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Boletim n.º 1 - Ano I - 1983

Vista Alegre

Não cabe no espaço deste "catálogo" a história da Vista Alegre. Esta, de tão vasta e rica, anda escrita em vários livros da especialidade, alguns dos quais constituem obras raras na Arte Portuguesa, nomeadamente os que foram consagrados ao seu centésimo aniversário, esperando-se, para breve, mais um valioso trabalho do director do seu museu histórico.

Os produtos "Vista Alegre", fabricados durante mais de século e meio de laboração, são apreciados, internacionalmente, não havendo a bem dizer quaisquer fronteiras que a "VA" não tenha ultrapassado.

Os seus pintores e escultores, muitos deles anonimamente, têm-lhe dado o talento criativo que a torna não repetitiva, sempre actual e sempre cobiçada nos mercados internos e externos. Há porém alguns desses nomes que mereciam ser individualizados. Só que, pelo facto de tão longo período de labor (caso raríssimo na indústria portuguesa) e pela excelente qualidade artística sempre demonstrada, a lista desses nomes seria necessariamente extensa, ficando-nos, mesmo assim, a responsabilidade de cometer omissões injustas. A eles, para o reconhecimento público, basta referirem-se como "artista" da Vista Alegre.

De resto, no conjunto industrial, assume particular relevo a famosa secção de pintura, onde, no momento presente, trabalham mais de meia centena de artistas, para além da "escola de pintura", autêntico alfobre para a manutenção da prestigiada qualidade que sempre caracterizou a porcelana "VA".

Quanto à história da fábrica, por absoluta exigência do presente trabalho, aqui fica um bosquejo muito sintético, que em nada se aproxima do labor, quantitativo e qualitativo, de tão nobre empresa.

Nasceu por alvará régio de 1 de Julho de 1824, devido às raras qualidades do seu fundador, José Ferreira Pinto Basto, com o objectivo de produzir "louça, porcelana, vidraria e processos químicos". Quatro anos de trabalho mereceram-lhe, por parte do rei D. Miguel, o título de "Real".

Porém, quanto à porcelana, embora já fabricada em 1832, só gradualmente passou a constituir o grosso da produção, após a grande descoberta do primeiro jazigo português de caulino, em Vale Rico, concelho da Vila da Feira, talvez nesse mesmo ano, por Luís Pereira Capote.

Em 1850, iniciou-se a produção de biscuit.

Em 1861, rejuvenescendo a então já prestigiada marca, introduz-se uma máquina a vapor, o que lhe vai permitir acompanhar, na vanguarda, o surto de desenvolvimento que o país atravessou, aproximando-a das mais firmes concorrentes internacionais. De resto, governantes desse tempo (podemos dizer de todos os tempos!) prestaram-lhe homenagens com visitas regulares, sobretudo os mais identificados com o espírito liberal que o seu fundador e descendentes de fenderam.

Tendo sofrido com os graves conflitos mundiais da 1.ª metade do século XX, nem por isso deixou de progredir. Associando-se à sua concorrente "Empresa-Electro Cerâmica", viriam estas duas grandes unidades fabris, a adquirir, em 1935, a "Sociedade de Porcelanas".

Posteriormente, em 1945, a Vista Alegre conseguiu, quase na totalidade, as acções da "Empresa-Electro Cerâmica", o que, consequentemente, lhe deu o controlo sobre a "Sociedade de Porcelanas", resultando destes factos um vasto campo de expansão nos mercados internacionais, sem qualquer concorrência interna.

Tecnicamente sempre actualizada, o seu fabrico é actualmente do mais avançado que o mundo industrializado conhece.

De cerca de uma centena de operários em meados do século XIX, era de 224 em 1890, rondando os 600 ao festejar o centésimo aniversário. E, apesar de permanentemente preocupada com a mais moderna tecnologia, o número de trabalhadores não pára de crescer.

Relevância ainda para as diversas actividades culturais (teatro, filarmónica, escolas gratuitas...), das quais sobressai, com cuidado especial por parte da Administração, o "Museu Histórico".

De resto, para além das datas, dos acontecimentos, dos eventuais sobressaltos políticos e económicos, das grandes transformações laborais de tão prestigiada empresa, a história da "VA” ultrapassa também pelas sucessivas variações com que as peças costumam ser sigladas, bem conhecidas pelos mais requintados coleccionadores.

E, é justo lembrá-lo, a Vista Alegre foi uma das poucas empresas que, em 1882, participou da "Exposição Districtal de Aveiro", em que, aliás, e de acordo com o Catálogo então elaborado, teve representação ao nível do prestígio que desde sempre se lhe reconhece!

A.  N.

1 Busto de Luís Pereira Capote - Ass. A. Ferreira – C  9x9 – 1924 (?)

2 Busto do Arrais Gabriel Ançã - Ass. J. Andrade – C  22x13 – 1926

3 Medalha Comemorativa dos 150 Anos da V. A. com a efígie de J. F. Pinto Basto - Ass. Leonel C. Calisto – C 9x6 – 1974

4 Pescador da Ria - Ass. A. Andrade – C  23x22 – 1949

5 Peixeira - Ass. A. Gomes e A. Pimentel – C  42x20 – 1931

6 Prato com retrato de Ângelo Chuva - Ass. P. Peixe – C      35x35 – 1958

7 Nossa Senhora Rocamador - Cópia de imagem da igreja de Sôsa - Ass. M. Fradinho – C   30x10 – 1974

8 Nossa Senhora da Penha de França - Restaurada por J. Andrade em 1963 – C 36x15 – s/ data

9 Sé de Aveiro e Cruzeiro de S. Domingos – C 27x27 – 1973

10 Prato com motivos de Ílhavo – Ass. P. Peixe – C 25x25 – s/ data

11 Prato com motivos de caça - Adapt. P. Peixe – C 25x25 – s/ data

12 Prato com motivos da V. Alegre - Ass. P. Peixe – C 23x23 – 1962

13 Baixo relevo com retrato de J.T. Pinto Basto – Ass. J. Andrade – C  40x40 – 1956

14 Jarro e Bacia com motivos da Vista Alegre – Ass. P. Peixe – C 45x27 – 1967

15 Talha Malásia com motivos da Vista Alegre - Ass. P. Peixe – C 24x18 – 1965

16 Pote com motivo marítimo - Asso P. Peixe – C  30x19 – 1965

17 Talha Serra com motivos da V. Alegre - Ass. P. Peixe – C   46x17 – 1946

18 Terrina Luís XV e prato, com motivos da V. Alegre - Ass. P. Peixe – C  43x28 – 1972

19 Talha 125 com motivos da Ria – Criação de P. Peixe – C  35x18 – s/data

20 Talha 125 com motivos da V. Alegre – Criação de P. Peixe – C  35x18 – s/data

21 Prato com Pescadores da Ria - Ass. C. Teles – C    27x27 – 1979

22 Pescador do Bacalhau - Ass. A. Andrade – C  28x11 – 1949

23 Santa Joana - Ass. Jorge Figueiredo – C  27x7 – 1982

24 Prato com motivos marítimos – Ass. P. Peixe – C 35x35 – 1972 – Col. Eng.º F. Frasco

25 Talha Chinesa n.º 2 com  motivos da Ria - Ass. A. Pimentel – C  38x23 – 1978 – Cal. Eng.º C. Amaral

26 Talha Cochinchina com motivos da Ria - Ass. A. Pimentel – C 36x20 – 1979 – Col. Comdt. F. Santos

27 Colecção de 6 pares de chávenas comemorativas dos 150 Anos da V. Alegre - Ass. A. Pimentel – C 13x17 – 1974

28 Talha Serra homenagem a P. Peixe - Ass. A. Pimentel – C 46x17 – 1975 – Col. P. Peixe

29 Talha Serra com motivos das salinas – Ass. A. Pimentel – C 46x17 – 1979 – Col. B. Cunha

 

 

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