...o esquecimento

Dos Actores


Voar!! É para isso que a vida serve.Voar!!
Até ao inexplorável e inevoável.
Que o espírito cresça até dizer basta.
Porque não podemos viver do ar!! Nem só de pão!!
Não sabíamos planar nem virar!
O pássaro era pequeno
Mas as asas eram grandes!!
Tijolo após tijolo fomos subindo de altitude. Algumas quedas.
Mas fomos subindo. Resta saber até onde!!...
Porque as obras começam do princípio...


Agora que o Público está quase a entrar e as luzes a acender, estamos receosos — confessamos.

Foram 6 meses apostados num trabalho com o qual não concordámos sempre; que nos deu alegrias, desesperos, em que acreditámos, desacreditá­mos e voltámos a acreditar.

Foi como em tudo; e o teatro é vida e nós vivemos a vida e o teatro.

Um barco pequeno com uma grande tripulação — a imagem do grupo que deu vida a este espectáculo.

Difícil sincronizar as remadelas. O rumo era o mesmo, mas as braçadas tinham forças diferentes.

Com preocupações, angústias, alegrias, tempestades e bonanças, estamos a chegar como que conseguimos, sem unanimidades e também com elas.

Falar de Aveiro, para nós e vós, de Aveiro ou não, é por certo um prazer.

Reflectir sobre os que se dão e são esquecidos é uma obrigação.

Este trabalho é também uma memória, é a nossa memória, no intuito de que se torne também a vossa. Como diria Luís Gomes de Carvalho, «Um Homem pode viver sem pés, sem mãos, sem muitas coisas... mas não pode viver sem raízes». E estas são as nossas, gentes de Aveiro, gentes deste país. O que fizemos, e que queremos é, para além de fazer teatro e do prazer que isso nos dá, cantar as nossas raízes e dar vida às memórias.

DOS ACTORES

Página anterior Índice geral Página seguinte