – Planta da fortaleza |
Supomos que seria deste tempo a fortaleza desenhada por Duarte Darmas,
depois reedificada por D. Manuel.»
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(1) –
Os túrdulos ou cúneos eram uma tribo de atlantes,
para nós, lusitanos, que habitavam a Lusitânia Meridional, desde as
terras da Tartéssia, a leste do Guadiana, e se estendiam, através do
Algarve, para além do Cabo de S. Vicente (Promontorium Sacrum).
Refluídos dos territórios submersos da Atlântida, para escaparem à
catástrofe, emigraram para o interior, vindo fixar-se de preferência à
beira dos lagos terciários, então em plena dessecação, onde livremente
se podiam fixar. Vide João de Almeida, «Visão do Crente»,
2.ª edição, pág. 15 e seguintes.
Serpa – Vista tirada da banda de leste
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