Noticiário
"ORIGENS DA RIA DE AVEIRO"
Editado pela
Câmara Municipal de Aveiro, apareceu nas montras das livrarias o livro
Origens da Ria de Aveiro, de que é autor o Dr. Orlando de Oliveira e
cuja capa foi desenhada por Jeremias Bandarra e Bartolomeu Conde.
Este trabalho
reproduz substancialmente a conferência que o autor proferiu na
Portucel, em Cacia, no dia 12 de Maio de 1987; publicando-o, a Edilidade
prestou bom serviço em ordem ao conhecimento da nossa Ria e da sua
evolução.
Transcrevemos
aqui as palavras iniciais de explicação:
No dia 21 de Março do ano corrente (1987) reuniu-se por iniciativa da
AVECELCA (Associação de Veteranos da Celulose de Cacia), no pitoresco
lugar do Fontão (Albergaria-a-Velha), entre belíssimos xistos
agnotozóicos, um grupo de amigos para o qual me deram o honroso prazer
de me convidar.
O dia estava
ameno, o ambiente era alegre e amistoso, provocando boa disposição em
todos os circunstantes.
O dono da casa,
Bartolomeu Conde, com manifesto desejo de absorver cultura e saber, teve
esta tirada ouvida e aplaudida por todos:
–
«Eu, com a minha idade e meio pescador nas horas vagas, ainda conheço
alguma coisa da nossa Ria. Mas os mais novos que eu sabem muito pouco e
penso que seria oportuno o Senhor (eu) dizer-nos algumas coisas sobre as
origens da Ria de Aveiro.»
Como passei a minha vida de professor a ensinar biologia e geologia,
senti-me apanhado por estas palavras a anuí prontamente à sugestão.
Assim surgiu a
ideia e a necessidade de elaborar o trabalho no dia 12 de Maio,
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numa sala da Casa do Pessoal da Portucel, em Cacia, sob o título AS
ORIGENS DA RIA DA AVEIRO.
Nós sabíamos que
o muito querido e muito saudoso Dr. Alberto Souto, a quem me ligaram
profundos laços de amizade, nos tinha deixado, entre a sua enorme
produção literária, um livro chamado precisamente assim ORIGENS DA RIA
DE AVEIRO.
Pensei no assunto
e pareceu-me azado o momento para, com a repetição do título, homenagear
o aveirismo de tão grande aveirense. Repete-se conscientemente. Não é um
plágio. É uma manifestação de apreço por quem tanto e tão dignamente nos
ensinou e deixou em herança de intelectualidade e de profundeza de
estudos diversos sobre inúmeros aspectos de Aveiro.
Não só de Origens
da Ria de Aveiro , mas ainda de outras obras do mesmo Autor, muito se
bebeu e muito se extravasou para esta palestra.
Alberto Souto e
Silvério da Rocha e Cunha foram alguns dos Autores a que mais me
arrimei. Aliás, quando me foi feito o convite, eu desde logo informei
que, pela minha parte, nada de novo havia a dizer sobre a formosa e
valiosa Ria, porque aqueles dois Mestres de Aveiro e outros, como
Eduardo Cerqueira e Inácio Gaspar Ferreira, tinham visto e previsto os
problemas correspondentes.
A concluir, deixamos as palavras finais que podemos ler nas últimas
páginas:
Alonguei-me de mais. O tema é aliciante e praticamente inesgotável, mas
vou terminar.
Desde há anos que tenho escrito na Imprensa local e em jornais de Lisboa
artigos variados a propor a criação daquilo que resolvi chamar o
INSTITUTO DA RIA.
Relatei-vos
várias tentativas de estudo dos fenómenos lagunares que não tiveram
continuidade. São trabalhos morosos, delicados, para os quais se exige
apetrechamento laboratorial, barcos para navegar na Ria e aparelhagem de
colheitas.
Tudo muito caro,
e ainda mais se contarmos as instalações próprias, mesmo simples como
aquelas que nos propõe o Eng.º Mello de Mattos.
Uma iniciativa
desta natureza só pode triunfar se for formada por uma Entidade estável,
com capacidade científica e possibilidades materiais e financeiras.
Temos uma
Universidade e supomos que esta, em colaboração sintonizada com a Junta
Autónoma do Porto de Aveiro, com o Centro de Investigação Pesqueira de
Aveiro, com o Centro de Estudos do Ambiente e de outras entidades
eventualmente interessadas, poderia encarar seriamente a criação do
INSTITUTO DA RIA DE AVEIRO.
É este o meu
voto, a bem da Ria e de Aveiro.
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