Francisco
José Rito,
Palavras Litorais,
1ª ed.,ed. de autor, 2012, 66 páginas. |
Falar de "Palavras Litorais" é acima
de tudo falar do seu autor, da sua versatilidade, da sua capacidade de
transportar para o papel os cheiros, as sensações e as saudades dos
temas em que se embrenha, com paixão e mestria. E se o tema lhe está
particularmente enraizado no sangue, essa qualidade acentua-se e ganha
enorme relevo na sua escrita e na capacidade de prender os leitores às
ideias, aos poemas e à sua maneira de ser e de estar.
Este seu segundo livro é a
continuação da sua história e das suas gentes, que o Francisco tão bem
tem defendido, exprimindo-se, sempre que o coração o ordena. Pessoa
dizia que "O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / que chega a
fingir que é dor / A dor que deveras sente." E é isto que o Francisco é.
O fingidor de uma dor real, que o obriga a escrever e assim imortalizar
a sua vida e as tradições, que advêm de homens e mulheres que sangraram
nos caminhos da vida e que sofreram na alma o direito à existência. Ler
os seus escritos, não só nos livros que produz, mas no dia-a-dia, nas
mais diversas plataformas, é uma forma de prazer para quem com ele
partilha, diariamente, um bocadinho da vida.
O Francisco e "Palavras Litorais"
são, com toda a certeza, a simbiose perfeita que nos é oferecida, para
que possamos também (re)viver a nossa herança e as nossas paixões, sem o
risco de sofrermos urna dor fingida.
O escritor é o mordomo dos seus
leitores, e este autor tem nota máxima na qualidade da sua serventia,
Serve-nos um manjar literário, onde dá tudo de si, revelando todos os
seus segredos, expondo a sua alma ao mundo, entrando assim na
vulnerabilidade dos Deuses.
Já Torga dizia que «A maior
desgraça que pode acontecer a um artista é começar pela literatura, em
vez de começar pela vida». Francisco José Rito certamente que
começou pela vida".
José Vieira
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