PRECES
«AD PETENDAM PLUVIA»
(sic)
Numa nota pastoral, datada já de 21 de Junho, e agora vinda ao conhecimento
público, o Sr. D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo de Aveiro, a propósito da
prolongada seca que vem afligindo a população do País, e vem tomando aspectos da
mais extrema gravidade, depois de várias considerações que estas calamitosas
perspectivas lhe suscitam, escreve:
«Importa ultrapassar a visão acanhada de um certo racionalismo que espreita até
os próprios crentes. O Evangelho, (sic) vai numa linha diferente desse
estreito racionalismo. A Igreja também. O Novo Missal Romano, (sic)
contém, entre as suas orações de culto oficial, uma oração para pedir chuva».
E, prosseguindo, o prelado diocesano, (sic) conclui:
«Creio vir ao encontro das preocupações e dos anseios do povo cristão anunciar,
depois de ter ouvido o Conselho Presbiteral, que se irão fazer preces públicas
para pedir ao Senhor o dom da chuva.
«Peço aos reverendos párocos que, de combinação uns com os outros, dentro do
respectivo arciprestado, promovam, o mais breve possível, as preces referidas ou
a celebração eucarística com a finalidade indicada, convocando para tal o povo
cristão.»
Entretanto, e salvo um escasso quarto de hora de chuva, consequente a uma
trovoada, na noite de 1 para 2, a cidade e a região continua (sic) a
sofrer as nefastas consequências da falta de água – inclusivamente com as
restrições crescentes do fornecimento para usos domésticos.
Claro que, como frequentemente sucede, o mal duns é, na circunstância,
benefício para outros. Embora este não se compare com o malefício, da
perniciosíssima quadra sem chuva, tão continuada como já não acontecia há largos
anos, estão a aproveitar as marinhas de sal. Este pronuncia-se mais
abundantemente. Somente, por este andar, será caso para perguntar:
− «Para temperar o quê?»
"Primeiro
de Janeiro", 05.07.1976
Comentário
A dilatada visão da Igreja sobre os fenómenos meteorológicos, e não só,
opunha-se e opõe-se “à visão acanhada de um certo racionalismo”, que, mau grado
a sua estreiteza, permite conhecer (em directo e a cores), com razoável
antecedência e grau de probabilidade, não só qual o tempo que fará nos próximos
dias, mas também as razões porque tal acontece. Essa esclarecida visão
eclesiástica, que se apoiava em teorias científicas contidas, por exemplo, nos
Evangelhos e no Novo Missal Romano, e se integrava numa estratégia míope de
combate contra o Conhecimento, acabou por levar a Instituição à penúria de
agentes e de seguidores, mas não financeira, em que, hoje, se encontra. Quem
diria, há quarenta anos, que a Religião Católica era, actualmente, minoritária,
na Grande Lisboa?
Mudando de registo e especulando:
1ª hipótese - As preces terão sido ouvidas por Deus, que, considerando a
percentagem de peticionários, em relação ao número de habitantes da Diocese de
Aveiro, providenciou no sentido de que a pressão atmosférica baixasse, até ao
nível chuva, durante 15 minutos.
2ª hipótese – As preces não terão sido ouvidas por Deus, porquanto:
a) - se a pontuação, nelas utilizada, tiver seguido o critério usado no
comunicado episcopal, a colocação sistemática de vírgula, entre o sujeito e o
verbo, poderá ter constituído um ruído (em linguagem comunicacional)
suficientemente forte para impedir a sua compreensão pelo Divino Receptor.
b) - o Latim é pouco católico, ou seja, em terminologia laica, contém um erro
gramatical grave, que afecta a compreensão da mensagem.
Consagra-se a S. José
Não se sabe se o texto que a seguir se transcreve resulta de inspiração divina,
mas certamente que comoverá o mais convicto dos ateus. É da autoria de Pedro
Carmona, sub-director-geral de estradas do distrito de Coimbra, no acto de
recepção de uma ponte da via-rápida Raiva-Trouxemil da ligação Coimbra-Vilar
Formoso. Trata-se da acta 104 e nela se pode lêr: «Fica exarado neste livro
de obra que desde 1990, Março, 19 a fiscalização consagrou esta obra a S. José.
Assim como Ele colocou toda a perfeição humana e todas as graças sobrenaturais
que Deus Lhe concedeu no seu trabalho de artesão a ponto de ensinar o próprio
Deus, também ajude os que nela trabalham a acabar esta obra de acordo com a
vontade de Deus e encontrarem o próprio Deus através do seu trabalho e das
maravilhas que a Mãe natureza lhes vier a conceder.
«Em 1990, Junho, 20, data da memória das beatas Sancha, Mafalda e Teresa,
princesas de Portugal (…) no Mosteiro do Lorvão, junto às relíquias das beatas
princesa Sancha e Beata Rainha Sancha que desde 1205 até à sua morte em Junho,
17, se dedicou a servir Deus nesta terra do Lorvão, reformando pelo exercício
das virtudes heróicas que caracterizam os Santos, a comunidade lambernense para
a Ordem Feminina de S. Bernardo (Cister) nos ajudem a ser intérpretes da vontade
de Deus, na continuação desta estrada, para que Ele sempre a proteja, evitando
os acidentes em especial os mortais e dando a paz e a alegria divinas aos que
nela circulam.
«Em especial protegei os lambornenses para que aprendam a progredir
espiritualmente através do progresso material».
Amen!”
"Expresso", 21.07.1990
Comentário
1. Será que o curso de Engenharia integrava, à época, uma Cadeira de História da
Religião Católica?
2. Seria S. José o Santo mais indicado, ele que é, somente, padroeiro da
Bélgica, dos administradores e da família, podendo, também, ser invocado, em
caso de doença, junto a agonizantes e, ainda, em caso de dificuldades
financeiras?
3. Porque terão sido preteridos os especialistas, S. Cristóvão e S. Paulo,
padroeiros, respectivamente, dos viajantes e dos caminheiros?
4. A afirmação de que José terá ensinado o próprio Deus, na arte da carpintaria,
não levantará um problema teológico, dado que Deus, mesmo Menino, já era,
dogmaticamente, pelo menos, omniscientezinho?
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"Capital", 03.06.92
Comentário
Crucificaram Jesus entre dois ladrões, companhia que, comparada com esta do Bom
Jesus do Carvalhal, na mesma página de jornal, seria o “crème de la crème” da
sociedade palestiniana.
Procissão dos Passos da Paróquia da Vera Cruz
Percurso:
Igreja do Carmo, Meditação sobre o encontro entre Jesus e Maria e a Mãe (junto à
Cooperativa de Ensino Santa Joana), Igreja de Nossa Senhora da Apresentação,
Praça Joaquim Melo Freitas, Arcos, Avenida Dr. Lourenço Peixinho, Rua Eng.
Oudinot, Igreja do Carmo
Agenda Cultural viver aveiro, fevereiro/março, 2007
Comentário
Quem não conhecer esta procissão, chamada, também, Procissão do Encontro, poderá
ficar confuso e fazer o seguinte raciocínio: sendo consabido que Maria é o nome
da mãe de Jesus, a Mãe é mãe de quem?, de Maria; então, a Mãe seria Santa Ana,
portanto, a avó de Jesus.
Eles não querem o referendo
Para comemorar as aparições
de Fátima e a construção da quarta maior igreja católica do mundo, monsenhor
Luciano Guerra resolveu esclarecer o País sobre o que pensa de divórcio,
mulheres, violência doméstica e islamismo.
Com toda a serenidade, numa entrevista à NS, o reitor do Santuário de Fátima,
começa por dar uma lição de tolerância: “Veja-se o caso da burka nos
países islamitas. É evidente que algumas mulheres (…) se sentem constrangidas,
mas haverá muitas que se sentem muito bem por estarem protegidas, por ter sido
assim desde crianças.”
Perante a passividade do jornalista, passa para a lição seguinte a da prova de
amor: “Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que
dá um soco na mulher de três em três anos. (…) Eu, pelo menos, se estivesse na
parte da mulher que tivesse um marido que a amasse verdadeiramente no resto do
tempo, achava que [as agressões pontuais não justificam o divórcio].
Perante conclusões como esta, é difícil perceber porque cada vez mais católicos
se afastam da Igreja. Mas também aí o monsenhor tem uma resposta. “Muito por
culpa própria, porque se afastaram para caminhos, enfim... para os caminhos do
divórcio, da infidelidade, da corrupção...” Tudo, evidentemente, ao mesmo nível.
"Sábado", 18.10.2007
Comentário
Perguntas:
− A burka e o hábito das freiras não diferem muito e protegem as utentes de quê
e de quem?, delas próprias?
− E se o soco fosse anual, mensal ou dado com muita ou pouca força, teriam
estas periodicidades ou intensidades alguma influência na decisão a tomar pela
agredida?
− Quando um monsenhor, que, ainda por cima, exercia o cargo de Reitor do
Santuário de Fátima, produzia afirmações deste calibre, o que é que se poderia
esperar dum simples velho padre cura duma paróquia perdida três dias para lá do
nascer do Sol?
− Quantos Papas Xico não serão necessários, para que a Igreja não volte a ter
porta-vozes deste jaez? |