Acesso à hierarquia superior.

Boletim n.º 13-14 - Ano VII - 1989


NOTICIÁRIO

 

TÉCNICA DE LEVANTAMENTO DE AZULEJOS

Correspondendo a solicitação do Vereador da Cultura da Câmara Municipal, deslocou-se a Aveiro D. Deolinda Rodrigues, funcionário técnica do Museu Nacional do Azulejo, para observar diversas situações respeitantes a conjuntos azulejares, acerca dos quais o Município pedira um parecer técnico. Nesse trabalho, foi localmente acompanhada pelo Dr. Emanuel Cunha, dos Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Aveiro, com quem teve oportunidade de trocar impressões sobre os diversos problemas de conservação e restauro que se levantam pontualmente.

Aquela técnica, em relatório enviado à Câmara Municipal de Aveiro, apresentou informações respeitantes a cada um dos três principais casos observados: levantamento de azulejos de suporte arquitectónico; preparação e acondicionamento de azulejos depositados num armazém camarário; recuperação de painéis danificados por recozedura.

Na introdução ao referido relatório, começa a autora por salientar que «o presente texto destina-se a servir de apoio à execução de levantamento e recolha de azulejos aplicados em suporte arquitectónico, para posterior integração em espólio museológico», acrescentando que, portanto, pretende delinear um método de trabalho que conduza à realização dos objectivos pré-estabelecidos: a preservação do conjunto de azulejos, tanto na sua integridade física, como nos diversos elementos que constituem a sua história. E prossegue: «É, contudo, previsível que, no decorrer dos trabalhos, surjam contratempos e dificuldades imprevistas (...). Para os ultrapassar, deve contar-se com a sensibilidade das pessoas envolvidas no trabalho e que, depois de uma observação atenta, decidirão entre uma solução segura e adequada ou o recurso a técnicos especializados, caso a solução se afigure difícil ou duvidosa no que respeite à segurança das peças a preservar».

 / 66 /  Seguidamente, a mencionada técnica do Museu Nacional do Azulejo refere a metodologia que deverá seguir-se nos casos em questão e que, em síntese, tem a ver com:

I – DOCUMENTAÇÃO: registo fotográfico dos diversos factores intervenientes, relacionados, nomeadamente, com a localização e identificação dos elementos constituintes do conjunto azulejar, assim como de pormenores (eflorescências salinas, fracturas, lacunas, fissuração, destacamento de vidrados e argamassas, manchas de infiltrações, etc.) e das várias operações no decorrer dos trabalhos; registo escrito e gráfico de todos os elementos que completem e sirvam de legenda à informação fotográfica (data e assinatura de fabrico, marcações para levantamento, pormenores de execução do trabalho, produtos utilizados, etc.).

II – PREPARAÇÃO PARA LEVANTAMENTO, que tem a ver com a limpeza, consolidação e fixação de vidrados, e marcação.

III – LEVANTAMENTO DOS AZULEJOS, que se relaciona com numerosos aspectos técnicos, nomeadamente os relacionados com protecção, abertura de roços, levantamento de azulejos e acondicionamento.

D. Deolinda Rodrigues apresenta, seguidamente, uma lista de produtos e materiais que aconselha como consolidante, faceamento e cola reversível.

Depois, salienta a importância da preparação e acondicionamento de azulejos em reserva, mencionando os aspectos: limpeza, colagem, marcação, acondicionamento e armazenagem dos azulejos.

A terminar, a técnica do Museu Nacional do Azulejo, que se deslocou no exercício da sua delicada profissão à Cidade de Aveiro, refere, no seu relatório, a propósito de um caso específico de tentativa de recuperação de azulejos:

«As variações de temperatura (positivas ou negativas) provocam rupturas internas nos azulejos, que podem ir das microfissuras às fracturas mais evidentes.

Além disso, as temperaturas elevadas provocam alterações na estrutura e composições originais da cerâmica, que impedirão o seu posterior estudo e análise.»

 

 

Página anterior

Índice Geral

Página seguinte

pp. 65-66