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DO "LIVRO DAS FORTALEZAS" DE DUARTE DARMAS
edição de 1943, fac-similada da de 1520/30

A FORTALEZA DE TERENA

Pesquisa de Elsa Lopes

A antiga vila de Terena está situada a três km do Alandroal, sobre um mamelão que se levanta entre as ribeiras de Alcaide e Terena ou Luceféci, ambas afluentes do rio Guadiana, e sobre a antiga estrada que, vinda de Barcarrota, em Espanha, passava por Alconchel e cruzava o Guadiana na foz da Luceféci.

A sua fundação é remotíssima, tendo a fortaleza começado seguramente por ser um castro de povoamento.

Quando os cartagineses desembarcaram no Algarve, no ano 401 a. C. e subiram o vale do Guadiana (anas), era já Terena uma grande citânia, centro de muita importância política e militar.

Havia nela um grande templo dedicado a Endovélico, a divindade superior dos antigos lusitanos, e que aqueles aproveitaram e remodelaram para o consagrarem em conjunto ao deus lusitano e a Vénus e Cupido.

Durante o domínio romano, Terena parece ter conservado a sua importância, tanto militar como política e económica.

Ignora-se o que se passou em Terena durante o domínio dos suevos-alanos e dos visigodos; supõe-se, porém, que foram os alanos, ao abraçarem o cristianismo, que transformaram em igreja o templo de Endovélico; mas sabe-se que os mouros quando invadiram esta parte da Lusitânia, destruíram completamente a povoação de Terena, e deserta a encontrou Gil Martins, fidalgo da corte de D. Afonso III, quando a veio reedificar/povoar, em 1262.

D. Dinis deu a vila de Terena a seu filho D. Afonso IV, ainda infante, depois de a ter mandado repovoar e construir o castelo e a cerca amuralhada em volta da povoação. Supomos que seja esta a fortaleza desenhada por Duarte Darmas, que teria sido mandada restaurar por D. Manuel, em 1514, data em que lhe concedeu novo foral.

Ainda em 1559 estava em regular estado de conservação. O cardeal D. Henrique mandou trazer dali 96 colunas de mármore, para as empregar no Colégio do Espírito Santo, em Évora, onde hoje está instalada a Casa Pia; e, mais tarde ainda, o Duque de Bragança, D. Teotónio, mandou levar muitas preciosidades desse templo para o mosteiro de N. S. da Graça, em Vila Viçosa.

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