NOTICIÁRIO
TÉCNICA DE LEVANTAMENTO DE
AZULEJOS
Correspondendo a solicitação do Vereador da Cultura da
Câmara Municipal, deslocou-se a Aveiro D. Deolinda Rodrigues,
funcionário técnica do Museu Nacional do Azulejo, para observar diversas
situações respeitantes a conjuntos azulejares, acerca dos quais o
Município pedira um parecer técnico. Nesse trabalho, foi localmente
acompanhada pelo Dr. Emanuel Cunha, dos Serviços de Cultura da Câmara
Municipal de Aveiro, com quem teve oportunidade de trocar impressões
sobre os diversos problemas de conservação e restauro que se levantam
pontualmente.
Aquela técnica, em relatório enviado à Câmara Municipal
de Aveiro, apresentou informações respeitantes a cada um dos três
principais casos observados: levantamento de azulejos de suporte
arquitectónico; preparação e acondicionamento de azulejos depositados
num armazém camarário; recuperação de painéis danificados por recozedura.
Na introdução ao referido relatório, começa a autora por
salientar que «o presente texto destina-se a servir de apoio à execução
de levantamento e recolha de azulejos aplicados em suporte
arquitectónico, para posterior integração em espólio museológico»,
acrescentando que, portanto, pretende delinear um método de trabalho que
conduza à realização dos objectivos pré-estabelecidos: a preservação do
conjunto de azulejos, tanto na sua integridade física, como nos diversos
elementos que constituem a sua história. E prossegue: «É, contudo,
previsível que, no decorrer dos trabalhos, surjam contratempos e
dificuldades imprevistas (...). Para os ultrapassar, deve contar-se com
a sensibilidade das pessoas envolvidas no trabalho e que, depois de uma
observação atenta, decidirão entre uma solução segura e adequada ou o
recurso a técnicos especializados, caso a solução se afigure difícil ou
duvidosa no que respeite à segurança das peças a preservar».
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66 / Seguidamente, a mencionada técnica do Museu Nacional do
Azulejo refere a metodologia que deverá seguir-se nos casos em questão e
que, em síntese, tem a ver com:
I – DOCUMENTAÇÃO:
registo fotográfico dos diversos factores intervenientes, relacionados,
nomeadamente, com a localização e identificação dos elementos
constituintes do conjunto azulejar, assim como de pormenores (eflorescências
salinas, fracturas, lacunas, fissuração, destacamento de vidrados e
argamassas, manchas de infiltrações, etc.) e das várias operações no
decorrer dos trabalhos; registo escrito e gráfico de todos os elementos
que completem e sirvam de legenda à informação fotográfica (data e
assinatura de fabrico, marcações para levantamento, pormenores de
execução do trabalho, produtos utilizados, etc.).
II – PREPARAÇÃO PARA LEVANTAMENTO,
que tem a ver com a limpeza, consolidação e fixação de vidrados, e
marcação.
III – LEVANTAMENTO DOS AZULEJOS,
que se relaciona com numerosos aspectos técnicos, nomeadamente os
relacionados com protecção, abertura de roços, levantamento de azulejos
e acondicionamento.
D. Deolinda Rodrigues apresenta, seguidamente, uma lista
de produtos e materiais que aconselha como consolidante, faceamento e
cola reversível.
Depois, salienta a importância da preparação e
acondicionamento de azulejos em reserva, mencionando os aspectos:
limpeza, colagem, marcação, acondicionamento e armazenagem dos azulejos.
A terminar, a técnica do Museu Nacional do Azulejo, que
se deslocou no exercício da sua delicada profissão à Cidade de Aveiro,
refere, no seu relatório, a propósito de um caso específico de tentativa
de recuperação de azulejos:
«As variações de temperatura (positivas ou negativas)
provocam rupturas internas nos azulejos, que podem ir das microfissuras
às fracturas mais evidentes.
Além disso, as temperaturas elevadas provocam alterações
na estrutura e composições originais da cerâmica, que impedirão o seu
posterior estudo e análise.»
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