As peles tomaram um lugar de tal importância no vestuário feminino que se pergunta com terror que hecatombe de animais de pêlo será necessária para oferecer às elegantes o luxo de toda essa pelaria! Mas esta vaga sentimentalidade desaparece rapidamente em face dum bonito collet de raposa sedosa ou da finura incomparável duma capa de vison ou zibeline...

E, posta de parte a ternura pelos pobres bichos a que tiram a pele, com tão feroz egoísmo, as mulheres requintadas não se contentam com as peles vulgaríssimas e as imitações lançadas no mercado, e inclinam-se, seduzidas, para as peles de alto luxo, aquelas que a crise geral parecia ter tornado inacessíveis...

...Mas há alguma coisa inacessível para uma linda mulher coquette? Como se arranjam? É um mistério, mas as peles caras abafam-lhes os ombros de neve, e os peleiros mais em voga nunca venderam tanto!

É certo que os modelos apresentados são uma verdadeira tentação, maravilhosamente trabalhados, com a mesma ciência e à-vontade com que se trabalham os tecidos. Os casacos espessos, pesados, doutros tempos, desapareceram. Os casacos de peles de hoje dão tanta flexibilidade de linha como os de fazenda.

As capas, as jaquetas e as grandes guarnições de peles que este ano se usam são recursos que multiplicam ao infinito as possibilidades da coquetterie da mulher elegante, e os pequenos chapéus drapés e as toques a cossaca, em astrakan ou rasé, que a moda acaba de lançar, são mais um motivo de embelezamento da carnação delicada dum lindo rosto.

CASACOS DE PELES: «ASTRAKAN-BREITSCHWANTZ», VIRADOS