Agosto é tempo de férias. É verão, com uma temperatura que faz
vibrar os nossos corpos. Não é tempo de morrer, Claudette. Isso não se
faz aos amigos: Todos sabíamos que há muito lutavas contra uma doença
que te ia minando. Não desconhecíamos que tinhas ganho muitas batalhas,
muitas delas, bem difíceis de conquistar.
Estive contigo e com o teu marido e mais alguns companheiros
vossos dos Lions, a fazermos um trabalho que eu iria – e vou – publicar.
Estavas contente, feliz, rias, preparando-te para a tua nova
tarefa de Governadora do distrito 115, Centro/Norte, da Associação a
quem há muitos anos davas o melhor de ti mesma.
Não temeste recentemente ir aos Estados Unidos tomar posse. Mais
uma vez tive a convicção firme que estava perante uma vencedora. "Sabes"
– dizia-me o teu marido – "ela já ralha comigo, o que quer dizer que
está óptima".
Vim embora satisfeito. Voltamos a falar ao telefone, Fiz o
trabalho e fui para férias. Às vezes deixo esgotar a carga do telemóvel.
Nesse dia, contudo, não foi o caso. Tocou, atendi e o teu marido, com a
voz quase imperceptível, disse-me qualquer coisa, que não entendi – ou
não quis entender – mas lá tive, infelizmente, de perceber que tinhas
partido. Assim, sem mais, desististe de lutar. A tua resistência tinha
chegado ao fim.
Era o início de uma noite de Agosto. Partiste. Serenamente.
Oxalá tenhas tido tempo para perceberes que o teu dever estava
cumprido. A tua consciência tranquila.
Logo vou juntar-me aos teus muitos amigos e juntos vamos
acompanhar-te. Quero, aqui, deixar um abraço ao Gaspar Albino, a teus
filhos e netos.
Onde quer que agora estejas, está em paz.
Nós, que fisicamente, ainda cá estamos, já temos muitas saudades tuas.
Carlos Campos
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