Logo após a revolução de 1974, a
natação, tal como quase todas as outras modalidades desportivas, foi
contagiada pelas ideias da massificação desportiva. Este é de facto o
fenómeno mais relevante por que o desporto português passou após a
revolução de 1974. Este processo proporcionou a muitas crianças a
possibilidade de aprender a nadar, sendo o Estado o responsável pela
manutenção das piscinas e pelo enquadramento técnico do pessoal.
Aveiro acompanhou este processo através
da DGD. Com efeito a DGD era responsável pela organização das escolas de
natação, que funcionaram nas piscinas junto ao Liceu José Estêvão. As
escolas de natação desenvolviam a sua acção durante o horário normal do
funcionalismo público, tendo os Clubes de Aveiro acesso á piscina nas
restantes horas, gratuitamente. Foi neste contexto que se manteve a
funcionar o Sporting Clube de Aveiro e que apareceu o Clube dos Galitos.
É nestes anos que se organizam
manifestações desportivas de âmbito massificador como as Beiríadas e em
que Aveiro teve uma forte representação. Este é também o tempo do
serviço cívico dos estudantes universitários e em que muitos deles
participaram nestas actividades. A massificação do desporto motivou pois
muita e boa gente, mas teve sempre adjacente fortes conotações
políticas, que acabaram por ferir de morte aquilo que poderia ter sido o
embrião do hoje tão falado desporto escolar.
Em termos competitivos, a natação de
Aveiro evolui a partir da actividade do Sporting Clube de Aveiro, ainda
antes do 25 de Abril, pela mão do professor Costa Lobo e do Sr.
Tenreiro, para ter um forte incremento com a vinda para Aveiro do
professor Pintassilgo, já após a Revolução. Neste tempo foi possível
motivar os Clubes da Cidade (Galitos e Sporting) e do Distrito, como o Sport Algés e Águeda, o União de Lamas, etc.. É também nos anos pós
revolução que se dá um passo decisivo para a natação aveirense e que foi
o início do processo que veio a terminar com a constituição legal da
Associação de Natação de Aveiro, tarefa para que contribuíram o
Comandante Faria dos Santos e o Sr.
Carlos Teixeira, entretanto
desaparecidos, para além do já mencionado Prof. Pintassilgo.
Vão passando os anos e a vontade
política que mantinha a massificação desportiva vai esmorecendo. Também
os elevados custos para o Estado que esta política obrigava deram
argumentos para a sua progressiva desactivação. É neste cenário de morte
anunciada do plano de desenvolvimento da natação que os Clubes de
Natação vão ser, de 1977 em diante, os grandes dinamizadores da
modalidade em Aveiro. É por volta deste ano que se constitui o Centro
Desportivo S. Bernardo e, pouco mais tarde, reaparece o Clube dos
Galitos, que entretanto tinha cessado a actividade.
Durante os anos oitenta são os Clubes da
Cidade (Sporting, Galitos e S. Bernardo) que suportam a natação de
competição e proporcionam á comunidade o ensino da natação. Durante este
período estes Clubes mantiveram atletas de competição que, apesar das
condições em que treinavam, conseguiram em termos individuais ou
colectivos resultados meritórios para a cidade. Nos finais da década de
oitenta a natação começa a estagnar, fruto das condições precárias em
que a piscina da DGD laborava. Nesta altura é importante realçar o digno
esforço da ANA, que conseguiu espalhar a mais localidades do Distrito a
prática da natação.
No ano 1991, a Câmara Municipal concluiu
as piscinas do Sport Clube Beira-Mar, que, infelizmente, ainda não
vieram proporcionar melhoras substanciais À natação de Aveiro, até
porque, entretanto, fecharam para renovação as piscinas da DGD.
António Grangeia |