Acesso à hierarquia superior.

Boletim n.º 11 - Ano VI - 1988

Noticiário

 

"ORIGENS DA RIA DE AVEIRO"

Editado pela Câmara Municipal de Aveiro, apareceu nas montras das livrarias o livro Origens da Ria de Aveiro, de que é autor o Dr. Orlando de Oliveira e cuja capa foi desenhada por Jeremias Bandarra e Bartolomeu Conde.

Este trabalho reproduz substancialmente a conferência que o autor proferiu na Portucel, em Cacia, no dia 12 de Maio de 1987; publicando-o, a Edilidade prestou bom serviço em ordem ao conhecimento da nossa Ria e da sua evolução.

Transcrevemos aqui as palavras iniciais de explicação:

No dia 21 de Março do ano corrente (1987) reuniu-se por iniciativa da AVECELCA (Associação de Veteranos da Celulose de Cacia), no pitoresco lugar do Fontão (Albergaria-a-Velha), entre belíssimos xistos agnotozóicos, um grupo de amigos para o qual me deram o honroso prazer de me convidar.

O dia estava ameno, o ambiente era alegre e amistoso, provocando boa disposição em todos os circunstantes.

O dono da casa, Bartolomeu Conde, com manifesto desejo de absorver cultura e saber, teve esta tirada ouvida e aplaudida por todos:

«Eu, com a minha idade e meio pescador nas horas vagas, ainda conheço alguma coisa da nossa Ria. Mas os mais novos que eu sabem muito pouco e penso que seria oportuno o Senhor (eu) dizer-nos algumas coisas sobre as origens da Ria de Aveiro.»

Como passei a minha vida de professor a ensinar biologia e geologia, senti-me apanhado por estas palavras a anuí prontamente à sugestão.

Assim surgiu a ideia e a necessidade de elaborar o trabalho no dia 12 de Maio, / 56 / numa sala da Casa do Pessoal da Portucel, em Cacia, sob o título AS ORIGENS DA RIA DA AVEIRO.

Nós sabíamos que o muito querido e muito saudoso Dr. Alberto Souto, a quem me ligaram profundos laços de amizade, nos tinha deixado, entre a sua enorme produção literária, um livro chamado precisamente assim ORIGENS DA RIA DE AVEIRO.

Pensei no assunto e pareceu-me azado o momento para, com a repetição do título, homenagear o aveirismo de tão grande aveirense. Repete-se conscientemente. Não é um plágio. É uma manifestação de apreço por quem tanto e tão dignamente nos ensinou e deixou em herança de intelectualidade e de profundeza de estudos diversos sobre inúmeros aspectos de Aveiro.

Não só de Origens da Ria de Aveiro , mas ainda de outras obras do mesmo Autor, muito se bebeu e muito se extravasou para esta palestra.

Alberto Souto e Silvério da Rocha e Cunha foram alguns dos Autores a que mais me arrimei. Aliás, quando me foi feito o convite, eu desde logo informei que, pela minha parte, nada de novo havia a dizer sobre a formosa e valiosa Ria, porque aqueles dois Mestres de Aveiro e outros, como Eduardo Cerqueira e Inácio Gaspar Ferreira, tinham visto e previsto os problemas correspondentes.

A concluir, deixamos as palavras finais que podemos ler nas últimas páginas:

Alonguei-me de mais. O tema é aliciante e praticamente inesgotável, mas vou terminar.
Desde há anos que tenho escrito na Imprensa local e em jornais de Lisboa artigos variados a propor a criação daquilo que resolvi chamar o INSTITUTO DA RIA.

Relatei-vos várias tentativas de estudo dos fenómenos lagunares que não tiveram continuidade. São trabalhos morosos, delicados, para os quais se exige apetrechamento laboratorial, barcos para navegar na Ria e aparelhagem de colheitas.

Tudo muito caro, e ainda mais se contarmos as instalações próprias, mesmo simples como aquelas que nos propõe o Eng.º Mello de Mattos.

Uma iniciativa desta natureza só pode triunfar se for formada por uma Entidade estável, com capacidade científica e possibilidades materiais e financeiras.

Temos uma Universidade e supomos que esta, em colaboração sintonizada com a Junta Autónoma do Porto de Aveiro, com o Centro de Investigação Pesqueira de Aveiro, com o Centro de Estudos do Ambiente e de outras entidades eventualmente interessadas, poderia encarar seriamente a criação do INSTITUTO DA RIA DE AVEIRO.

É este o meu voto, a bem da Ria e de Aveiro.

 

 

Página anterior

Índice Geral

Página seguinte

Págs. 55-56