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PODE O ALENTEJO ASPIRAR

A SER UMA REGIÃO?

 

Francisco Constantino Pinto

Escrevi para o Almanaque Alentejano de 2008 sobre o título:

PLANO ESTRATÉGICO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL PARA ALQUEVA PRECISA-SE!

Para que este plano represente a alavanca para combater a perda de população – desde já seria interessante debater a desertificação em todo o Alentejo – e implementar politicas activas que tivessem como objectivo combater e inverter as tendências deste flagelo de todo o interior alentejano.


Também o plano estratégico para Alqueva deve prever e resolver o problema de abastecimento de água a muitos dos concelhos do Alentejo, para isso seriam necessários debates alargados sobre a Água – a exemplo de debate alargado do dia 17 de Setembro de 2007 realizado em Castro Verde por iniciativa da Câmara Municipal sobre: Gestão da Água, que Futuro? - Bem como a contribuição da Água de Alqueva para a agricultura do regadio, já que a água deixou de ser uma miragem e é uma realidade concreta.

Apesar da falta do plano estratégico, um volume de investimento significativo em olivais – e novos lagares de azeite, sendo de destacar o novo lagar da Herdade do Sobrado, em / 21 / Ferreira do Alentejo, mas também os da Herdade do Esporão em Reguengos de Monsaraz e em Moura – têm contribuído para alterar um pouco a realidade dos campos no Alentejo, criando uma nova realidade na actividade da olivicultura, com grandes economias de escala em toda a produção, desde a colheita da azeitona à produção de azeite e sua comercialização, tudo isto feito integralmente no Alentejo, o que irá, certamente, dentro dos próximos anos dar à região um lugar de destaque na produção de azeite em Portugal, como já acontece com o vinho, cuja qualidade e oferta é diversificada, e reconhecida a nível nacional e internacional.

A dinamização das actividades económicas privadas no Alentejo tanto ao nível primário, secundário e terciário, devem ser acarinhadas e incentivadas quer pelas autarquias quer pelas populações, porque são estes investimentos e outros complementares que poderão contribuir para a criação de riqueza e para o aumento de emprego, logo para combater a desertificação no Alentejo.

A floricultura e as horto-frutícolas já instalados no litoral alentejano, com uma parte da sua produção a ser exportada é outro sector com potencialidades de crescimento, e com grande valor acrescentado.

Ao nível do sector primário, o regadio é em minha opinião a actividade onde ainda não existem até agora investimentos relevantes, parece-me uma actividade amorfa, sem empresários e técnicos empreendedores e à altura do desafio, que deveria merecer a atenção dos poderes públicos, tanto a nível governamental, como a nível autárquico, também e principalmente das associações de agricultores de regadio, que deveriam organizar-se e ter uma acção muito mais activa e participada no desenvolvimento da actividade, tentando sensibilizar o governo para esta realidade e do necessário apoio do novo – talvez último, por isso indispensável – quadro comunitário de apoio.

A nível de produção e investimentos primários/secundários na industria, o eixo Castro-Verde / Aljustrel / Sines representam há muito o pólo mais dinâmico do Alentejo, as suas actividades continuam em franco desenvolvimento – foram reactivadas as minas de Aljustrel, fazem-se novos investimentos em Neves Corvo, e estão em curso Investimentos muito significativos na zona industrial de Sines, que irão certamente aumentar a oferta de emprego, e contribuir para o aumento da actividade económica directa e / 22 / indirecta naqueles concelhos e concelhos limítrofes.

Parece-me indispensável criar novos parques industriais e de serviços, ou redimensionar os existentes, para responder às necessidades dos empresários locais e para incentivar a instalação de outras iniciativas empresariais.

Logo também aqui as perspectivas do aumento da população se irão fazer sentir nos próximos anos, com todos os reflexos positivos para a região e para o incremento das actividades económicas num ciclo duradouro e de sustentabilidade.

Também no turismo, desde o Alto ao Baixo, passando pelo Litoral Alentejano, estão previstos investimentos importantes para toda a região, representando esta actividade em minha opinião, aquela que mais irá contribuir para a criação de emprego, quer directo quer indirecto, em que a resposta da actividade da restauração, do artesanato, da prestação de serviços diversificados, das actividades lúdicas e recreativas, serão chamadas a responder de uma forma mais empresarial e profissional.

Não são só os grandes projectos turísticos que são importantes, também os residenciais, o turismo de habitação e lazer, os parques de campismo, praias fluviais em zonas mais interiores e com condições de sustentabilidade futura – a praia fluvial da Mina de S. Domingos está a contribuir para novos investimentos e para dar mais vida a toda aquela zona desertificada – pois só assim se podem atrair novos núcleos populacionais para as regiões, oferecendo melhores condições de vida, a preços mais interessantes, atraindo-os e acolhendo-os para que possam no futuro sentir-se integrados na comunidade local.

Para completar as actividades económicas, o Alentejo precisa de mais e melhores vias de comunicação, irá dispor a partir dos próximos anos do Aeroporto de Beja, o que será importante para toda a região, para todo o tecido empresarial e para a sua população, espera-se que seja uma alavanca complementar para novos investimentos e actividades na região, assim seja gerido por técnicos com a experiência, competência e visão necessárias.

Só um Alentejo desenvolvido a nível económico, com um tecido empresarial forte e competitivo, gerador de emprego e criador de riqueza, poderá um dia aspirar a ser uma verdadeira região:

A REGIÃO ALENTEJO.

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