O PRIMEIRO ÓRGÃO informativo dos trabalhadores da então C. P. C. tomou o nome de BOLETIM INFORMATIVO DA COMISSÃO DE SEGURANÇA. Foi seu pioneiro o Eng.º Alberto Frazão, no distante ano de 1959.

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As características do Boletim, assim como os seus objectivos, foram definidos através de um GUIA (Maio de 1959), imposto superiormente ao corpo redactorial:

– Servir a concórdia entre «elementos governantes e serventes»;

– Consciencializar – segundo os ditames do «corporativismo e das encíclicas sociais»;

– Cultivar – através de contos, narrativas, matéria científica e filosófica que respeitassem o sentimento católico;

– Instruir – Cálculo, Direito Comercial, etc.

– Recrear – Anedotas, humorismo, charadas, etc.

Anexo a este GUIA, e como seu complemento, as normas regulamentares que sujeitavam o Boletim a dois órgãos de censura: «Comissão de Censura Subalterna» e «Censura Superior».

Não obstante a rigidez destes documentos normativos e controladores, o Boletim Informativo seguiu sempre uma linha liberal e só raramente se terá feito sentir a «mão dura» daquelas regras programáticas. / 119 /

O SEGUNDO PERÍODO do Boletim Informativo diferencia-se do anterior apenas por um facto: a redução do seu formato. Tal redução permitiu não só uma mais rápida confecção, como também uma melhor distribuição e apresentação dos assuntos.

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Nesta fase pôs-se de parte a capa desenhada por A. Macedo, passando-se a usar desenhos variados, todos alusivos à Segurança no Trabalho, da autoria de Cunha Pisco.

A colaboração manteve-se sem grandes alterações nas suas características, notando-se, todavia, a inserção de alguns assuntos novos, como entrevistas, contos e problemas detectivescos, noções de Economia e Finanças e uma mais lata informação de factos relativas à vida social e familiar dos trabalhadores.

O TERCEIRO PERÍODO distingue-se dos anteriores em três aspectos: nova direcção, nova numeração e novo cabeçalho. Passou a denominar-se «O NOSSO BOLETIM».

A linha de rumo foi mantida, no essencial, havendo a notar umas pequenas variações, mais de ordem estética que de conteúdo ou forma. Pela primeira vez, contudo, apareceram temas sobre Arte, História local, problemas de Trabalho, Tecnologia papeleira, etc.

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Referente a estes três períodos editoriais há que pôr em evidência os nomes de alguns trabalhadores que, em matéria de coordenação, prestaram valiosos serviços: Costa Coelho, Marques da Silva, Reis Dias e Moraes Sarmento. No tocante a colaboradores, torna-se difícil a sua nomeação, já que muitos não assinavam os seus trabalhos e outros usavam pseudónimos. De qualquer forma, uma nota se deve pôr em relevo, salvo algumas transcrições ou respigos, toda a colaboração saiu das mãos dos trabalhadores da Empresa. / 120 /

Após o advento do novo sistema político resultante da «Revolução de 25 de Abril», e por força de uma reivindicação dos trabalhadores, foi deliberado em Plenário proceder-se à reestruturação de «O NOSSO BOLETIM», sendo, para o efeito, nomeada uma Comissão, de que faziam parte, entre outros, os responsáveis pela edição daquele órgão informativo.

Do trabalho dessa Comissão saíram várias, propostas tendentes a libertar o «O NOSSO BOLETIM» das obsoletas regras de 1959, dando-lhe outros objectivos e um mais vasto campo de acção, predominando nuns e noutro a informação, a formação e a defesa dos interesses dos trabalhadores como tais.

E para que se rompesse definitivamente com o passado, na sequência das novas ideias decorrentes do «25 de Abril», permitindo-se simultaneamente abrir caminho para a consecução dos objectivos propostos na reivindicação dos trabalhadores, foi deliberado, entre outras decisões, o seguinte:

– Que o órgão informativo passasse a denominar-se «O NOSSO JORNAL»;

– que a periodicidade mensal fosse respeitada;

– que fosse nomeada uma Comissão de Coordenação e um Coordenador-geral, sobre os quais recairia a responsabilidade editorial;

– que competiria à C. T. nomear, demitir ou substituir a Comissão de coordenação.

O primeiro número saiu em Dezembro de 1974, em formato de jornal, composto e impresso em tipografia, tendo-se verificado a partir daí uma escrupulosa regularidade na sua saída, tal como é imposto nas regras acima definidas.

Tirando alguns artigos de opinião e crítica, assuntos de natureza sindical e uma maior amplitude na recolha de temas sobre os mais variados quadrantes, tendo em vista a formação social e cívica dos trabalhadores, tudo o mais segue uma linha que em muitos pontos coincide com a orientação até então seguida pelos Boletins, salvaguardando-se sempre e prioritariamente a unidade dos trabalhadores na mais e3trita observância dos objectivos para que aponta a Constituição Portuguesa, no maior respeito pelo ideal do programa do M. F. A, tal como é definido no Estatuto Editorial ainda em vigor.

Finalmente há que referir a vitalidade de «O NOSSO JORNAL», manifestada na colaboração de muitos trabalhadores e da Comissão de Coordenação, uns e outros apostados em tornar cada vez mais agradável a leitura do mensário dos trabalhadores do Centro-Cacia. / 121 /

No âmbito da informação e divulgação tecnológica – um pouco fora do objectivo deste nosso trabalho –, é justo realçar uma iniciativa do Sr. Dr. J. M. Canavarro, ao tempo Chefe de Serviços Administrativos (1956), em que propôs à Administração da C. P. C. a edição de uma «publicação privativa», de quatro páginas, no formato 33 x 45 cm, com a designação «Celulose».

Gorada a iniciativa por razões que desconhecemos, veio esta ideia a frutificar uns anos mais tarde, em 1963, ano em que, sob a direcção do mesmo Sr. Dr. Canavarro, então Chefe de Serviços da Fábrica de Embalagens, se publicaram cinco números.

A «Nota de Abertura» inserta no primeiro número, que a seguir transcrevemos, é elucidativa quanto aos objectivos deste boletim:

«Pretende-se, por meio deste boletim periódico – que não é mais, nem pode ser, do que uma compilação criteriosa de artigos, estudos e notícias publicados em revistas e livros da especialidade – estender os conhecimentos da tecnologia e comércio de embalagens a todo o pessoal desta Fábrica que não possua o domínio das línguas estrangeiras em que, normalmente, os mesmos são dados à letra de forma».

Ainda dentro do campo da divulgação tecnológica haveria que referir as muitas «instruções» distribuídas ao pessoal encarregado da condução de máquinas. Tal objectivo, porém, está totalmente fora dos propósitos deste trabalho.

Julho/1978

B. C.

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* Director de «O NOSSO JORNAL», empregado de escritório do Centro – CACIA

 

 

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