...o esquecimento

CURRICULUM VITAE 
de
Jaime Gralheiro


JAIME Gaspar GRALHEIRO, viúvo, advogado, dramaturgo e encenador, nascido em Macieira, freguesia de Sul, concelho de S. Pedro do Sul, distrito de Viseu, no dia 7/07/930.

Filho de Agostinho Gaspar Gralheiro e de Maria de Almeida.

Fez parte do Liceu, até ao antigo 5º ano, em Lamego (Colégio de Lamego) e o resto (60 e 70) no Porto (Colégio João de Deus).

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com a nota final de bom.

Em Coimbra, fez parte da Tuna e ajudou a fundar o CITAC.

Após o estágio em Viseu (56/58), monta escritório de advogado em S. Pedro do Sul e passa a exercer a profissão de advogado em toda a Região de Lafões (S. Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades) depois, por todo o Distrito de Viseu e, mesmo, por todo o País.

Intervém em milhares de processos judiciais, acabando por se especializar nas questões dos Baldios, direitos reais e acidentes de trânsito (sendo advogado de uma Seguradora, ao longo de mais de trinta anos).

Foi Delegado da Ordem dos Advogados em S. Pedro do Sul, desde o início da década de 70 a 1999.

Interveio em todos os Congressos dos Advogados Portugueses, Assembleias Gerais e outras realizações da classe.

Como jurista escreveu “Comentário à(s) Lei(s) dos Baldios”, e “Comentário à Nova Lei dos Baldios” e outros artigos técnicos, em revistas da especialidade.

Como dramaturgo escreveu as seguintes peças teatrais:

1949 - FEIA - (publicada na revista Inicial do Colégio João de Deus - Porto);

1962 - EPIFÂNIO LACERDA - (mais tarde publicada com o nome de “Paredes Nuas” - representada pelo “Aurora da Liberdade, Matosinhos, em 1964);

1963 - BELCHIOR - (representada por várias colectividades, depois do 25 de Abril de 1974).

1964 - RAMOS PARTIDOS -  proibida pelas autoridades político-policiais da época (Governador Civil de Aveiro) de ser representada pelo CETA (Aveiro) em 1967.

(Estas três peças foram publicadas, em 1967, num livro único, sob o título genérico de Teatro - edição de Autor);

1964 - FARRUNCHA - (infantil; publicada em 1975 pelo FAOJ); representada inúmeras vezes, por vários grupos de teatro, Escolas e colectividades. No prelo nas edições “GaiLivro”- V. N. de Gaia - Porto);

1967/68 - O FOSSO - (publicada em 1972, como n.º 1 da Cena Actual do Jornal do Fundão); representada, clandestinamente no TUP, por um Grupo de Amadores dos arredores do Porto, antes do 25 de Abril de 1974 e por várias colectividades, designadamente pelo TEB (Barreiro) depois desta data.

1973 - NA BARCA COM MESTRE GIL - (publicada em 1978 pela editorial “Caminho”); representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul, após o 25 de Abril de 1974 e por outros Grupos de Amadores. Foi o último texto integralmente proibido pelo “Exame Prévio” fascista. Leitura aconselhada no Ensino Secundário. Representada, também, pelo CITEC (Montemor o Velho); Teatro Construção de Joane e em vários outros Grupos e Escolas. 2ª Edição (revista e acrescentada) juntamente com “Arraia Miúda”, em 1999, do Sindicato dos Professores da Região Centro.

1975 - ARRAIA MIÚDA - (publicada em 1976 pela editorial INOVA); representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul; TEUC; TEC e, também por vários Grupos de Amadores. Leitura aconselhada no Ensino Secundário. 2ª edição (revista) juntamente com “Na Barca com Mestre Gil” em 1999 do Sindicato dos professores da Região Centro.

1976 - D. BELTRÃO DE REBORDÃO - (infanto-juvenil; inédita); representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul.

1977 - O HOMEM DA BICICLETA - (dramatização do romance de Manuel Tiago: “Até amanhã, camarada”) publicada pela SPA em 1982; representada pelo “Cénico”.

1978 - VIERAM PARA MORRER - (3º prémio da SEC, publicado pela Moraes, em 1979);

1980 - ONDE VAZ, LUIZ? - (publicada pela editorial Vega em 1983); representada pelo TEC, numa encenação notável de Carlos Avillez pelo “Cénico numa encenação do Autor e pelo Teatro Construção de Joane - V. N. de Famalicão);

1985 - COMADRES ou “Quem é que é afinal?” (monólogo) — integrado no espectáculo da “Comuna”: “Farsa você mesmo” (1986);

1986 - O GRANDE CIRCO IBÉRICO - (1º prémio do Concurso do CITAP/Amadora, 1989; publicado pela D. Quixote/SPA; 1998);

1987 - A LONGA MARCHA PARA O ESQUECIMENTO - (representada e publicada pelo CETA, Aveiro, em 1987);

1989 - O SOLDADO JOÃO - teatralização do conto com o mesmo nome de Luísa Ducla Soares. Infantil. Inédita;

1990 - POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS - série televisiva exibida: participou com dois textos, no 1” episódio;

1990 - MINHA LOUCURA OUTROS QUE A TOMEM... - (série televisiva; inédita);

1990 - LAFÕES É UM JARDIM - representada pelo “Cénico” (inédita em livro);

1991 - AMOR DE PEDRA - didáctico - infantil. Inédita.

1992 - ERA UMA VEZ UM CORAÇÃO - teatralização de um texto didáctico do Prof. Políbio Serra e Silva - representada pelo “Cénico-infantil” e por várias Escolas da Região Centro (inédita em livro);

1995 - CO-MU-NI-CA-ÇÃO! - Brincadeira infantil. Inédita.

1995 - É(H) MEU! - (para adolescentes). Representada pelo “Cénico/juvenil em 1995/96; publicado pela D. Quixote/SPA juntamente com “O Circo Ibérico” (1998).

1996 - EUREKA! - ou a Alegria da Descoberta - infanto-juvenil. Inédita.

1997 - GRAÇAS E DESGRAÇAS D’EL-REI TADINHO - (infantil) - teatralização do conto de Alice Vieira com o mesmo nome, em ensaios no Cénico-Infantil);

1997 - Homenageado como Autor do Ano, pelo 7º Ciclo de Teatro de Autores Portugueses (CITAP/Amadora) com exposição da sua obra (autor e encenador) e sessão pública de homenagem (Maio).

1997 - Recebeu o Galardão do Centenário do Nascimento da patrona da Casa-Museu Maria da Fontinha (10 de Junho).

1997 - Homenageado, por toda a sua obra, pela revista ANIM’ARTE de Viseu, em 12 de Julho.

1998 - Condecorado com a Medalha de Mérito Cultural, pelo Ministro da Cultura (8 de Maio).

1998 - Recebeu o “Diploma e Medalha de Instrução e Arte” da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio (FPCCR) em 31 de Maio (Lisboa).

1998 - Foi-lhe atribuído o “Prémio de Carreira de 1998” pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) em 1/6/98 (Lisboa).

Na área da historiografia., escreveu, ainda: “História do Cénico - ou 25 anos de um País através de uma associação de cultura e recreio” (1996) - inédita (a publicar pela C. M. de S. Pedro do Sul).

Em 1971, fundou com José de Oliveira Barata e Manuela Cruzeiro, o “Cénico - Grupo de Teatro Popular” de S. Pedro do Sul.

Desde a sua fundação, tem dirigido, artisticamente, o “Cénico”, encenando em conjunto com José O. Barata, os seus três primeiros espectáculos: “Auto da Compadecida” de Areano Suassuna; “Sapateira Prodigiosa” de Federico Garcia Lorca e “Na Barca com Mestre Gil” da sua autoria;

A partir de 1975 passa a encenar, sozinho, todos os espectáculos montados pelo “Cénico”: “Arraia Miúda” (1975/76); “O Homem da Bicicleta” (1977/78); “D. Beltrão de Rebordão” (1988/89); “A Grande Jogada” de José Viana (1980); “Viva o Lobo Mau” e “Farruncha” (1985); “Lafões é um Jardim” (1990/91); “Onde Vaz, Luiz?” (1991/92,); “Era uma Vez um Coração” (“Cénico/infantil”; 1992/93); “Tartufo” de Molière/Llovet (1993/94); “Viva o Lobo Mau” e Farruncha (“Cénico/Infantil; 1994/95) e “É (H) MEU!” (“Cénico/Juvenil” 1995/96); “Vem aí o Zé das Moscas” (Cénico/Infantil) de António Torrado que subiu à cena em Maio de 97 (1997/98); “Na Barca com Mestre Gil” (2ª versão) -  1997/1998 Cénico/Adultos) e tem em ensaios “Graças e Desgraças de El-Rei Tadinho” no “Cénico” e “Cénico-lnfantil”.

- 1999/2000 - Encenou no CETA, em Aveiro, “Três Máscaras” e “Mário, Eu próprio - o Outro” de José Régio, com o título genérico de “Talvez... Morrer”.

Interveio em todos os Congressos, várias Assembleias e inúmeras Reuniões que, sobre o Teatro, se realizaram em Portugal, desde 1971, até ao presente.

Obteve vários prémios de Teatro, quer como autor quer como encenador (3 primeiros) e outras menções honrosas.

Foi considerado o Autor português mais representado no ano de 1978.

Tem desenvolvido uma intensa actividade cultural, na área do Teatro, junto das Escolas (mais de trezentas acções, com a duração de cerca de 3 horas, por todo o país (desde o Minho ao Algarve e Madeira).

Nomeado formador pelo Conselho Pedagógico da Formação Continua do Ministério da Educação, nas áreas do Direito e Expressão Dramática (18/9/96).

Tem escrito em jornais ( “DL”, “República; “O Diário” e “DN” - onde durante quase um ano (1995/96) manteve uma crónica semanal. Também colabora em jornais e rádios locais, designadamente na “Rádio Noar” de Viseu, onde, desde os princípios de 1995 até fins 1996, atirou semanalmente para o ar a ironia das suas crónicas de evocação histórico-cultural de uma cidadezinha de Província.

Actualmente colabora, mensalmente, com um artigo de opinião no “Jornal do Fundão” (JF).

Foi Presidente suplente Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) na década de 80, e foi Vice-Presidente da Mesa da A.G. da mesma SPA (juntamente com José Saramago e David Mourão Ferreira), desde 1989 a 1997.

Ao lado da sua actividade profissional e artística, desenvolveu uma aguerrida actividade política, tendo, antes do 25 de Abril de 1974, participado, desde 1965, em todas as “campanhas eleitorais” pela Oposição Democrática” e no 2ºe 3º Congresso de Aveiro em 1973, tendo neste dirigido a secção “Desenvolvimento Regional”.

Depois do 25 de Abril de 1974, foi o primeiro Presidente da Comissão Administrativa da Câmara de S. Pedro do Sul, de onde foi “corrido” no “Verão Quente de 75”.

Desta “explosiva” experiência e como se fora um “testamento”, nasceu a “Arraia Miúda”.

Por imposição do “aparelho partidário”, encabeçou a candidatura do MDP/CDE, à Assembleia Constituinte, pelo distrito da Guarda. Só a partir de 1976 e até aos anos de 90, passou a ser candidato (normalmente cabeça de lista) pela FEPU; APU e CDU (coligações do PCP com outras forças de Esquerda) nas várias eleições legislativas pelo distrito de Viseu. Nunca foi eleito.

Pela mesma força política concorreu, várias vezes, às eleições autárquicas, em S. Pedro do Sul, tendo sido eleito vogal em 1978, altura em que lhe foi recusado o “pelouro” da Cultura, sendo-lhe, acintosamente, atribuído o pelouro das “Feiras e Mercados”. Demitiu-se. Foi eleito para a Assembleia Municipal, sempre que concorreu.

Presentemente, “assumiu" o papel de “consciência histórica da Esquerda”, no distrito e Viseu...

Nota: de uma carta de um pai de um dos pequenos actores do “Cénico/Infantil”: “Minha família, como muitas nesta sua terra, estará sempre em dívida pelo seu trabalho, sem preço, oferecido à educação dos nossos filhos”.
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