Mesmo com nuvens
negras, é sempre um dia bonito. Em terras de «compasso», quando se
palmilhavam caminhos com cheiro a terra e a flores, não era possível
acompanhar a cruz engalanada sem «ressuscitar» com esse cheiro a
vida, a amizade, a saudade e a alegria. Até o mais azedo dos padres
esforçava um sorriso e ser cristão parecia afinal que é ser feliz.
A Páscoa é sempre
«pagã»
Porque nasce do
campo, com a força da primavera
E as flores nos
cativam com promessas de frutos.
Porque tem a
serenidade após as torturas do inverno.
Porque cheira ao sol
que brilha na chuva
E transforma a terra
em «páginas» cultivadas
Donde nascem os
grandes livros e pensamentos
E até as cidades que
se firmam em «pactos» de «paz».
É a Páscoa dos
«discípulos de Emaús»:
Afastavam-se de
Jerusalém, lembrando esperanças perdidas.
(Até o melhor dos
homens conhece a morte
E dói muito ver
partir quem caminha connosco de braço dado…)
Mas guardavam de
Jesus uma imagem luminosa
Porque o seu agir e
falar apontavam para o futuro
Para melhor vida nas
gerações que ajudamos a crescer
(Lembrando a mulher
que, pelas dores de parto,
Exulta de alegria por
ter gerado uma vida nova).
Confusos como todos
os discípulos
Não conseguiam abrir
as «páginas» da vida e das Escrituras.
Quando as souberam
ler?
– Ao darem atenção a
um desconhecido viajante…
Ω
Quem seria o simpático viajante (Lucas, 24, 17), o fugidio
jardineiro (João, 20, 15), o amigo da praia (João, 21, 5), o
instigador de respostas e o pacificador das nossas escolhas (João,
21, 17)?
Mesmo um estranho sem «cartas de recomendação» pode a vir ser um
amigo…
Os primeiros amigos de Jesus sentiram profundamente que era Jesus e
que vive agora a vida de Deus. Na sua simplicidade, falam dele como
um amigo que, de forma misteriosa, os conforta e entusiasma.
Experimentaram que a tristeza e a morte pertencem ao mundo
passageiro; e que podemos, desde já, acompanhar festivamente «a cruz
engalanada» – porque vamos em boa companhia… |