Combateram no lado errado
da história naquele tempo, e foram/são penalizados por isso.
Esquecendo-se os seus detractores, da época e das circunstâncias em que
tal aconteceu.
Esquecendo-se até, alguns
que nunca o deviam fazer, que os "meninos da G3", gente do serviço
militar obrigatório (Praças, Furriéis e Alferes milicianos), foram a
carne para canhão. Foram os que engoliram o pó das picadas, beberam e
comeram o que calhou onde calhou, aprenderam o cheiro da pólvora para
além das carreiras de tiro. Foram os que deixaram parte do corpo ou o
corpo todo nas matas de África. Foram os que, vindo inteiros, guardam
ainda hoje "gorpelhas" cheias de dor.
Acabaram por ser
esquecidos e abandonados, até pela dita família militar, e alguns andam
por ai passando muito mal. Isto quando há ajudas, não esmolas (isso já
lhes foi dado), tão simples e tão baratas como a isenção total de taxas
moderadoras nos centros de saúde, laboratórios de analises e hospitais,
a comparticipação por inteiro em todos os medicamentos, uma pequena
diferença para mais na percentagem usada no aumento anual das pensões/
reformas abaixo de mil euros por mês, isto se com a soma do tempo de
guerra tiverem contribuído quarenta ou mais anos para a segurança
social, apoio decente na velhice... Tudo isto automaticamente, sem a
parafernália burocrática habitual.
Ao longo dos anos ouvi e
participei em desabafos destes vezes sem conta, mas esta conversa foi-me
feita pelo "Coxo", numa tarde de copos e de muita troca de saltitantes
opiniões, com todos os pormenores para a sua execução... Se eles
quisessem, dizia ele, e eu concordo, era tão simples e dava cá um
jeito... Dos muitos que ainda restamos, todos os dias desaparece
algum(uns), portanto isto era coisa para uma dúzia de anos, ficando
depois somente as excepções... Era justo que dessem menos à bandidagem
que circula pelos corredores do dinheiro, dos negócios (tantas vezes
sujos) e do poder e distribuíssem um pouco/poucochinho por esta malta da
Confraria dos Fodidos a Contragosto (chamo-lhe eu), espalhada pelos
quatro cantos do país.
É obvio que o poder não
está virado para esse lado e os militares de carreira respaldaram-se em
tempo útil. Quanto à carne para canhão foi-se conformando, foi deixando
andar, curtindo, ainda por cima, uma espécie de inexplicável vergonha...
Agora rapazes! Resta-nos falar do assunto, aqui e além, de preferência
em todo o lado e a toda a gente, resta-nos a palavra e a força da nossa
razão, embora de pouco valendo. Relativamente à vida?!... Vamos
resistindo, afinal nós somos os sobreviventes.
Aguentem e tentem morrer
com alguma dignidade, para além da dignidade que nos continuam a dever.
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