Vista Alegre
Não cabe no espaço deste "catálogo" a história da Vista
Alegre. Esta, de tão vasta e rica, anda escrita em vários livros da
especialidade, alguns dos quais constituem obras raras na Arte
Portuguesa, nomeadamente os que foram consagrados ao seu centésimo
aniversário, esperando-se, para breve, mais um valioso trabalho do
director do seu museu histórico.
Os produtos "Vista Alegre", fabricados durante mais de
século e meio de laboração, são apreciados, internacionalmente, não
havendo a bem dizer quaisquer fronteiras que a "VA" não tenha
ultrapassado.
Os seus pintores e escultores, muitos deles anonimamente,
têm-lhe dado o talento criativo que a torna não repetitiva, sempre
actual e sempre cobiçada nos mercados internos e externos. Há porém
alguns desses nomes que mereciam ser individualizados. Só que, pelo
facto de tão longo período de labor (caso raríssimo na indústria
portuguesa) e pela excelente qualidade artística sempre demonstrada, a
lista desses nomes seria necessariamente extensa, ficando-nos, mesmo
assim, a responsabilidade de cometer omissões injustas. A eles, para o
reconhecimento público, basta referirem-se como "artista" da Vista
Alegre.
De resto, no conjunto industrial, assume particular
relevo a famosa secção de pintura, onde, no momento presente, trabalham
mais de meia centena de artistas, para além da "escola de pintura",
autêntico alfobre para a manutenção da prestigiada qualidade que sempre
caracterizou a porcelana "VA".
Quanto à história da fábrica, por absoluta exigência do
presente trabalho, aqui fica um bosquejo muito sintético, que em nada se
aproxima do labor, quantitativo e qualitativo, de tão nobre empresa.
Nasceu por alvará régio de 1 de Julho de 1824, devido às
raras qualidades do seu fundador, José Ferreira Pinto Basto, com o
objectivo de produzir "louça, porcelana, vidraria e processos químicos".
Quatro anos de trabalho mereceram-lhe, por parte do rei D. Miguel, o
título de "Real".
Porém, quanto à porcelana, embora já fabricada em 1832,
só gradualmente passou a constituir o grosso da produção, após a grande
descoberta do primeiro jazigo português de caulino, em Vale Rico,
concelho da Vila da Feira, talvez nesse mesmo ano, por Luís Pereira
Capote.
Em 1850, iniciou-se a produção de biscuit.
Em 1861, rejuvenescendo a então já prestigiada marca,
introduz-se uma máquina a vapor, o que lhe vai permitir acompanhar, na
vanguarda, o surto de desenvolvimento que o país atravessou,
aproximando-a das mais firmes concorrentes internacionais. De resto,
governantes desse tempo (podemos dizer de todos os tempos!)
prestaram-lhe homenagens com visitas regulares, sobretudo os mais
identificados com o espírito liberal que o seu fundador e descendentes
de fenderam.
Tendo sofrido com os graves conflitos mundiais da 1.ª
metade do século XX, nem por isso deixou de progredir. Associando-se à
sua concorrente "Empresa-Electro Cerâmica", viriam estas duas grandes
unidades fabris, a adquirir, em 1935, a "Sociedade de Porcelanas".
Posteriormente, em 1945, a Vista Alegre conseguiu, quase
na totalidade, as acções da "Empresa-Electro Cerâmica", o que,
consequentemente, lhe deu o controlo sobre a "Sociedade de Porcelanas",
resultando destes factos um vasto campo de expansão nos mercados
internacionais, sem qualquer concorrência interna.
Tecnicamente sempre actualizada, o seu fabrico é
actualmente do mais avançado que o mundo industrializado conhece.
De cerca de uma centena de operários em meados do século
XIX, era de 224 em 1890, rondando os 600 ao festejar o centésimo
aniversário. E, apesar de permanentemente preocupada com a mais moderna
tecnologia, o número de trabalhadores não pára de crescer.
Relevância ainda para as diversas actividades culturais
(teatro, filarmónica, escolas gratuitas...), das quais sobressai, com
cuidado especial por parte da Administração, o "Museu Histórico".
De resto, para além das datas, dos acontecimentos, dos
eventuais sobressaltos políticos e económicos, das grandes
transformações laborais de tão prestigiada empresa, a história da "VA”
ultrapassa também pelas sucessivas variações com que as peças costumam
ser sigladas, bem conhecidas pelos mais requintados coleccionadores.
E, é justo lembrá-lo, a Vista Alegre foi uma das poucas
empresas que, em 1882, participou da "Exposição Districtal de Aveiro",
em que, aliás, e de acordo com o Catálogo então elaborado, teve
representação ao nível do prestígio que desde sempre se lhe reconhece!
A.
N.
1 Busto de Luís Pereira Capote - Ass. A. Ferreira – C
9x9 – 1924 (?)
2 Busto do Arrais Gabriel Ançã - Ass. J. Andrade – C
22x13 – 1926
3 Medalha Comemorativa dos 150 Anos da V. A. com a efígie
de J. F. Pinto Basto - Ass. Leonel C. Calisto – C 9x6 – 1974
4 Pescador da Ria - Ass. A. Andrade – C 23x22 –
1949
5 Peixeira - Ass. A. Gomes e A. Pimentel – C 42x20
– 1931
6 Prato com retrato de Ângelo Chuva - Ass. P. Peixe –
C 35x35 – 1958
7 Nossa Senhora Rocamador - Cópia de imagem da igreja de
Sôsa - Ass. M. Fradinho – C 30x10 – 1974
8 Nossa Senhora da Penha de França - Restaurada por J.
Andrade em 1963 – C 36x15 – s/ data
9 Sé de Aveiro e Cruzeiro de S. Domingos – C 27x27 – 1973
10 Prato com motivos de Ílhavo – Ass. P. Peixe – C 25x25
– s/ data
11 Prato com motivos de caça - Adapt. P. Peixe – C 25x25
– s/ data
12 Prato com motivos da V. Alegre - Ass. P. Peixe – C
23x23 – 1962
13 Baixo relevo com retrato de J.T. Pinto Basto – Ass. J.
Andrade – C 40x40 – 1956
14 Jarro e Bacia com motivos da Vista Alegre – Ass. P.
Peixe – C 45x27 – 1967
15 Talha Malásia com motivos da Vista Alegre - Ass. P.
Peixe – C 24x18 – 1965
16 Pote com motivo marítimo - Asso P. Peixe – C 30x19 –
1965
17 Talha Serra com motivos da V. Alegre - Ass. P. Peixe –
C 46x17 – 1946
18 Terrina Luís XV e prato, com motivos da V. Alegre -
Ass. P. Peixe – C 43x28 – 1972
19 Talha 125 com motivos da Ria – Criação de P. Peixe – C
35x18 – s/data
20 Talha 125 com motivos da V. Alegre – Criação de P.
Peixe – C 35x18 – s/data
21 Prato com Pescadores da Ria - Ass. C. Teles – C
27x27 – 1979
22 Pescador do Bacalhau - Ass. A. Andrade – C 28x11 –
1949
23 Santa Joana - Ass. Jorge Figueiredo – C 27x7 – 1982
24 Prato com motivos marítimos – Ass. P. Peixe – C 35x35
– 1972 – Col. Eng.º F. Frasco
25 Talha Chinesa n.º 2 com motivos da Ria - Ass. A.
Pimentel – C 38x23 – 1978 – Cal. Eng.º C. Amaral
26 Talha Cochinchina com motivos da Ria - Ass. A.
Pimentel – C 36x20 – 1979 – Col. Comdt. F. Santos
27 Colecção de 6 pares de chávenas comemorativas dos 150
Anos da V. Alegre - Ass. A. Pimentel – C 13x17 – 1974
28 Talha Serra homenagem a P. Peixe - Ass. A. Pimentel –
C 46x17 – 1975 – Col. P. Peixe
29 Talha Serra com motivos das salinas – Ass. A. Pimentel
– C 46x17 – 1979 – Col. B. Cunha
|