75 SEMINÁRIOS

Aos 11 anos, entrei no seminário dos Jesuítas, conhecido por «Escola Apostólica». Por si, um nome a aprofundar. Nessa altura, só conhecia mais um seminário – dos Salesianos. Achava mais que suficiente. E fiquei baralhado ao saber de seminários por toda a parte. Mais: haver seminários nas universidades, empresas e sei lá que mais.

Felizmente, o meu seminário inicial preparou-me para não fugir de coisas que não percebia. A pôr pelo menos entre parênteses, como ainda hoje faço com o problemático e até abusado conceito de dogma (que materializa ou racionaliza o que está infinitamente acima, quer do material, quer do racional). À medida que me debatia com diversos cursos superiores, foi-se revelando o sentido profundo, utilidade e abertura de horizontes, nessas reuniões em que um ou diversos peritos dialogavam com os mais novos, levando a sério perguntas até aparentemente simplórias, mas talvez por isso observações com a clareza, autenticidade e o valor da dimensão humana, dando a importância devida aos sentimentos em todos os problemas.

Os seminários passaram assim a ser o processo ideal para autêntica «educação» – ou «extracção» da riqueza de cada qual. Para que os vários ângulos de visão sejam todos eles tidos em conta, apontando assim os temas de maior consenso e sem denegrir os de menor consenso ou mesmo isolados. A verdade não depende de «maiorias» nem «minorias». Depende de nunca deixarmos de a procurar e facilitar uma pesquisa e decisão honestas.

75 Seminários? Quantas vezes 75?

É claro: cada seminário tem o seu modo de agir e de organização. Até a mesma instituição, por muito notável que tenha vindo a ser, é 1 seminário por cada ano que passa e, muito importante, 1 seminário PARA CADA ANO.

O Seminário de Santa Joana tem sido imprescindível farol que avisa sobre as situações com maior ou menor perigo, pondo à disposição de quem quiser «o mapa mais completo possível da vida humana». 75 aventuras – para todos os que se serviram das diversas riquezas dessa instituição. Como outros seminários, alertou para trajectórias egoístas, fraudulentas, destruidoras… que desumanizam mestres e discípulos.

E cada família ou cada grupo de amigos ou conhecidos não poderão formar um seminário? À volta da mesa, num jardim… até os sonhos têm lugar e se discute informalmente e com amizade tudo o que nos sai do coração: «Mas por que queres isso? Achas que podes? Bem, pelo que dizes… E se gostas tanto do que dizes, não achas que poderias vir a ser um bom padre – ou uma boa freira?… E não faltam duras aventuras!»

Seminário virá de semente? Assim pensava e com alguma razão: no séc. XIV, seminarium designava terreno apto para fazer crescer novos vegetais, ganhando o significado de fonte, causa… No séc. XVI, já tinha o sentido actual. Vale ainda a pena referir que na época clássica ganhava o estatuto de «princípio vital de um fenómeno». Guarda o sentido de semente (sémen em latim) para uma profissão. Pouco a pouco, designou o edifício próprio para seminários.

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Do radical indo-europeu SE, provêm semear (latim serere, inglês sow), disseminar, inseminar… e o inglês season, que apontava a «estação do ano» mais favorável para o trabalho agrícola – como o francês saison e vários termos agrícolas portugueses: sazão, sazoado, sazonar, sazonado…

A agricultura tem profunda representação simbólica no processo educativo em geral. Os exemplos dados têm todos o sentido alargado de agradável, oportuno.

Por tudo isto: LAUDATO SI’ !

Quem diria que os nossos campos eram seminários! E tantos com muito mais do que 75 sazões!

Aveiro, 16 de Novembro de 2025

 

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