Armor Pires Mota nasceu a 4 de Setembro de 1939 em Águas Boas, freguesia
de Oiã.
Filho de lavradores, estudou na escola da sua terra, no Seminário de
Aveiro (1951-1960); frequentou Teologia (9.º ano), no Seminário dos
Olivais, em Lisboa, entre 1960-1961. Abandonando, entretanto, o trajecto
em 1961, estudou no Colégio de Sangalhos, 1961-1962. Fez o curso de
oficial miliciano na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, tendo sido
mobilizado em 1963 fazendo a comissão de serviço na Guiné, como alferes
miliciano, onde participou na batalha do Como, considerada a 14.ª mais
importante, travada pelos militares portugueses durante a sua História.
Ainda em comissão de serviço, começou a publicar no “Jornal da Bairrada”
o seu diário de guerra. Editado em livro em 1965 com o título de
Tarrafo, foi apreendido pouco depois pela Pide e proibido de
circular em Portugal e, muito menos, de sair para o estrangeiro. Bem
como tendo começado a publicar poesia aos 17 anos, jamais abandonou esta
área, mesmo em tempo de guerra. É deste período o livro Baga-Baga,
que ganhou o Prémio Camilo Pessanha, 1968, concurso que vinha sendo
promovido pelo SNI (Serviço Nacional de Informação).
Já regressado e porque a guerra é uma ferida ou cicatriz violenta que
sempre fica, escreveu “O tempo em que se mata o mesmo em que se morre”
Editora Pax, 1974 e “Impossível um Pássaro”, Editora Pax, 1979.
Na sequência de tal laboração, figura em algumas antologias poéticas,
nomeadamente em “Poetas da Liberdade” e “Poesia da Guerra
Colonial: uma ontologia do eu estilhaçado” (Edições Afrontamento.
A guerra continuou a ser tema e veio a escrever ainda contos (“Guiné
Sol e Sangue”, “Cabo Donato Pastor de Raparigas” e os
romances “Estranha Noiva de Guerra” e “A Cubana que dançava
Flamenco”.
Em 1974, abalançou-se a ser pequeno empresário, depois de trabalhar em
várias empresas (Caixa Geral Geral de Depósitos, Aveiro, Caves Aliança,
Sangalhos, e Handy Portuguesa, Águeda, acumulando com as funções na
Soberania do Povo). Ainda hoje dirige a empresa, criada em 1980 na
Zona Industrial de Oiã, vindo a desfazer-se, entretanto, da primeira
adqurida em 1974.
Durante 22 anos, dedicou-se ao jornalismo e à escrita (crónica, poesia,
ficção e monografia, com especial destaque para este último patamar).
Entre 1970 e 1974, chefiou a Redacção da centenária “Soberania do Povo”,
reerguendo-a do marasmo semanal e consequente pequena tiragem.
Entretanto, de 1989 a 2008, chefiou o “Jornal da Bairrada” que
passou de quinzenário a semanário. Em ambos foi publicando, antes, as
suas primícias literárias.
Colaborou em jornais regionais, como “Correio do Vouga”, Aveiro, “Sol da
Bairrada”, Mealhada e outros, a norte.
Na área do jornalismo, colaborou ainda na revista OBSERVADOR, Lisboa,
“Jornal de Notícias”, “Comércio do Porto” e “Primeiro de Janeiro”.
Foi editor da Revista ITINERÁRIO, com sede em Coimbra.
Deixou trabalhos dispersos por revistas (“Panorama”, “Acção” e “Jornal
do Exército”); por suplementos literários de jornais nacionais
como “Diário de Notícias”, “Diário da Manhã”, “Notícias de Lourenço
Marques” e “Comércio de Luanda”.
É sócio fundador da AJEB (Associação de Jornalistas e Escritores da
Bairrada), de que foi também dirigente; sócio e dirigente da ADERAV,
Aveiro, e sócio da Associação Portuguesa de Escritores. Figura no
Dicionário Internacional da Arte, da Literatura e da Cultura
Contemporânea e igualmente no Dicionário Cronológico de Autores
Portugueses, organizado pelo IPLB. Consta, com algum espaço, ainda
do livro em língua alemã “Studien Zur Lusographie in Afrika” a
propósito de “Tarrafo” e “Baga Baga”.
A partir de
1990, dedica especial atenção ao levantamento histórico e patrimonial de
muitas
e variadas
terras, recolhe usos e costumes, conforme consta da sua Bibliografia. |