Em 1959, o semanário aveirense "Litoral" começou a publicar um
suplemento, dedicado exclusivamente às Artes, Letras e Ciências. Contava
com a orientação de um razoável grupo de figuras da região (19 no
primeiro número) e não menos numerosa plêiade de elementos da vida
literária, científica e artística do nosso País.
Aproveitando os ventos que
de feição fazem singrar as velas da região, a "Companha", assim se
chamou o suplemento, zarpou em Setembro do mesmo ano, graças a «uns
tantos amigos do "Litoral" que se dignaram elegê-lo para tronco de novos
viços». E fizeram-no na esperança de que o tronco, pelo «vergônteo vigor
de seiva e pela altura que ambicionava, atingisse robustez própria,
alcançando culminâncias tais, que o velho suporte lhe ficasse quase
inútil e distanciado na modéstia do seu inicial escopo».
Zarparam efectivamente com
bons ventos e não menores marujos nas artes da cultura, tendo conseguido
escalar os quatro últimos portos deste ano, ou seja, os meses de
Novembro a Dezembro.
Por razões diversas que
não figuram no diário de bordo, a "Companha" ficou adormecida no último
porto, durante quase meio século. Mas não perdida! Marujos houve que a
souberam preservar durante todo este tempo. Alcançou por obra do
timoneiro que a todos nos governa – o Destino – o porto de Fevereiro de
2005, altura em que chegou aos nossos estaleiros uma colecção conservada
e encadernada dos quatro exemplares.
Foram 46 anos acostados em
porto seguro. E, passado todo este tempo, retomam agora a navegação nas
águas das novas tecnologias da comunicação.
Nesta nova fase de
navegação em correntes mais velozes que o vento e as correntes marítimas
de então, porque movidas praticamente à velocidade da luz, é agora
possível navegar ou «surfar» nas vagas da Internet e descobrir o
património cultural que os nautas de 59 nos legaram.
Neste renascer, procurámos
manter rigorosamente os conteúdos dos originais, apenas adaptando a
apresentação das páginas de então aos novos formatos de agora.
Pensámos, inicialmente,
numa versão electrónica fac-similada, à semelhança do que foi feito, em
tempos, com outras publicações aveirenses. Todavia, a consulta pouco
prática dessas mesmas publicações levou-nos a adoptar um formato mais
legível e mais compulsável, permitindo simultaneamente uma leitura mais
agradável e uma mais fácil assimilação dos conteúdos.
Nos casos em que nas
páginas originais predomina a representação icónica sobre a verbal,
efectuamos a reprodução fac-similada de modo a que a sua impressão
permita reproduzir fielmente o original. É o caso das capas e
contracapas a cores e das páginas publicitárias, não contabilizadas nos
originais, que procuramos manter nesta versão electrónica, por
constituírem um documento da época.
Deixamo-vos com os votos
de uma agradável e proveitosa navegação na companhia dos marujos da
"Companha".
Henrique J. C. de
Oliveira - Março de 2005
Como
navegar nesta versão electrónica