Já lá vão uns bons anos que uma companhia de teatro trouxe ao
Claustro do Convento uma peça em que Santa Joana Princesa era
vilipendiada.
Eu não assisti ao
espectáculo, mas soube que o Emérito Bispo de Aveiro, D. António
Marcelino, em manifesta demonstração de repulsa e protesto,
abandonara o recinto onde se representava.
Desde
aí, ficou gravado no meu inconsciente que esse insulto à nossa Santa
Padroeira deveria ser desagravado.
Terá
sido já à sombra desse propósito que, um dia, adquiri uma serigrafia
do artista Jorge Trindade com uma interpretação plástica de Santa
Joana. E a ideia da reparação do agravo foi ganhando corpo.
Muitas
vezes acompanhei meu sogro, Alberto Souto, ao Museu de Aveiro, de
que era director.
No
caminho para o seu gabinete, parava sempre em frente ao túmulo de
Santa Joana, guardando, de pé, reverentemente, uns minutos de
profundo recolhimento.
Esta
sua atitude marcou-me deforma indelével.
É por
tudo isto que me surgiu a ideia de pedir, a um conjunto
diversificado de artistas plásticos, que lessem hac hora a
nossa Santa Joana. É esta a razão desta mostra; é esta a razão deste
meu «ex-voto».
Paulo Catarino
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(1)
– Esta era a versão
original, eliminada e substituída pela que figura no catálogo
impresso.
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