João Evangelista
Vieira Sarabando, ou simplesmente João Sarabando, foi um Aveirense
que marcou de uma forma natural, mas duradoura, quem o conheceu ou
com ele conviveu mais de perto.
Homem de profundas
convicções democráticas e reconhecidas qualidades humanas,
distinguiu-se, com a simplicidade que lhe era própria, mesmo nas
tarefas mais humildes. Sempre disponível para organizar um evento,
uma exposição, uma comemoração que achasse importante para a
democracia do seu país, ajudando, sem hesitar, um amigo que
estivesse num momento mais difícil.
Já o seu grande e muito admirado amigo
Mário Sacramento, companheiro de muitas lutas e da Tertúlia do Café Trianon,[1]
dizia no seu diário[2]
(anexo 1): “João Sarabando é apenas isto: o melhor homem e o mais
honrado que conheci até hoje! Ando há um ror de anos para lhe
descobrir um defeito e vou morrer sem o ter conseguido, o que é uma
lástima, pois derrota a minha escala de valores! Isso rói-me tanto
mais quanto João Sarabando é um dos raros discípulos que Homem
Cristo deixou em Aveiro, mas discípulo que só lhe herdou as
qualidades...”
Tais
palavras são bem reveladoras de um carácter fraterno, capaz de uma
amizade sincera e desinteressada, exemplo de humanidade e de
civismo.
Publicista,
como gostava de ser conhecido, jornalista-escritor, diríamos nós,
era também praticante e fervoroso amante do desporto, etnólogo por
paixão, coleccionador incansável de tudo o que lhe interessasse (uma
fotografia antiga, um postal autografado, uma carta de um amigo, um
artigo censurado, uma cantiga popular, etc.) Era, ainda, um eterno
admirador de Aveiro, das suas gentes e da sua cultura.
João
Sarabando conseguiu gerir uma vida plena, verdadeiramente preenchida
e completa, concedendo-nos uma nobre lição de tolerância e de
bondade, sempre em busca do mais justo, honesto e verdadeiro, nunca
desistindo de lutar por esses ideais.
Mas a sua mensagem
não foi em vão, pois ainda hoje podemos ver, nas tardes de
Segunda-feira, reunirem-se no Café Convívio, os seus amigos e
admiradores, numa tertúlia a que deram o nome: Tertúlia João
Sarabando.
Significativa
homenagem, esta!
Fotos da Tertúlia do Trianon – em anexo.
Mário Sacramento faz publicar as páginas 56-58 do seu Diário
em jornais como Litoral, "O Norte Desportivo" ou "A Bola",
intitulando-o Este João Sarabando, enquadrando-o na
homenagem que um extenso grupo de amigos lhe preparou em
11.12.1965, pelos seus 40 anos de jornalismo (anexo 2). Essa
homenagem viria a ser proibida pelo Governador Civil da altura.
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