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N.º 7

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Junho de 1969 

Espinho

Por Álvaro Pereira

 

Terra amiga que nasceu nas areias do Mar e que nelas se criou e cresceu, no marulhar suave das ondas mansas e no fragor das procelas, aprendendo a lutar e perdoar, mesmo quando sangrou perante a incompreensão do mundo que a rodeava, numa negativa feroz e sistemática ao seu legítimo direito de viver.

Lutou contra o Mar, quando buscava, nas suas águas, o sustento das suas gentes e procurava criar uma vida honesta e de trabalho aos que viessem.

Lutou contra o Mar, quando as suas casinhas, uma a uma, ruíam perante o ímpeto das águas ou com a falta de base nas areias que as sustentavam.

Viu cair a sua velha Igreja, feita com o amor e o suor dos seus habitantes, que mais choraram a casa que era de todos, que as próprias que lhes serviram de lar.

Lutou quando lhe pretenderam negar o direito de independência, mesmo quando os seus habitantes procuravam, para si e para os seus, a justiça de se considerarem iguais perante os bens do espírito, instituídos, em nome do Senhor, pela Santa Igreja.

Lutou, quando pretendendo o seu governo próprio, as portas se lhe fechavam, já à vista da carta de alforria que estava tão próxima, pois assim o ordenava o direito natural das gentes e assim o queriam alguns Amigos, bons e valiosos, que enfrentando vinganças e inimizades, fizeram vencer e proclamar o incontestável direito de viver e progredir.

Continuou a lutar e nem sempre tem vencido, que o não consente o andar das coisas deste Mundo, mas não desanima, antes cobra forças dos seus próprios desaires para se lançar na luta e vencer sem ódio, pedir sem mendigar, no orgulho próprio da raça vareira que a criou.

Muito há que lutar ainda, mas Espinho pode proclamar a sua actual grandeza como excepcional vitória, legando, aos que vierem, o seu próprio passado, na certeza de que eles hão-de trabalhar, mais e mais, na ânsia, sempre insatisfeita, de dignificar Espinho, a terra que tão poucos fizeram e que hoje é de tantos.

*

*  *

Em recuados tempos, um naufrágio deixou, sobre as águas do nosso mar, dois espanhóis, naturais da Galiza, que baldadamente procuravam alcançar o areal, recobrando forças num voto feito a Nossa Senhora, de construir uma capelinha em sua honra, se Ela os ajudasse a vencer as águas, o que tiveram por milagre quando sentiram chão firme debaixo dos pés.

Assim passou a lenda, através de gerações, mas a dar-lhe foros de verdade, tivemos a primeira capela e, nas descendências dos espanhóis que, de seus nomes, dizia-se chamarem-se Eugénio e Márcio Esteves, os apelidos, muito vulgares, de Esteves Galego.

Ainda há muitas famílias de vareiros que o usam, o que parece confirmar a lenda.

Já, a esse tempo, o nosso areal devia ser povoado de pequenos palheiros, embora com reduzida população, pois a Capela, a despeito das suas pequenas proporções, já devia ser destinada a um razoável número de habitantes.

Diz-se que os dois galegos, uma vez alcançada a praia, agarrados a uma prancha auxiliadora, se deram ao cuidado de ver de que madeira ela era feita e, enquanto que um dizia ser de castanho, o outro afirmava, peremptoriamente ser de pinho, e assim, no seu falar galego exclamava: «No! És piño!», e que, desta discussão, nasceu o nome de Espinho.

Nas «Memórias sobre os Forais das Terras Portuguesas», pode ler-se:

«Creio que Espinho deve o seu nome à penedia espiniforme, a qualquer espinhaço de praia: há ali um lugar chamado Espinho da Terra, indicando um Espinho do Mar». / 6 /

Esta afirmação pode ser feita por comparação com a praia da Aguda, nome que os pescadores de Angeiras davam a uma pedra, pela qual se guiavam, quando vinham nas suas bateiras descarregar o caranguejo que vendiam aos lavradores de Arcozelo, para adubação das suas terras. Chavamam-lhe, então, a praia de Pedra Aguda.

No entanto, tudo parece, quanto à questão do nome de Espinho, tratar-se de lenda ou mera suposição, pois Espinho deve ter tido a sua origem no lugar de Espinho, hoje integrado na freguesia de S. Félix da Marinha e que pertenceu, já, à freguesia de Anta.

Segundo investigações e em documentos dos anos de 1055 e 1058, respeitantes a vendas de propriedades, falava-se na «villa Spino», que confrontava, a norte, com Brito e do sul com Anta.


Capela dos Galegos

Eram abundantes, no seu areal, pequeninos arbustos de folha acinzentada e eriçados de espinhos, bem como os espinhosos cardos que ali chamavam abundância de pintassilgos, que neles matavam a fome e servia de seu sustento predilecto.

Os vareiros, que do sul vieram e aqui se instalaram, fizeram a sua praia de pesca no ponto onde é hoje a praia de banhos, construindo os seus barracos no local hoje conhecido pelo Rio largo, ao norte de Espinho actual e fronteiro ao lugar que lhe deu o nome, tendo assim nascido a classificação de Espinho Mar e Espinho Terra.

Estavam perto do mar e ao mesmo tempo dos pinhais de S. Félix da Marinha, onde iam aos tocos (raízes de pinheiros), quando o mar não permitia a pesca. Com eles se aqueciam pelo Inverno fora e se forneciam para a lareira. Desde sempre os vareiros tiveram por hábito tirar tocos, pois que, em suas consciências, isso não era pecado nem roubo.

Existe uma certa diferença entre os vareiros de Espinho e os de outras praias a sul (Furadouro e Torreira), e admite-se que tenha concorrido, para tal, a afluência de trabalhadores que tinham ido para o Douro e que dali vieram por motivo da crise originada pela filoxera nas vinhas.

Segundo parece, já por volta do ano de 1800, existia a Capela, sendo a população do lugar, cerca de 1807, constituída por cento e vinte casais de pescadores.

Durante muitos anos, conforme consta dos assentos da Paróquia de Anta, o aglomerado de Espinho que nascia, era conhecido por lugar da Praia, nos baptismos de 1843 e ainda além de 1854.

O lugar de Espinho aparece num óbito de 1857, mas tudo leva a crer que ainda se tratasse do pertencente, hoje, à freguesia de S. Félix da Marinha e, àquele tempo, da Paróquia de Anta.

Assim viveram os pescadores, durante muitos anos, até que, com a vinda de famílias da Vila da Feira, Paços de Brandão, Oleiros, Rio Maior e outras localidades, se criou uma pequena praia de banhos, derivando a pesca mais para sul, pois que, até aí, era feita no seguimento da actual Rua 19.

A esse tempo, dizia-se que as águas do mar curavam a escrofulose, infiltrando-se as emanações salinas no sangue, dando forças às fibras musculares.

O industrial de Oleiros, José de Sá Couto, foi o primeiro a construir uma casa de pedra e cal, na Praça / 7 / Velha, perto do mar, tendo sido sócio de várias companhas de pesca.

Era pessoa importante, tendo sido agraciado, por S. M. a Rainha D. Maria II com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Seu filho, Joaquim de Sá Couto, Comendador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, graça concedida por S. M. EI Rei D. Luís, foi o grande fomentador da construção em Espinho, dado que, além de muitas casas que mandou construir e o mar levou em grande parte, pôs os seus largos capitais à disposição dos habitantes, que assim puderam construir o seu próprio lar.

Até aos nossos dias, ficou o edifício onde existiu o Hotel Beira Alta, que foi uma das grandes edificações do tempo.

Por seu legado, foi construído o Hospital de Nossa Senhora da Saúde, em Oleiros, que se destinava a servir todas as povoações limítrofes, desde Paços de Brandão até Espinho.

Teve o seu nome numa das principais ruas, a Rua Sá Couto, hoje 18, e é o patrono do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, instalado no edifício da Escola Industrial e Comercial.

É de justiça juntar o seu nome ao do comerciante Manuel Alves Moreira, o Moreira da Idanha, que também teve larga intervenção nas primitivas construções de Espinho.

O Comendador Sá Couto deixou o seu nome ligado a todas as iniciativas do começo de Espinho, podendo salientar-se, entre outras a construção da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, a construção de um edifício para Assembleia Recreativa, para a criação de um apeadeiro do Caminho de Ferro em Espinho e tinha um nome respeitado entre as gentes do mar, ao lado de quem sempre estava, como pode ver-se na acta da Comissão edificadora da Capela:

«O Senhor Sá Couto disse que, sendo opinião dos arrais inclinada à construção da Capela nas proximidades da antiga (à beira mar), se conformava com ela».

Prestou-se, também, a dirigir os serviços de construção da referida Capela.

Espinho foi criando foros de verdadeira praia, com as principais famílias do País, merecendo menção especial as da Vila da Feira, que deram a Espinho o melhor da sua amizade, embora ensombrada por algumas questões que mais se deveram a um exacerbado espírito de bairrismo.

Muitos dos feirenses fizeram justiça ao direito de progredir que se ia manifestando, continuando com a sua amizade pelo tempo fora.

O ponto de reunião era na antiga Assembleia, que se situava na Praça Velha e ocupava um edifício pertencente a José Rodrigues de Oliveira Pinho (o três quilhas) e dava acesso ao salão nobre uma escada de pedra, que ficava encostada à casa da Sr.ª Rosa da Graça.

Era voltada a nascente, para onde tinha uma esbeiçada varanda de madeira. Passou à casa da família do Anão, na mesma Praça, tendo ainda passado a outro prédio, até à construção de uma em edifício próprio.

No dia 1 de Outubro do ano de 1864, reunia-se uma Comissão presidida pelo Conselheiro José Luciano de Castro, para a construção do edifício, que devia ser au rez-de-chaussez, com uma sala para baile, outra para bilhar, outra para jogo, toilette para damas, outro para cavalheiros, cozinha e latrinas, tudo com a devida capacidade.

Foi, mais tarde, aumentada com um andar, tendo-se dissolvido a Sociedade em 1915, pelo que passou a propriedade particular.

Durante muitos anos funcionou, nos baixos do edifício da Assembleia, o Café Peninsular, que reunia de 800 a 1 000 senhoras e cavalheiros.

Realizavam-se matinées às quintas-feiras e cotillons, sendo, no dizer do tempo, um alfobre de casamentos.

Foi construída num local onde era um palheiro de madeira, ao lado de um edifício que depois deu lugar ao Hotel e Café Chinês, havendo, já nesse tempo, o edifício do Hotel Bragança, na Avenida 8, onde hoje é o Palácio Hotel.

Ramalho Ortigão, em Praias de Portugal, escreve que «em poucas praias é tão animada, como em Espinho, a vida de Club, expressão que, neste caso, não tem o sentido inglês, segundo o qual, o club era de criação democrática do fim do século passado e era uma reunião exclusivamente de homens.

Em Espinho, o Club é o ponto de reunião de todos os banhistas, de ambos os sexos».

Sobre o vestir das senhoras e a vantagem em simplificar a vida de praia, escrevia o Rev. Padre António André de Lima:

«As senhoras iam à Assembleia com os vestidos com que foram aos banhos.

Deixe-se a grilheta dos bons tempos de luxo e etiqueta para as cidades.

Nas praias deve andar-se com toda a liberdade, de cabelos ao vento e sem chapéu, de vestidos largos e cómodos, que não exerçam pressão sobre o corpo».

Deve esclarecer-se que, naquele tempo, as senhoras iam à praia vestidas com tanto cuidado como hoje ao Casino, com chapéu, vestidos compridos, sapatos e meias e uma sombrinha, por causa do sol que as crestava e não era bonito. / 8 /

Se hoje vivesse, muito teria que ver o bom do Padre Lima...


Espinho em 1872.

Estavam lançadas as bases de Espinho e, enquanto que os fidalgos faziam o Espinho da Terra, os vareiros continuavam na vida da pesca, valorizando e aumentando o Espinho do Mar.

Primitivamente, a sardinha era pescada no Furadouro, mas, conduzida ao Porto, chegava muito amassada pela viagem, perdendo sabor e frescura.

Assim aumentou a pesca na nossa costa, mais perto dos mercados consumidores, onde, com verdade, se podia apregoar a «De Espinho Viva!».

Ao princípio, lançavam as redes ao mar, muito perto da costa e eram puxadas à mão, por duas filas de homens.

Era uma alegria o sacar da rede e os poetas vareiros daquele tempo davam largas à sua veia. Ainda ficaram, até aos nossos dias, algumas amostras que reflectem o despique entre eles, não esquecendo o velho tema: o Amor.

Nossa Senhora da Ajuda,

Ramo de manjericão.

Dai aos Três Anjos sardinha

E aos da Velha biqueirão.

 

Vamos ver o barco novo

Que se vai deitar ao mar.

Nossa Senhora vai dentro

E os anjinhos a remar.

 

Oh! Que lindos olhos pretos

Tem a filha do arrais.

Queria ser homem dela

E não me importava o mais!

Mais tarde, as redes passaram a ser puxadas por bois, parecendo que a transformação foi feita em Paramos, na Companha do Morgado desse nome, descendente de uma ilustre família de Portugal.

Dizia-se que tinha uma casa à beira mar, para passar o Verão e que era transportada para fora do perigo das águas, durante o Inverno, em cima de carros de bois preparados para tal.

Durante muitos anos, trabalharam cinco companhas no mar, havendo um ano em que trabalharam seis e o rendimento anual, de cada uma, pouco ultrapassava seis contos de reis.

Embora hoje, se encontre reduzido o pessoal e o gado, a pesca de arrasto processa-se nos moldes de há umas dezenas de anos.

Os barcos de Espinho diferem dos da Torreira no número de remos, pois que aqueles possuem quatro (dois de cada lado), enquanto que os de Espinho têm só dois (um de cada lado).

Antigamente, o pessoal da companha era composto por cinquenta homens a quem chamavam camaradas, sendo trinta e seis de mar e catorze de terra.

Havia o arrais do mar, que se sentava à ré do barco e dirigia os trabalhos e o arrais de terra, a quem estava entregue todo o cuidado da recolha da rede. / 9 /

As cordas, que vinham paralelas, eram puxadas por vinte e quatro juntas de bois, sendo doze de cada lado.


Entrada dos barcos de pesca.

Quando o lanço era maior e com perigo de rebentar o saco, era-lhe adicionado outro saco a que chamavam funda e que evitava de se perder o peixe. Quando a pesca era boa, davam, cada Companha, quatro a cinco lanços por dia, havendo, há umas dezenas de anos, grande abundância de peixe na nossa costa, em especial a sardinha. Hoje, essa abundância está muito reduzida, apenas compensada pelo alto valor que é dado ao peixe de Espinho, pago por mais alto preço.

Se a pesca excedia uma importância determinada, havia a teca para os camaradas, que era dada em sardinha, enquanto os homens do gado também a recebiam quando essa importância atingia uma cifra maior. Tudo isso era condicionado por contrato que, mais ou menos, seguia sempre as mesmas normas.

Hoje está bastante modificado, mas a base continua a mesma de há muitos anos atrás.

Ainda trabalha uma Companha, graças ao espírito bairrista de um Espinhense, pronto a sacrificar-se para que não acabe um dos grandes motivos turísticos de Espinho.

Como pesca de desporto, a nossa costa é excelente para a pesca à cana, que dá robalos, sargos, linguado e faneca.

Houve, em Espinho, uma grande frota de bateiras que, em número de algumas dezenas, se dedicavam à pesca do caranguejo, que servia de estrumação para os campos.

Cada bateira, com a tripulação de seis homens, ia para o mar à tardinha, depois da saída das companhas, e voltava de madrugada.

O pessoal era composto por camaradas das redes e o caranguejo amontoava-se pela praia fora, sendo adquirido pelos lavradores, geralmente dos lados de Arada, que vinham buscá-lo em carros de bois.

Mais tarde, os vareiros foram para a Aguda, onde continuaram com a pesca do caranguejo, juntando a do camarão, que era de bom rendimento.

Pela falta do pescado preferido, foram-se dedicando à faneca e outras espécies, sendo reduzido, hoje, o número de bateiras que vão ao mar, aliando-se a isso a modernização da lavoura, recorrendo aos adubos compostos, de mais fácil transporte e aplicação.

Ainda assim, alguns pescadores vão continuando a enfrentar as ondas, com um lucro que, se não é bastante compensador, lhes vai dando o pão-nosso de cada dia.

Também se pescava em Espinho pelo sistema de manjueiras, que, ao contrário das mugigangas para a pesca do caranguejo, não necessitava de barco.

Eram as redes canjadas na vazante da maré, em umas estacas espetadas na areia e recolhidas na vazante seguinte, dando alguns robalos.

Era uma pesca pobre e pouco compensadora, que hoje já não se usa.

Espinho tem, hoje, uma única campanha a trabalhar, que rendeu, no ano de 1968, a importância de cerca de 700 contos.

Em 1908, D. Miguel de Unamuno, frequentador de Espinho e grande filósofo e pensador espanhol, escrevia: / 10 /

«A maneira de puxar as redes com juntas de bois é o que mais carácter dá um labor agrícola, dando azo à imaginação para comparar com o trabalho dos campos nesta região em que, como digo, o mar parece que se ruraliza».

Espinho deve, ao mar, o princípio da sua vida, na labuta incessante do dia a dia dos que buscavam ganhar o pão, e na procura pelas pessoas abastadas do interior, das suas águas para os banhos e passar uns tempos de folgança.

Embora com condições de crescimento, ele seria fatalmente lento, tão moroso como eram os transportes a esse tempo, não permitindo, aos de mais longe, gozar o nosso clima privilegiado, sobretudo no Verão, onde o calor não atormenta.

 

No entanto, é justo salientar o quanto deve Espinho ao Caminho-de-Ferro, que, vindo abrir novas perspectivas, estabeleceu condições para um maior comércio, para estabelecimento de indústrias e mais fácil transporte aos que de mais longe viessem.

Em 1867, com a abertura do troço Gaia-Aveiro, abriu novos horizontes e, embora não fizessem justiça imediata a Espinho, que via os comboios só de passagem, depressa os Amigos da terra nos concederam o Bem de a termos para nós e para o nosso progresso.

Quando da abertura da linha do caminho de ferro entre Aveiro e Gaia, Espinho possuía, unicamente, uma casa de guarda de passagem de nível, pelo que era geral o descontentamento, dado o prejuízo causado aos habitantes, que tinham que se deslocar a Esmoriz ou à Granja, à falta de paragem dos comboios em Espinho.

O Comendador Joaquim de Sá Couto, usando da sua grande influência e com o auxílio do chefe político Anselmo Braancamp, que então residia na Granja, conseguiu que a casa da guarda da passagem de nível, perto da actual passarelle, passasse a apeadeiro.

 
 

NOSSA SENHORA DA AJUDA

Padroeira de Espinho, peregrina dos templos que lhe foram dedicados, encontra-se, hoje, na Capela de Santa Maria Maior, depois da destruição da sua capela da Rua do Cruzeiro,

Não se conhece, ao certo, a data da sua proclamação, por parte da gente de Espinho, como padroeira de Espinho Mar e Espinho Terra, mas a sua imagem, de há muitos anos, percorre, no seu dia. grande. as ruas de Espinho com a sua bênção.

Existe, na Igreja Matriz, uma imagem de Nossa Senhora da Ajuda, escultura diferente, onde Nossa Senhora socorre uns náufragos, salvando-os das ondas do mar.

A festa de Nossa Senhora da Ajuda realiza-se no penúltimo domingo de Setembro.

 

No ano de 1870, o barracão que servia de apeadeiro de Espinho, deu 1.200.000 réis de rendimento à Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, e já o número de banhistas regulava por perto de quatro mil.

A 28 de Outubro de 1870, foi composta uma Comissão que se propunha fazer erigir uma Capela, em local próximo da outra, em vista da primitiva já não satisfazer às necessidades espirituais da população, sobretudo na época balnear.

Faziam parte da Comissão o Conde da Graciosa, D. Francisco Maria de Sousa Brandão, Dr. Rufine Joaquim Borges de Castro, Dr. João da Veiga Campos, João de Sousa Cirne, João de Azevedo Aguiar Brandão, Manuel Pinto Gomes de Menezes, Manuel Pinto de Almeida, Joaquim de Sá Couto e Padre Francisco Pinto Alves Brandão.

Logo a seguir veio a discordância do local da construção, pois que, se uns a queriam perto da antiga Capela, conhecida pela Capela dos Galegos e junto ao mar, outros a pretendiam mais a nascente, fora do perigo das invasões das águas.


Largo de Nossa Senhora da Ajuda.

Tendo sido consultada a vontade das Companhas de pesca, que nessa altura tinham real valor nas coisas de Espinho, os arrais foram unânimes em escolher a vizinhança do mar e que eles queriam com uma superfície superior ao salão da Assembleia e espaço reservado aos banhistas, tendo rendido 202.000 réis a primeira subscrição.

O Padre Francisco Brandão ofereceu o terreno da sua própria casa, na condição de receber em outra parte um igual, comprometendo-se os arrais ao transporte da pedra e saibro, condicionando a esmola ao rendimento do pescado.

O Padre Francisco ofereceu, em nome de sua Mãe, das suas próprias pedreiras, toda a cantaria necessária à obra.

Não havendo acordo no local da construção, foi resolvido, por alguns dissidentes, edificar uma Capela em terreno cedido pelo Conde da Graciosa e Caetano de Meio Menezes e Castro, Capela que ainda hoje existe, consagrada a Santa Maria Maior e que foi benzida a 25 de Setembro de 1877.

Faziam parte da Comissão o Conde da Graciosa, Visconde de Foz de Arouce, Caetano de Melo Menezes e Castro, Francisco Cardoso Valente, Conselheiro José de Melo Geraldes Sampaio e Bourbon, Joaquim de Almeida Correia Leal e Manuel António Pereira.

A 31 de Janeiro seguinte, o Cardeal D. Américo autoriza o culto na Capela de Nossa Senhora da Ajuda, acabada de construir, junto à praia, com sermão e exposição do Santíssimo Sacramento, tendo já sido organizada a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, a cargo de quem ficava a Capela, com capelão privativo.

A Capela dos Galegos, que lhe ficava em frente e um pouco à direita, foi então destruída tendo lugar, mais tarde, a construção de um coreto para a festividade da Padroeira.

Em 1873 principiaram as negociações entre a Câmara da Feira e a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses para a construção de uma estação do caminho de ferro em Espinho, para substituir o barracão, que servia de apeadeiro, sendo Director da Companhia Manuel Afonso Espregueira.

Não houve entendimento, mas, estando o Director a veranear na Granja, foram encarregados, pela Câmara da Feira, o Conde da Graciosa e e Conselheiro Correia Leal, de levar o caso a bom termo, o que conseguiram. / 11 /

A estação foi inaugurada no ano seguinte e rei reformada em 1898, tendo sido acrescentada, em virtude da sua exiguidade para o movimento de então.

A 1 de Agosto de 1877, é pedida licença ao Bispo do Porto, Cardeal D. Américo para que, durante a época balnear, o Santíssimo esteja no Sacrário da Capela de Espinho, autorização que é concedida em 21 de Agosto de 1877, sendo Abade de Anta o Rev. Manuel Ribeiro de Figueiredo.

Pode dizer-se, em verdade, que Espinho recebeu o seu maior incremento com a criação da Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, criada em 7 de Fevereiro de 1886, donde sairia o brado de independência para a criação da freguesia de Espinho.

Sob a presidência do farmacêutico José António Pires de Resende, como Juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento, procedeu-se à eleição da Mesa, tendo ficado eleitos:

Juiz:

          António Pinho Branco Miguel

Procurador fiscal:

          Augusto Francisco Pereira

Secretário:

          Jeremias Pais de Almeida

Vice-Secretário:

          António de Oliveira Chibante

Tesoureiro:

          Manuel Luís Mendes

Vogais:

          Guilherme Soares Maganinho

          José Alves da Rocha

          José de Oliveira Dias Pinhal

/ 12 / Em Maio de 1886, a Irmandade resolve a compra de alfaias e de uma pia baptismal, atendendo ao crescimento da população de Espinho, onde havia mais nascimentos que em todas as outras freguesias de Anta, tendo já, nessa altura, uma população composta de 650 fogos.


Rua 19

Pede-se ao Bispo do Porto, Cardeal D. Américo, para que os baptizados dos nascidos em Espinho se façam na sua Capela, que estava mais limpa que a Matriz, acrescentando o inconveniente da Confraria de Santa Luzia, fabriqueira da Matriz, se negar a fornecer a cera para os baptizados dos naturais de Espinho.

A 19 do mesmo mês, uma provisão do Bispo do Porto autorizava que os baptizados se fizessem na Capela de Espinho.

No entanto, as dissidências continuavam, ao ponto de os de Anta não permitirem que os de Espinho pegassem às varas do pálio nem tomassem parte nas procissões, empunhando cruzes, lâmpadas ou alfaias pertencentes à Matriz, havendo dificuldades para administrar os Sacramentos aos enfermos de Espinho, tantos eram os problemas que se criavam.

Um dia, apareceu afogada na lagoa que existe ao norte de Espinho, uma rapariga que se dirigia para a casa de seus pais, em Avanca ou proximidades, para com eles consoar.

As duas margens dessa lagoa eram de S. Félix da Marinha e por isso os moradores de Espinho mandaram dizer ao Pároco que viesse, com a sua gente, buscar o cadáver, para lhe dar sepultura no adro da sua Igreja.

O Pároco de S. Félix respondeu que a levassem para o adro de Anta e eles assim fizeram. No entanto, como os Párocos andavam desavindos por causa dos limites das duas freguesias, o Pároco da freguesia de Anta apressou-se a participar o caso ao Bispo da Diocese, o qual ordenou que se levantasse um auto do facto e se procedesse às devidas investigações por meio de prova testemunhal.

Sendo-lhe remetido o auto e ouvidos os Párocos das duas freguesias, Sua Eminência sentenciou que, desde então em diante, acolá, na lagoa, a margem do norte, linha recta da entrada nela pelo Rio Largo ou Regueirão, pertencia a S. Félix da Marinha e a outra margem, a do sul, a Anta.

Antigamente, quando a Lagoa ou Regueirão se enchia com as águas do Rio Largo, diz-se que as suas águas, em razão do mar as não receber, vinham por onde hoje é a Avenida 8, até alturas da Rua 1.º de Dezembro, hoje Rua 29, de onde saíam em direcção ao mar, tendo de passar de barco quem quisesse seguir para o lado poente de Espinho.


Conselheiro Correia Leal.

 

A 5 de Dezembro de 1886, a Irmandade contrata, como seu Capelão privativo, o Rev. Manuel Pinto da Silva, com o ordenado anual de 200.000 réis, com a obrigação de rezar missa aos domingos e dias santificados, / 13 / acompanhar as procissões e os enterros dos Irmãos, a Novena ao Menino Jesus e o Terço aos domingos de tarde, no tempo da Quaresma, tomando a seu cargo a boa conservação das alfaias e o bom andamento das coisas religiosas.

A 1 de Janeiro de 1887, reúne extraordinariamente a Irmandade para despedir o Capelão, que se tinha negado a dar o Menino a beijar, nas Festas do Natal e Ano Novo, o que causou grande descontentamento no povo e poderia ter resultados muito graves.

Embora fosse aprovada a moção, não foi posta em prática, naturalmente por explicações dadas pelo Capelão, que mais tarde havia de ser o primeiro Abade da freguesia de Espinho.

 


A Igreja Matriz a ser destruída pelo mar. Para ver toda a zona envolvente, antes da invasão do mar, ver o postal 30.

Uma Comissão comprou, por 1.200.000 réis, o terreno para a feira de Espinho, juntando 10411.000 réis, tendo ofertado o sobrante à Câmara da Feira, para ser aplicado num jardim, o que não se concretizou.

A 13 de Julho de 1887, a Irmandade reúne extraordinariamente para considerar a criação da freguesia de Espinho, indicando a Capela para Igreja Matriz e oferecendo as alfaias existentes, deliberando que, para tal, se oficiasse ao Governo de Sua Majestade.

A 7 de Julho, a Irmandade toma conhecimento de que o Abade de Anta se nega a baptizar em Espinho e que assiste aos enfermos tarde e mal, além do desprezo com que continuam a ser tratados os naturais deste lugar.

 

A 7 de Julho, a Companha do Senhor dos Naufragados oferece uns paramentos vermelhos, com a condição de não servirem em outro templo que não seja de Espinho, tendo o farmacêutico José António Pires de Resende e esposa oferecido um frontal para o altar mor, nas mesmas condições.

Estava o lugar de Espinho em plena efervescência, esperando a sua emancipação, que se deve ao valor pessoal do Conselheiro Joaquim de Almeida Correia Leal, de Paços de Brandão, mas frequentador de Espinho, onde tinha residência própria, que, para tanto, exerceu a sua alta influência.

Na acta da Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, ficou exarado o seguinte:

«Conselheiro Joaquim de Almeida Correia Leal, o homem mais prestante à sua terra e aos seus eleitores que a Feira conheceu desde a implantação do Governo liberal em Portugal, carácter nobre a afável, activo e obsequioso, ninguém ignora como S. Ex.ª de todo o coração e com a sublime bondade que lhe é peculiar, acedeu ao pedido da mesma Irmandade ou povoação de Espinho, concorrendo com todas as suas forças, conselhos e alta posição para que esta novel povoação fosse elevada à categoria de freguesia.

Amante apaixonado desta terra, tem-lhe provado a sua dedicação, não só acompanhando-nos e secundando-nos sempre em nossas úteis e grandiosas aspirações e conquistas, em nossos progressos e nossas aflições, mas atraindo para esta terra melhoramentos a que o seu nome ficará eternamente unido como o do grande tribuno aveirense ficou ao fogoso Pégaso, que, chispando fogo e devorando as distâncias, atravessa, vertiginosamente, de Aveiro a Gaia».

Ao homenagear o Conselheiro Correia leal, a Irmandade não esquecia o grande tribuno aveirense, José Estêvão Coelho de Magalhães, a quem se deve a passagem da linha do caminho-de-ferro pelo nosso litoral.

 

O retrato do Conselheiro Correia Leal encontra-se na Sacristia da Igreja Matriz, ao lado de Manuel António Pereira, de quem foi grande amigo, sendo devido, em grande parte, a essa amizade, o acendrado entusiasmo do Conselheiro Correia Leal pela causa da emancipação de Espinho e que, por isso, sofreu desgostos e vexames dos seus conterrâneos, que lhe apedrejaram a residência em Paços de Brandão e a sua Quinta do Reboleiro, na Vila da Feira. / 14 /

Manuel António Pereira, a pedido do seu amigo Conselheiro Correia Leal, traçou os limites da freguesia de Espinho, tendo em conta o avanço do mar e o crescimento da povoação.


Espinho, vítima do mar.

 

Sem dúvida, o Conselheiro Correia Leal foi o grande criador da freguesia de Espinho.

A freguesia era criada em 17 de Setembro do ano de 1889, sendo inaugurada a Igreja Matriz em 22 do mesmo mês, pelo Sr. D. Manuel Luís Coelho da Silva, que foi, mais tarde, Bispo de Coimbra.

Por decreto de 23 de Maio de 1899, Espinho havia sido desanexada da freguesia de Anta, tendo sido autor do decreto o Conselheiro José Luciano de Castro.

Embora se afirme que os ataques do mar já vinham de longa data, só de notícias certas se sabe que o primeiro se deu em 9 de Março de 1869, seguindo-se-lhe outro em 1871, avançando o mar, nessas três investidas, cerca de 95 metros, embora sem prejuízo para as casas da povoação.

Todavia, de Outubro a Dezembro de 1889, o mar fez um novo avanço de cinquenta metros, destruindo vinte casas de madeira, habitações de pescadores.

Era crença, entre os vareiros, que o mar viria até à feira, pois era vulgar ouvir-se, aos mais fatalistas, que o mar «vinha buscar o que era dele», visto que supunham que o mar já tinha coberto a população de Espinho.


A fúria das águas.

No entanto, a dar visos de verdade a esta afirmação, há o facto de terem sido encontradas conchas na abertura de poços no interior de Espinho, bem como uma crista de pedra que atravessa a povoação em diagonal, com a chamada pedra negra do mar e com as suas arestas polidas, como se andasse, sobre elas, o movimento das águas durante séculos.

Começou o pânico, tendo sido ouvidas as opiniões dos técnicos, que se contradiziam, pelo que foi nomeada uma Comissão, em 1892, para estudar o assunto.

Durante três anos o mar não fez novos ataques, fazendo supor que tudo voltaria à normalidade, mas no começo de 1896 voltou a atacar, destruindo várias casas, incluindo a sacristia da Igreja paroquial, a 22 de Fevereiro. Sossegou até Outubro, mas os ataques voltaram de tal forma que, em começos de 1898, já tinha levado terreno edificado com 65 metros de largura por oitocentos metros de comprimento, de norte a sul. / 15 /

Para se fazer uma ideia, sobre as invasões do mar, pode dizer-se que, sendo a distância, da linha do caminho de ferro à esplanada (Rua 2), de 135 metros, era, no princípio, de 350 metros da linha à última casa da praia.

Depois de 1889, o mar invadiu várias vezes, sendo as maiores investidas em 1896, 1898, 1908, 1911 e 1936, que destruiu o Posto de Socorros a Náufragos, voltando a dar prejuízos em 1943, limitando Espinho, pelo Poente, à Rua 2.

Foi atingida parte da Piscina, que foi reconstruída, tendo sido feita uma defesa frontal, debaixo de direcção do Engenheiro Tovim, a quem Espinho muito ficou a dever e cuja memória é lembrada com saudade.

Nos últimos anos os esporões foram reforçados, tendo sido criados alguns, de emergência, com resultados francamente positivos.

Nos primeiros trabalhos sobre a defesa da praia, foram estudadas as correntes e a sua influência quanto ao avanço do mar sobre Espinho, do que pouco ou nada resultou, tendo o Governo nomeado, em 1889, os Engenheiros Hidráulicos Melo e Matos e Silvério Pereira da Silva, que, depois de estudarem o fenómeno, propunham, como único meio de obstar às investidas das águas, a construção de três esporões, que, pelo seu custo, não foram construídos na ocasião.

A defesa frontal, feita com uma muralha de 354,50 metros, foi destruída pelo mar, a 31 de Janeiro de 1911.

Esta muralha, feita com a discordância do Engenheiro Von Hafe, salvou alguma coisa de Espinho, pois ainda resistiu durante certo tempo.

Pela saída, por motivos urgentes nas obras do porto do Douro e Leixões do Eng. Francisco Perdigão, passou a dirigir as obras de defesa o Eng. José Gromwel Camossa Vaz Pinto.

De acordo com a parecer favorável do Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, de 12 de Janeiro de 1911, sobre o resultado das experiências feitas, foi, por Portaria de 24 de Maio seguinte, determinado ao Engenheiro Director da 1.ª Direcção dos Serviços Fluviais e Marítimos, o Eng. Von Hafe, a elaboração do projecto definitivo das Obras de Defesa de Espinho que, apresentado em 5 de Agosto, teve o parecer favorável da maioria dos vogais daquele douto Conselho, sendo aprovado pelo Governo, em Portaria de 26 de Agosto do mesmo ano.

Principiava, assim, a defesa do mar que traria bons frutos, pelo tempo fora, pois que não pode duvidar-se da defesa do mar pelo sistema preconizado pelos primeiros técnicos ouvidos e confirmados pela opinião do Eng. Von Hafe.

Embora já criada a freguesia de Espinho, a freguesia de Anta pretendia continuar na cobrança dos impostos, por não haver Junta de Freguesia constituída ainda em Espinho, ao que a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda se opôs, manifestando o desejo de, se para tanto fosse necessário, ir reclamar até aos degraus do Trono e opinando que esse dinheiro devia ser gasto na construção do novo cemitério, a grande aspiração do povo de Espinho.

No ano de 1889, Espinho tem a sua primeira Praça de Touros, construída nos terrenos próximos do mercado / 16 / semanal e que tinha lugares para mil e quinhentos espectadores, sendo inaugurada em 15 de Agosto desse mesmo ano.

Nela toureou, a cavalo, algumas vezes, o distinto desportista aveirense Mário Duarte.


Capela de Santa Maria Maior.

A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, em vista do aumento de Espinho da parte de cima da linha férrea, fez instalar uma passarelle que se tornara desnecessária na linha de Cascais.

Esta passerelle, em vista da necessidade do tráfego ferroviário, foi depois aumentada, conservando, no entanto, as suas características primitivas.

O proprietário João Baptista de Carvalho, morador no Porto e frequentador de Espinho, mandou construir, num terreno que dava para as Ruas 19 e 16, o Teatro Aliança, muito bom para o tempo e que serviu Espinho durante muitos anos, sendo demolido após a construção do Teatro S. Pedro.

Vieram ali, as melhores Companhias de Teatro, mas a afluência de público não era de molde a encorajar. O teatro só enchia nas noites de récitas de caridade, mas para isso era necessário que se fechasse o jogo naquela noite, obrigando o público a assistir.

Tinha, anexo, um esplêndido jardim, o High Life, bem arborizado e com um coreto, sendo mais conhecido pelo Jardim do Teatro. Teve, mais tarde, recintos para ténis e patinagem, chegando a funcionar um cinema.

No centro do Jardim tinha uma roleta para os menos encorajados e que era conhecida por «Pataqueira».

A 8 de Abril de 1890, um anónimo ofereceu, por intermédio do Abade de Espinho, um relógio para a torre da Igreja que, depois das invasões, foi transferido para a Capela de Santa Maria Maior, onde ainda se encontra em serviço.

A 20 de Agosto, a Irmandade agradece a Manuel José de Sousa Ferreira o levantamento da planta para a freguesia de Espinho e mandou encaixilhar a cópia ofertada.

É possível que essa planta seja a que se conhece como mais antiga e que se refere ao Plano de Melhoramentos de Espinho.

Embora não passe da actual Rua 16, o seu traçado é bastante parecido com o actual, com ligeiras modificações.

Foi aprovado, em 1900, um plano de arruamentos. A planta definitiva foi oferecida pela Engenheiro

Bandeira Neiva, que sofreu pequenas modificações Introduzidas pelo Engenheiro Bandeira Coelho.

A Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, à falta de Junta de Paróquia que ainda não existia, deliberou oficiar ao Director Geral da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, chamando-lhe a atenção para o facto de serem, agora, pertença de Espinho, alguns terrenos que a Junta de Silvalde pretendia vender e interessavam à Companhia para o novo traçado, em razão do avanço do mar.

A 9 de Março de 1891, sendo Pároco da Freguesia o Rev. Manuel Pinto da Silva e Regedor José António Pereira da Rocha, reunia, pela primeira vez, a Junta de Freguesia, composta por António de Pinho Branco Miguel como Presidente, Manuel Fernandes Tato como Vice-Presidente e António Maria Pereira Americano, Marcelino de Oliveira Dias e José Rodrigues Cação Serrano como vogais.

A 17 de Março representava a Sua Majestade para que os serviços dos Correios fossem completos durante todo o ano, em virtude do grande comércio que Espinho já tinha a esse tempo.

A 13 de Abril, o lavrador Joaquim Francisco da Silva Rocha e sua mulher Fabiana Alves de Oliveira, de Anta, ofereciam um terreno no lugar da Orgueira, junto da Fonte do Mocho, para que fosse adaptado a cemitério paroquial

A primeira fase das obras foi à praça pela quantia de 930.000 reis, tendo sido vendido o primeiro talhão / 17 / de cinco metros quadrados, ao preço de 400 reis cada metro, rendendo 2.000 reis.

Foram cedidos muitos baldios que a Junta possuía ao sul de Espinho, para construções destinadas aos desalojados pelo mar, sendo gratuita a cedência dos destinados ao Bairro que a Rainha Senhora Dona Maria Pia mandou construir, a expensas suas. Este Bairro tomou o nome da sua doadora, tendo sido mais tarde, destruído pelo mar.

Com o crescimento de Espinho para Nascente, os naturais tinham começado o estabelecer a classificação de Espinho Mar e Espinho Terra, para distinguir a parte piscatória da nascente, que se começava a formar.

Os seus habitantes eram classificados em três categorias, pois que, enquanto que os vareiros chamavam, para si, essa classificação, conheciam os das aldeias vizinhas por vilões enquanto que os banhistas ou gentes mais diferenciadas eram os fidalgos.

Dos antigos veraneantes, podia contar-se a figura excelsa do Bispo de Viseu, D. António Alves Martins, que tinha o seu palheiro numa praça que sempre foi conhecida pela Praça do Bispo, até ser arrebatada pelo mar.

As Festas a Nossa Senhora da Ajuda foram sempre feitas pela Irmandade, mas em razão dos prejuízos sofridos com o mar, uma Comissão propôs-se fazer as festividades.

A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses mandou substituir a vedação da linha, que era feita de travessas velhas, por outra mais elegante, no alinhamento da Rua 19, com umas cancelas mais próprias, de acordo com a Câmara da Feira, mas que foram pagas pela Câmara de Espinho, tendo custado 500 000 reis.

A estrada das Vareiras, a nascente de Espinho, era um ramal da estrada mourisca, que, vindo de Aveiro, passava por Arada, Maceda, Cortegaça, Esmoriz, Paramos, Silvalde, Anta, Villa Spino (Espinho antigo), Arcozelo, Gulpilhares e Vilar até à Via Romana, estrada militar de outrora.

A actual Rua 62 reunia-se à estrada mourisca no lugar da Ponte de Anta. A actual Rua 19 passava pelo mercado semanal, Anta e Nogueira até à Via Militar dos Romanos, que é hoje, com pequenas variantes, a estrada nacional n.º 1, de Lisboa ao Porto.

A estrada 62, que seguia a que vinha do norte, passava junto ao Largo da Graciosa até à Rua 23 e depois seguia, em linha recta, na direcção do Coteiro da areia, onde hoje há uma importante fábrica de cordas, seguindo para a Vila da Feira.

A actual Rua 62, que já teve o nome de Passeio Alegre, deve o seu número ao facto de haver sido estrada nacional com aquele número e parte da qual, do Largo da Graciosa para sul, foi sacrificada à urbanização do Espinho.

Em 1894, ao sul de Espinho, existia uma pequena fábrica de salga e conserva de sardinha, pertencente à firma Cirne & C.ª.

Daí para sul, antes dos ventos terem arrastado grandes volumes de areia, as ervas cresciam na humidade e o terreno era propício à caça das narcejas.

Por ali andavam os caçadores de Espinho e ali se juntaram os irmãos Brandões e Gomes, que já haviam sido sócios em indústrias no Brasil e que tinham voltado a Portugal sem grandes lucros, em virtude de uma crise que os havia prejudicado.

A caça não era muita e, em dado momento, Henrique Brandão, espírito irrequieto de homem empreendedor, lembrava ao seu antigo sócio Augusto Gomes, a possibilidade de tentarem uma indústria na sua terra.

A conversa tomou interesse e, quando pensavam no caminho a seguir, viram que, pouco a norte, uma pequena indústria poderia ser grande no futuro.

Assim tomaram a fábrica da firma Cirne & C.ª e os nomes de Henrique Brandão, Alexandre Brandão, José Gomes e Augusto Gomes, com Alfredo Menéres, capitalista, marcavam um caminho novo para Espinho.

Assim se fundou a Real Fábrica de Conservas a Vapor de Brandão Gomes & C.ª para correr o mundo com o nome de Espinho e com a mais saborosa sardinha da costa, preparada com o maior cuidado e saber, não se conhecendo, hoje, preparação melhor nem maior resistência ao tempo.

Mandaram vir técnicos do estrangeiro e tudo foi aperfeiçoado, desde o preparo da sardinha aos legumes, ervilhas, picles, azeite e tudo o que uma fábrica pode fazer para exportar.

O nome de Brandão Gomes era conhecido em todo o mundo, havendo a maior preferência pelos seus produtos, tendo sido um dos nossos melhores embaixadores no Brasil, para onde exportavam em larga escala.

Eram fornecedores da Casa Real e, em carta assinada pelo Conde de Sabugosa, como Mordomo-Mor e em nome de El-Rei D. Carlos, de 14 de Março de 1905, autorizava o uso da coroa real em todos os produtos da fábrica.

O pessoal, que era muito para o tempo, vinha das aldeias próximas e era tão bem pago que se dizia que, uma rapariga que entrasse, como operária para a fábrica, tinha um dote.

Desde a sua fundação que a indústria de conservas ia sempre melhorando, ao ponto de manter a fama da maior fábrica de conservas da Península.

Introduziu a solda mecânica em substituição da manual, com tipografia e litografia próprias e / 18 / depósitos para azeite com uma capacidade muito fora do vulgar.

Os seus escritórios deviam ser o que havia de melhor no tempo, e os telefones vieram para Espinho para servir a Fábrica, que tinha um movimento que tudo justificava.

Quando havia sardinha, era sempre a melhor destinada à Fábrica, pois não olhavam a preço.

Tinha um cais privativo na Companhia Portuguesa dos Caminhos-de-Ferro, com um carrinho, puxado por um garrano, que todo o dia transportava as conservas para serem embarcados nos vagões.

Foi a Fábrica, durante muitos anos, o maior valor político de Espinho e, com a saída dos sócios Henrique Pinto Alves Brandão, José de Oliveira Gomes e Clemente Menéres, ficou a Sociedade reduzida a Augusto de Oliveira Gomes e Alexandre Pinto Alves Brandão.

Mais tarde, com a falta de sardinha na costa de Espinho, a Fábrica foi perdendo o seu valor e diminuindo a sua laboração.

Numa das esquinas do antigo Hotel Bragança, havia um reclamo eléctrico que deve ter sido, se não o primeiro, pelo menos um dos primeiros do País.

Recebeu, no dia 8 de Novembro do ano de 1908, a visita de El-Rei D. Manuel II, para o que foram distribuídos convites a pessoas gradas.

Teve uma Banda de Música privativa e, quando eram realizadas visitas oficiais, a Banda tocava em todas as solenidades.

O edifício da Fábrica também foi afectado pelas últimas invasões do mar, na parte poente do edifício, tendo perdido algumas instalações.

O valor dos seus sócios teve larga influência na criação do Concelho de Espinho. O sócio Augusto de Oliveira Gomes foi a primeira autoridade concelhia a ser escolhida, por Alvará do Governador Civil de Aveiro, Dr. Albano de Melo, que o nomeava administrador, interino, em 15 de Setembro de 1899, para proceder à instalação do Concelho.

Em 2 de Julho de 1899 assinava as actas, como Presidente da Junta de Paróquia o novo Abade de Espinho, Rev. Manuel Nunes de Campos, natural da freguesia de Vila Chã de Sá, da Diocese de Viseu.

Começou a demarcação dos terrenos para a edificação da nova Igreja, o que haveria de sofrer várias modificações.

Primitivamente, estava indicado o terreno onde hoje é o Parque João de Deus, ideia que teve que ser abandonada pelo facto desse terreno já ter sido destinado a parque.

Foi escolhido outro, perto do definitivo, que sofreu alterações.

Cópia da acta n.º 1:

«Secção de Juramento, posse e instalação da Comissão Municipal do Concelho de Espinho efectuada em 21 de Setembro de 1899.

Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e noventa e nove, aos vinte e um dias do mês de Setembro, nesta povoação de Espinho e sala que há-de servir para as sessões da Comissão Municipal do concelho do mesmo nome, sendo presentes: Augusto de Oliveira Gomes, administrador deste dito Concelho, acompanhado de José de Melo Macedo, que para este efeito servirá de secretário ad-hoc; Henrique Pinto Alves Brandão, Doutor António Augusto de Castro Soares, José António Pires de Resende, João Francisco da Silva Guetim e António de Oliveira Salvador, vogais efectivos da Comissão Municipal do mesmo Concelho, nomeados por Decreto de sete e publicado no Diário do Governo número duzentos e seis de treze do corrente mês, para, interinamente, gerirem os negócios municipais nos termos do parágrafo quarto do artigo dezassete do Código Administrativo; nas mãos daquele Administrador prestou cada um dos referidos vogais o juramento sobre os Santos Evangelhos, de fidelidade ao Rei reinante e de obediência à Carta Constitucional da Monarquia e às Actas Adicionais e às Leis do Reino.

Constituída, assim, a Comissão Municipal, sob a presidência do vogal mais velho, que se verificou ser João Francisco da Silva Guetim, procedeu-se à eleição para os cargos de Presidente e Vice-Presidente e, corridas as votações e escrutínios, verificou-se ficarem eleitos, por maioria, presidente o Doutor António Augusto de Castro Soares e Vice-Presidente Henrique Pinto Alves Brandão.

Assumindo logo a Presidência, a convite do vogal mais velho João Francisco da Silva Guetim, o Presidente eleito, Doutor António Augusto de Castro Soares, que agradeceu, aos seus colegas, a prova de consideração que acabavam de testemunhar-lhe e enalteceu os valiosos e relevantíssimos serviços prestados a Espinho pelos Excelentíssimos Senhores: Conselheiro Correia Leal, como benemérito fundador desta freguesia e como promotores da nossa autonomia administrativa: Alfredo Menéres, Marquês da Graciosa, Brandão Gomes & C.ª, Vaz Preto, José Pessanha, Conde de Castelo de Paiva, Conselheiro Pereira Dias, Ressano Garcia, Doutor Francisco Furtado, Macário de Castro e tantos outros cavalheiros, Associações, Imprensa, Governo e, em especial, Augusto de Oliveira Gomes, que, sobre todos se salientou de modo verdadeiramente admirável, como heróico combatente em prol dos autonómicos interesses de Espinho e, por último, lembrou o respeitável nome da primeira autoridade administrativa deste Distrito, o Excelentíssimo Senhor Conselheiro Albano de Melo, pela correcta e / 19 / honestíssima maneira de proceder, informando o Governo de Sua Majestade com a mais subida imparcialidade das nossas circunstâncias, demonstrando um alto espírito de pública inteireza de carácter».

Foram, interinamente, nomeados, por unanimidade, Fernando Anselmo de Melo Geraldes Sampaio de Bourbon para Secretário e Manuel da Rocha Coimbra para Contínuo.

A Câmara agradece ao industrial Alexandre Pinto Alves Brandão a oferta de um estojo com uma pena de ouro, para Serviço da Presidência.

A 27 de Setembro, o vogal António de Oliveira Salvador lembra a necessidade de se levantar a planta de Espinho.

A 4 de Outubro, o Pároco e Presidente da Junta pediu, à Câmara, a cedência gratuita de um baldio municipal, para a edificação de uma nova Igreja.

É concedida uma licença para edificar, mas com a condição de fazer passeios em toda a frente edificada.

A Câmara agradeceu ao Eng. Augusto Júlio Bandeira Neiva, que se propôs fazer o levantamento topográfico de Espinho e a respectiva planta.

A Câmara resolveu pagar as cancelas da Rua 19, embora encomendadas à Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro pela Câmara da Vila da Feira, tendo, por falta de verba, a firma Brandão Gomes & C.ª abonado a importância de 500000 reis.

A 13 de Novembro de 1899, é feita eleição para a Câmara, tendo sido eleitos os mesmos membros da Comissão Municipal, que prestaram novo juramento, ficando os mesmos cargos distribuídos e passando a exercer funções na Câmara Municipal de Espinho, em substituição da Comissão Municipal do Concelho de Espinho.

É passado um mandado de pagamento a favor de João Jorge de Miranda, no valor de 7040 réis, por fornecimento de mobiliário para a Câmara.

A 20 de Dezembro é pedida, ao Governo, a construção de uma Escola, pois que a única que existe está em muito más condições. Os industriais Augusto Gomes, Henrique Brandão e Alexandre Brandão e outros, ofereceram 500 000 réis para ajuda da respectiva construção, tendo a Junta de Freguesia contribuído com igual quantia.

A 11 de Janeiro de 1900, a Junta de Freguesia deliberou representar ao Governo de Sua Majestade, pedindo a criação de uma Comarca com sede em Espinho.

A Câmara resolve mandar proceder à numeração dos prédios, estabelecendo a taxa de 50 réis por cada número a afixar nas portas.

Quando havia várias Companhas em Espinho, era sempre um espectáculo a saída para o mar, na ânsia de todos chegarem primeiro para a venda do pescado.

Era vulgar a ricaxia, quando dois barcos entravam ao mesmo tempo, provocando uma corrida entre eles, o que dava a maior das alegrias aos vencedores com dichotes depreciativos para os vencidos.

Era vulgar, quando o arrais do mar era mais maldoso, ensarilhar as redes das outras Companhas, que, algumas vezes, chegavam desfeitas à praia.

Ambos os hábitos se foram banindo, pelo desgaste que traziam ao material de pesca e pelos prejuízos que davam com a fuga do pescado pelas redes prejudicadas.

 

/ 21 / O Engenheiro Bandeira Neiva ofertou à Câmara a planta de Espinho, prontificando-se a dirigir a demarcação das ruas.

A iluminação pública era feita com candeeiros de petróleo, havendo já uma pequena fábrica geradora de electricidade, situada ao lado da Fotografia Evaristo, funcionando só na época balnear.

O Dr. António Augusto de Castro Soares, Presidente da Câmara, oferece os seus honorários, no ano de 1900, de Subdelegado de Saúde «pois que entende de seu dever prestar à querida Praia de Espinho todo o auxílio, aliviando-a de encargos para que ela tenha sobejos recursos».

Piscina de Espinho
Piscina de Espinho.
 

Em 1901 fica resolvido que, não sendo viável a Avenida Espinho-Granja no local onde estava marcada, propõe que a essa rua se dê o nome de Avenida do Teatro.

É hoje a Rua 16, indicada na planta de Espinho como Avenida Espinho-Granja.

É delimitado, definitivamente, o terreno para a construção dos Paços do Concelho, Parque, Mercado Diário e Largo da Igreja.

O industrial Augusto de Oliveira Gomes oferece terreno para rectificação do Parque e abertura de uma Avenida, que ainda hoje tem o seu nome.

Projectava-se Espinho para nascente, vindo o sonho do Doutor António Augusto de Castro Soares a ser realizado por seu filho, o Doutor Augusto Braga de Castro Soares, em 1943, quando Presidente da Câmara de Espinho, ficando-se-Ihe, ainda, a dever, além dos Paços do Concelho e Parque João de Deus e o actual Matadouro Municipal.

A vontade de Augusto de Oliveira Gomes foi continuada por seu filho, Fernando de Miranda Gomes, com a abertura das ruas 19 e 33, até ao centro de Anta, com largas perspectivas de serem continuadas ainda mais para nascente, com incalculável benefício para o futuro desenvolvimento de Espinho.


Paços do Concelho.

O Doutor Augusto Braga de Castro Soares é natural de Espinho, onde nasceu a 7 de Novembro de 1900.

Fernando de Miranda Gomes, também natural de Espinho, nasceu a 12 de Agosto do mesmo ano.

Foi pedido, para Espinho, um Posto Fiscal para verificação de bagagens, evitando demoras na fronteira aos naturais de Espanha e frequentadores de Espinho na época balnear, pedido que foi atendido, tendo funcionado muitos anos.

A 19 de Maio de 1901, o Presidente da Junta dá conhecimento de ter adquirido, por aforamento, o terreno para a Igreja, tendo sido apresentada uma planta que, embora aprovada oficialmente pelo Governo Civil, a Junta rejeitou, por não a considerar à altura do futuro de Espinho nem às exigências do público, tendo sido aberto concurso para nova planta, com um orçamento que não deveria exceder 15 contos de réis, sendo o primeiro prémio de 250000 réis e o segundo de 100000 réis.

Foram apresentadas três propostas, assinadas por Augusto Eduardo Arouca e Hermógenes Júlio dos Reis, José Marques da Silva e Arnaldo Redondo Adães / 22 / Bermudes, que foram rejeitadas por se encontrarem incompletas.

Nesse ano tomou posse do cargo de Administrador do Concelho, José Fernandes Mourão, substituindo Augusto de Oliveira Gomes.

Um anónimo construiu, a expensas suas, cem metros da Rua do Cruzeiro.

O Abade da freguesia protestou contra o facto das sessões eleitorais serem realizadas na Igreja Matriz.

A Câmara oficiou à Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro para que fosse estabelecido um comboio à saída dos teatros do Porto, em vista da frequência do público, tanto de Espinho como de Ovar.

Em 1902 tomou posse da Presidência da Câmara o Doutor Joaquim Pinto Coelho, entrando o industrial Alexandre Pinto Alves Brandão para a vaga deixada por seu irmão Henrique.

O Doutor Pinto Coelho, na sua posse, resume o seu programa no seguinte:

«Administração económica, imparcial, norteada pelos rigorosos princípios da sã justiça em obediência à lei e à Moralidade, pondo, acima de todas, as questões de higiene e comodidades dos seus administrados e hóspedes de Espinho, povoação que precisa impor-se como terra hospitaleira, firmando os seus créditos de estância balnear confortável».

A Câmara pede para que lhe seja dada autorização para estabelecer concurso para a iluminação do concelho, a gás iluminante ou electricidade.

Neste ano morreu o Par do Reino Manuel Vaz Preto Geraldes, que havia prestado grandes serviços à causa da emancipação de Espinho.

Em virtude de se não haver efectuado, pelas razões apontadas, a classificação das plantas para a Igreja Matriz, o industrial Henrique Pinto Alves Brandão, tendo imenso desejo de ver, quanto antes, realizada uma obra de que Espinho tanto carecia, declarou oferecer, a expensas suas, à Junta de Freguesia, a planta da Igreja, apresentando um projecto assinado pelo Arquitecto Adães Bermudes, que foi aprovado em definitivo, sendo a empreitada entregue a Joaquim de Oliveira Barbosa, de Ramalde, com obras de cantaria, terraplanagem, rebocos e guarnecimentos, vidraças, pinturas de liso, coberturas e obras metálicas por 17000000 réis.

As contas da luz eléctrica, deram, no ano de 1901, um lucro de 359250 réis, conforme foi publicado, destinando-se, unicamente, às casas particulares, sendo a luz pública a petróleo.

Em 1902, João Baptista de Carvalho pede licença à Câmara para o estabelecimento, dentro do Concelho, de uma linha americana, de tracção eléctrica ou animal, que nunca chegou a ter efectivação.

Em Dezembro, abandona a freguesia, por ter sido colocado em outra paróquia, o Abade Manuel Nunes de Campos, que teve, da parte de todo o povo e autoridades, uma grande manifestação de apreço e carinho.

Ainda veio muitas vezes a Espinho a acompanhar, à última morada, os seus antigos paroquianos e amigos.

Morreu na freguesia de Arcozelo, concelho de Gaia, onde está sepultado.

A 1 de Janeiro de 1903, passou a paroquiar a freguesia de Espinho o Rev. Joaquim Teixeira da Silva Amaral, natural de Chave, do concelho de Arouca.

Grande foi a obra do Abade Amaral, sobretudo no esforço que lhe deu a consolação de ver completada a obra grandiosa da Igreja Matriz de Espinho, que ele encontrou nos alicerces.

Deu-se inteiramente à sua Igreja, lutando com falta de rendimento e com a incompreensão de alguns, no dia a dia de uma obra que viu nascer, tomar corpo, para honra e glória de Espinho e de satisfação de quantos o ajudaram.

Morreu em Espinho, a 15 de Dezembro de 1956, com noventa e três anos de idade.

A 4 de Janeiro a Junta tinha feito o dispêndio de 412977 réis nas obras já realizadas, começando a lutar com falta de verba.

Além disso, as deficiências de construção levam a Junta a mandar substituir parte da argamassa e delibera vender terrenos que, em opinião consignada na acta, seriam excelentes para o cultivo da vinha e que hoje se encontram no centro da vila de Espinho.

Para ajudar às despesas feitas, o industrial Alexandre Pinto Alves Brandão, oferece a quantia de 200000, em virtude de não haver dinheiro para pagar as obras já feitas, no montante de 666020 réis.

A pedido da Câmara de Espinho, os exames oficiais de quarta classe, da instrução primária, que se realizavam em Oliveira de Azeméis, passaram a ser feitos em Ovar, para os habitantes de Espinho.

Foi dada a concessão da luz eléctrica a Júlio Domenech e Emílio Ruy del Portal, de Espanha, tendo sido feito, por aqueles concessionários, o depósito de garantia de 500 000 réis, passando a concessão, no ano seguinte, à Companhia Geral de Electricidade, com sede em Espinho, de gerência espanhola.

Em 1904 é inaugurado o Jardim da Graciosa, com um coreto e um pequeno lago.

O Administrador do Concelho, José Fernandes Mourão pede a demissão do cargo, sendo substituído, interinamente, por Augusto de Oliveira Gomes.

Por motivo da eleição para a Câmara, passa a ocupar a Presidência Henrique Pinto Alves Brandão, sendo Vice-Presidente José de Oliveira Gomes.

Espinho principia a ter iluminação eléctrica nas ruas, por se encontrar em funcionamento a Fábrica de Electricidade, que funcionou perto do actual Quartel da Guarda-Fiscal, passando, mais tarde, para um edifício / 23 / da Rua 23, onde hoje estão instalados os Serviços Municipalizados e Polícia.

A Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, em 4 de Fevereiro de 1906, proclama Irmã benemérita a Senhora Condessa da Foz de Arouce, pelos benefícios concedidos para a construção da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, que primitivamente foi do Senhor dos Naufragados e que passava a servir de Matriz, em virtude do mar ter desfeito a Igreja.

Por uma Comissão de Melhoramentos acabou de ser construída uma Praça de Touros, de que faziam parte, como maiores accionistas, Henrique Pinto Alves Brandão e Manuel Francisco de Castro.

Era construída de pedra e cal, sendo o estilo árabe predominante no seu exterior e ali tourearam os melhores nomes do toureiro em Portugal, incluindo as três gerações dos Casimiros, frequentadores da Praia do Espinho, tendo aqui nascido a filha de José Casimiro, Mirita, que muito tem honrado o teatro nacional.

Tinha lotação para cinco mil espectadores e foi, mais tarde, destruída pelo tempo.

Em seu lugar, existe hoje a Creche da Fosforeira Portuguesa.

Nesta Praça foram corridos touros de morte.

A 24 de Fevereiro de 1907, o empreiteiro das obras da Igreja pede a rescisão do contrato, continuando as obras por conta da Junta de Freguesia.

Em vista da exiguidade do orçamento, a Junta de Freguesia oficia a Sua Majestade para que, por intermédio do Ministério das Obras Públicas, se digne subsidiar a construção do Altar-Mor da Igreja Matriz, tendo pedido, à Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda a cedência de um dos sinos da antiga Igreja para o serviço da nova Paroquial, chamando a si a Comissão Fabriqueira da Paróquia de Espinho, que, até aí, era exercida pela referida Irmandade.

Em Dezembro de 1907 a Junta agradece ao Governo de Sua Majestade o subsídio de 800000 réis e bem assim ao Conselheiro Correia Leal, Juiz do Supremo Tribunal de Justiça, pela valiosa interferência para que tal subsídio fosse concedido.

A obra do altar-mor, no respeitante a marcenaria, foi adjudicada a Alberto de Sousa Reis, de Argoncilhe, pela importância de 675000 réis, que mais tarde havia de fundar em Espinho, uma fábrica de móveis que tem o seu nome.

A Junta resolveu ceder terrenos à Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, para instalação de uma nova linha, a 500 réis cada metro.

Em Fevereiro de 1907, em sessão da Câmara, o seu Presidente sugere que se vá pensando na construção do edifício para os Paços do Concelho, no seu local definitivo, em vista do mar ter destruído o primitivo e, segundo declarou, não faltavam, para tal, recursos à Municipalidade.

Solicita-se ao Governo a construção da Avenida de Espinho à Granja.

Em 19 de Setembro de 1907 houve, na praça de touros, recentemente construída, um espectáculo de bailados e descantes populares, a que hoje chamariam folclore, com preços que variavam, sendo o mais barato, ao sol, a 60 réis.

A 8 de Novembro de 1908 visitou Espinho, Sua Majestade El-Rei D. Manuel II, que veio inaugurar o troço da linha do Vale do Vouga, de Espinho a Oliveira de Azeméis, visitando a Fábrica Brandão Gomes.

A linha foi aberta à exploração em 21 de Dezembro desse mesmo ano.

Tempos depois de cair a Igreja, a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda transferiu-se para a nova Capela, quase em frente à Rua do Cruzeiro, mas o mar, em 1909, parecia também não a querer poupar, começando a destruí-la, razão porque a Irmandade pensou em fazer pequenas obras de reconstrução.

No entanto, a Câmara pensou em expropriá-la, para urbanizar o local, declarando que pagaria todos os prejuízos, ao que a Irmandade se opôs tenazmente, ao ponto de declarar que «A Mesa Administrativa desta Irmandade, desde que tomou posse dos seus cargos, envidou todos os esforços e continuará com toda a sua actividade, a fim de conseguir manter inalteráveis os seus direitos, adquiridos por força dos Estatutos e da Lei, custe o que custar e doa a quem doer».

Embora aberta ao culto, esta Capela teve, por despacho de 10 de Junho de 1910, autorização para a sua bênção.

Nesse ano, o mar resolveu a questão entre a Irmandade e a Câmara, avançando até à Rua do Cruzeiro nesse local, tendo-se a Irmandade instalado na Capela de Santa Maria Maior, a 11 de Fevereiro de 1911.

O Capelão da Irmandade pediu um aumento de 10000 réis por ano, em 1908.

Pelo motivo da crescente invasão do mar, o quarteirão do Hotel Beira Alta foi posto à venda por 800 000, não tendo compradores, em virtude do receio do avanço das águas.

A 20 de Dezembro de 1909, foi posto a concurso o lugar de Capelão da Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, sendo nomeado, por proposta mais vantajosa, o Rev. Padre Joaquim Baptista de Aguiar, que mais tarde teve, em Espinho, um Colégio para rapazes e foi Capelão do Corpo Expedicionário em França, onde muito acarinhou alguns espinhenses.

A proposta era de 120000 réis por ano, com as obrigações dos anteriores.

Por deliberação da Câmara, que desde 1908 era da Presidência do Dr. António Augusto de Castro Soares, / 24 / foi resolvido, por proposta do Vereador Narciso André de lima, fazer uma pequena ponte sobre o Rio Largo, de maneira a dar passagem para norte, aos habitantes do lugar do mesmo nome.

A PRAIA DE BANHOS EM 1910

Em outros tempos, o banho de mar era considerado como sendo a terapêutica para certos males, no número dos quais estava, em grande plano, a escrofulose.

Era tomado logo de manhã, recolhendo as pessoas a casa, evitando o sol, que nesse tempo, crestava e dava ar bronzeado às donzelas, que o evitavam com as suas sombrinhas.

Às mais tímidas, o banho era dado petos banheiros, que as levavam ao colo, atirando-as à primeira onda que viesse mais mansa.

Era chamado o banho de choque, que ainda foi usado muitos anos.

Entre as barracas de madeira, havia um grande tolde de pano, onde as pessoas se abrigavam do sol e davam largas às suas conversas.

Mais tarde apareceram as barracas de pano, alindando a praia e acabando com a monotonia das de madeira e com a falta de higiene que elas provocavam.
 

Em Fevereiro de 1909, a Câmara agradeceu ao Visconde de Assentiz a sua valiosa interferência na construção da linha do Vale do Vouga.

Estabeleceu-se a taxa do serviço dos bombeiros, feitos em cinematógrafos, teatros e touradas.

 


A FONTE DO MOCHO

Era situada ao norte de Espinho, perto do local onde hoje se ergue o Pavilhão da Associação Académica de Espinho e foi sacrificada à urbanização, pela necessidade de se continuar a Rua 20 e abrir perspectivas para o norte.

Tinha uma água muito pura, que servia para o chá e preparar bebidas mais requintadas.

Era um passeio muito agradável e dizia-se que, quem uma vez bebesse a água da Fonte do Mocho, nunca mais saía de Espinho.

Tinha largas tradições entre os naturais de Espinho e os seus veraneantes, não só pela frescura da sua água como pelo interesse do local.

Tinha ao lado um grande tanque, onde muita gente ia lavar a roupa, que as lavadeiras anunciavam como mais bem lavada, se o fosse pela água do Mocho.

Hoje, nada existe, a não ser a recordação dos tempos antigos, em que a Fonte do Mocho era um verdadeiro monumento de Espinho, querida pelos seus naturais e admirada pelos visitantes.

 

A 7 de Janeiro de 1910, o naufrágio dum barco das companhas roubou a vida a 7 pescadores, tendo a Câmara recebido telegramas da Rainha Senhora D. Amélia, de El-Rei D. Manuel II, e do Governo Civil e donativos do serviço de Socorros a Náufragos, incluindo prémios aos tripulantes de outro barco que, com perigo e abnegadamente, salvaram muitas vidas.

A Câmara insiste com a Companhia Geral de Electricidade para uma melhor iluminação pública de Espinho que, em 1907, era feita com 160 lâmpadas de 16 velas e doze postes com globos de iluminação por arcos voltaicos de oito amperes, e que funcionavam de 15 de Julho a 15 de Novembro de cada ano.

A Companhia Geral de Electricidade passou a fornecer energia durante toda a noite, em vez de a suspender às duas horas da manhã. A Câmara deu um subsídio, pelo prejuízo que essa decisão trouxe, pois a luz era paga por avença, conforme o número de lâmpadas e não por contador.

A C. P. informou que, conforme o pedido da Câmara, resolvera atrelar carruagens aos comboios procedentes de Badajoz e destinados a Espinho, por motivo da afluência de veraneantes espanhóis.

   
 

CAPELA DE S. PEDRO pág. 25

Construída por iniciativa de alguns Espinhenses e com donativos de residentes em Espinho e Matosinhos, foi acabada no ano de 1941, tendo sido inaugurada em Novembro e benzida no mesmo mês pelo Rev. Abade da Freguesia Padre Joaquim Teixeira da Silva Amaral.

É situada ao sul de Espinho, perto das instalações da antiga fábrica Brandão Gomes, servindo toda a povoação dos pescadores.

 

A 11 de Setembro de 1910 reuniu, pela última vez, a Junta de Freguesia de Espinho com a Presidência do Abade da freguesia, Rev. Joaquim Teixeira da Silva Amaral.

A 10 de Outubro de 1910, o Dr. Joaquim Pinto Coelho, como representante do Governo Provisório da República, empossa a Comissão Administrativa da Câmara Municipal, de que também fazia parte, com os vogais Alfredo Berredo, Francisco de Resende, António Cruz e Francisco Alves Vieira, ficando o Dr. Pinto Coelho como Presidente.

Passado pouco tempo, o Dr. Pinto Coelho, por impossibilidade prevista no Código Administrativo, deixou essas funções para exercer as de Administrador do Concelho.

Passou a assinar as actas, como Presidente, o antigo Vogal Alfredo Berredo. / 25 /

A 11 de Outubro de 1910, o Dr. Joaquim Pinto Coelho, como Administrador do Concelho de Espinho e Delegado do Governo Provisório da República e do Governador Civil de Aveiro, dava posse à Comissão Administrativa da Junta de Freguesia, que era composta por Manuel Casal Ribeiro, como Presidente; Manuel Gomes Ferreirinha, como Vice-Presidente; Joaquim Luís Rodrigues, 1.º secretário; António Pinto Loureiro, como Tesoureiro e Pompeu Duarte de Araújo, como Vogal.

Compareceu também o antigo Presidente da Junta, o Rev. Abade da Freguesia, Padre Joaquim Teixeira da Silva Amaral.

Diz a respectiva acta que «o cidadão Joaquim Teixeira da Silva Amaral declara que da melhor vontade prestaria os seus serviços à Comissão Paroquial, sempre que deles careça e que, dentro do regime republicano fará tudo quanto possa para a prosperidade da Pátria e da sua Paróquia».

Bem cumpriu, através dos anos, a sua promessa de bem servir Espinho com a dignidade de um bom sacerdote e um acrisolado amor à terra, que lhe ficou a dever a conclusão da sua Igreja Paroquial, o que só se tornou possível com o seu trabalho e sacrifício, aliados à boa compreensão e generosidade dos habitantes.

Neste ano foi criado o primeiro hospital em Espinho, com esmolas e ofertas de artigos dos habitantes.

Uma Comissão foi a Lisboa pedir a criação de uma Comarca, com sede em Espinho.

A Junta de Freguesia resolveu ceder a Capela de Santa Maria Maior à Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, visto que, ao contrário do que se supunha, aquela era propriedade paroquial e não particular.  / 26 /


Mercados

O antigo Mercado de Espinho, situado da parte de Baixo da Rua do Cruzeiro, teve o seu desaparecimento com as invasões do mar. Depois foi transferido, por volta de 1910, para o recinto da Capela de Santa Maria Maior, tendo passado ao actual, que foi construído em 1914.

Tem grande movimento diário, ali se encontrando os talhos e peixarias, além da venda de verduras e legumes.

O mercado, que em outros tempos se realizava nos dias 1 e 15 de cada mês passou, com o aumento da população, a ser semanal, sendo hoje um dos maiores, se não o maior mercado semanal do País.

É provido de tudo, desde as roupas feitas até à verdura, tendo um movimento que dá a Espinho, às segundas-feiras, a aparência de um dia de festa.

É situado no Terreiro de D. Afonso Henriques, na Rua 19, perto do edifício da Câmara Municipal, estendendo-se para sul nos terrenos que estavam destinados ao desvio da linha da Companhia Portuguesa, onde já tem alguns quarteirões devidamente preparados.

Além do seu aspecto comercial também representa um grande cartaz de turismo, pela variedade dos produtos expostos à venda, nele se conservando o antigo costume da venda directa do produtor ao consumidor.

Representa ainda uma grande receita para a Câmara e é um auxiliar do próprio comércio local, pela afluência de compradores que, nesse dia, aproveitam para vir a Espinho, principalmente das aldeias circunvizinhas.

Tem várias carreiras de camionetas exclusivas da segunda-feira, servindo as aldeias a alguns quilómetros de distância.

O recinto, belamente arborizado, é muito agradável de verão, com uma folhagem bastante densa e protectora.

O seu arranjo tem merecido o maior cuidado de todas as Vereações, com um piso agradável e limpo e com um permanente cuidado na distribuição dos lugares de venda, em atenção aos produtos oferecidos.

 

páginas 5 a 26

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