Um animador da natação aveirense - Homenagem efectuada em Novembro de 1992.


A natação aveirense nas duas últimas décadas

Logo após a revolução de 1974, a natação, tal como quase todas as outras modalidades desportivas, foi contagiada pelas ideias da massificação desportiva. Este é de facto o fenómeno mais relevante por que o desporto português passou após a revolução de 1974. Este processo proporcionou a muitas crianças a possibilidade de aprender a nadar, sendo o Estado o responsável pela manutenção das piscinas e pelo enquadramento técnico do pessoal.

Aveiro acompanhou este processo através da DGD. Com efeito a DGD era responsável pela organização das escolas de natação, que funcionaram nas piscinas junto ao Liceu José Estêvão. As escolas de natação desenvolviam a sua acção durante o horário normal do funcionalismo público, tendo os Clubes de Aveiro acesso á piscina nas restantes horas, gratuitamente. Foi neste contexto que se manteve a funcionar o Sporting Clube de Aveiro e que apareceu o Clube dos Galitos.

É nestes anos que se organizam manifestações desportivas de âmbito massificador como as Beiríadas e em que Aveiro teve uma forte representação. Este é também o tempo do serviço cívico dos estudantes universitários e em que muitos deles participaram nestas actividades. A massificação do desporto motivou pois muita e boa gente, mas teve sempre adjacente fortes conotações políticas, que acabaram por ferir de morte aquilo que poderia ter sido o embrião do hoje tão falado desporto escolar.

Em termos competitivos, a natação de Aveiro evolui a partir da actividade do Sporting Clube de Aveiro, ainda antes do 25 de Abril, pela mão do professor Costa Lobo e do Sr. Tenreiro, para ter um forte incremento com a vinda para Aveiro do professor Pintassilgo, já após a Revolução. Neste tempo foi possível motivar os Clubes da Cidade (Galitos e Sporting) e do Distrito, como o Sport Algés e Águeda, o União de Lamas, etc.. É também nos anos pós revolução que se dá um passo decisivo para a natação aveirense e que foi o início do processo que veio a terminar com a constituição legal da Associação de Natação de Aveiro, tarefa para que contribuíram o Comandante Faria dos Santos e o Sr. Carlos Teixeira, entretanto desaparecidos, para além do já mencionado Prof. Pintassilgo.

Vão passando os anos e a vontade política que mantinha a massificação desportiva vai esmorecendo. Também os elevados custos para o Estado que esta política obrigava deram argumentos para a sua progressiva desactivação. É neste cenário de morte anunciada do plano de desenvolvimento da natação que os Clubes de Natação vão ser, de 1977 em diante, os grandes dinamizadores da modalidade em Aveiro. É por volta deste ano que se constitui o Centro Desportivo S. Bernardo e, pouco mais tarde, reaparece o Clube dos Galitos, que entretanto tinha cessado a actividade.

Durante os anos oitenta são os Clubes da Cidade (Sporting, Galitos e S. Bernardo) que suportam a natação de competição e proporcionam á comunidade o ensino da natação. Durante este período estes Clubes mantiveram atletas de competição que, apesar das condições em que treinavam, conseguiram em termos individuais ou colectivos resultados meritórios para a cidade. Nos finais da década de oitenta a natação começa a estagnar, fruto das condições precárias em que a piscina da DGD laborava. Nesta altura é importante realçar o digno esforço da ANA, que conseguiu espalhar a mais localidades do Distrito a prática da natação.

No ano 1991, a Câmara Municipal concluiu as piscinas do Sport Clube Beira­-Mar, que, infelizmente, ainda não vieram proporcionar melhoras substanciais À natação de Aveiro, até porque, entretanto, fecharam para renovação as piscinas da DGD.

António Grangeia


 

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