Acesso à hierarquia superior.

Egas Salgueiro e a Empresa de Pesca de Aveiro – As minhas memórias

O Engenheiro Gomes da Costa

Muito bem, vamos aqui contar como o Eng.º Gomes da Costa aparece na E.P.A., não como funcionário, mas como colaborador.

A E.P.A. tinha apenas um transformador com a potência de 250 KVA, coisa pequena.

O nosso engenheiro responsável era o próprio Eng.º Salgueiro, licenciado em Electrotecnia.

Eng.º Gomes da Costa

Quando se fez a Fábrica de Conservas e os Secadores Artificiais, tivemos de aumentar a potência que recebíamos em média tensão (15 KV) em mais 630 KVA.

Quem nos fez este trabalho foi uma empresa da especialidade, a Jayme da Costa, de Vila Nova de Gaia, aí por volta de 1967.

Mais tarde, com a montagem de um novo complexo Frigorífico e a Fábrica de Processamento de Peixe, o PT (Posto Transformador) foi aumentado mais 630 KVA.

Nessa altura, o responsável era o engenheiro Celso, que estava nos Estaleiros de São Jacinto.

Como talvez saibam, havia uma forte ligação com a Fundação Roeder. E deve ter sido essa a justificação da sua presença.

Quero aqui deixar bem claro que eu fazia projectos para navios, aprovados pela Lloyd’s, em Londres, mas a DGE (Direcção Geral de Energia) não me deixava nas instalações em Terra, porque não era engenheiro.

Entretanto, o Eng.º Celso foi convidado para ir fundar a Renault e deixou de colaborar connosco.

Havia então a necessidade de arranjar um novo técnico.

O Eng.º Salgueiro queria um engenheiro dos Serviços Municipais, por quem tinha alguma amizade, e eu não queria, apesar de ele ter sido meu professor.

Quero aqui informar que sempre tive para com os meus Professores enorme estima e admiração e que era correspondido.

 Sempre tive a noção que a corrente parte sempre pelo elo mais fraco, que, neste caso, era eu.

Ora, eu tinha e tenho pelo Eng.º Gomes da Costa uma grande amizade, que perdura há 40 anos, desde os bancos na Escola Industrial e Comercial de Aveiro.

Não nego, pois, esse interesse pela via da amizade.

Mas tive de me sentar à mesa com o Eng.º Salgueiro para lhe explicar que, acima das nossas amizades, estava o superior interesse da E.P.A. E qual o argumento?

Eu queria ao meu lado um homem ligado à força motriz, que havia na Celulose, onde o Eng.º Gomes da Costa trabalhava, porque a nossa actividade era a 80% a força motriz.

E o Eng.º Salgueiro deu-me razão. Entrou o engenheiro Gomes da Costa na E.P.A., em 1983, para o projecto do PT dos novos escritórios, juntamente com o arquitecto Cravo.

Mais tarde vieram a confirmar-se as minhas ideias. Vejamos porquê.

Estava eu no Faial com uma avaria no Guincho de pesca do “Santa Cristina” e o navio teve que vir para Aveiro. Por falta de manutenção que já se verificava, na parte final da Empresa, não consegui resolver a avaria. Durante 30 anos, foi o único caso de insucesso que tive. Como o Eng.º Gomes da Costa tinha na Celulose máquinas idênticas, com núcleos magnéticos saturáveis, pedi-lhe uma ajuda. E deu-ma sem cobrar nada à Empresa.

Recordo que até foi mais que um dia, mas só no sábado de tarde se descobriu a avaria, tendo ainda de ir de carro a Aveiro para arranjar um contactor Siemens. Sim, porque um navio não podia sair com qualquer peça. E outros mais trabalhos. Mais tarde foi o meu Presidente de Júri, num exame que fizemos no Colégio de Calvão, também de uma forma gratuita.

É bom ter Amigos assim! E por aqui nos ficamos.

 

 

página anterior início página seguinte

04-05-2018