Postais de J. L. Christo

Embora o espólio de postais de José Luís Christo seja bastante reduzido (63 postais) e, na sua grande maioria, já existentes no espaço «Aveiro e Cultura», optámos por repeti-los nas páginas deste colaborador, na medida em que alguns, segundo nos pareceu numa primeira abordagem, apresentam melhor qualidade que outros anteriormente cedidos para inserção na secção destinada aos postais ilustrados. Não significa isto que a quantidade de ficheiros vá aumentar no servidor onde as páginas se encontram alojadas e no computador que serve de base para arquivo e programação. Como será isso possível?

Sempre que os postais estejam repetidos e a sua qualidade seja equivalente aos já existentes, limitar-nos-emos a inserir nas páginas deste colaborador as imagens há muito digitalizadas e existentes na secção dos postais ilustrados. E, inversamente, sempre que encontremos postais ainda não existentes ou cuja qualidade seja superior ao material já existente, efectuaremos a digitalização em alta resolução e os novos ficheiros de imagem, alojados nas páginas de J. L. Christo, irão também aparecer na secção dos postais ilustrados. Deste modo, o espólio geral de postais existentes relativo à cidade de Aveiro ficará reunido num único espaço, ao contrário do que fizemos, nos começos deste segundo milénio, com o espólio de Morais Sarmento.

Antes de digitalizarmos e colocarmos os postais nas páginas, começámos por uma fase de catalogação, dividindo a colecção em duas grandes categorias, criando deste modo uma espécie de taxonomia relativa a postais. Começámos por dividir a colecção em dois grandes grupos: postais fotográficos e postais tipográficos. Embora actualmente todos os postais passem pelas tipografias, em tempos recuados os postais fotográficos eram feitos exclusivamente em laboratórios fotográficos, muitas vezes sendo a legenda gravada directamente durante o momento da ampliação do negativo. Em alguns casos, acontecia que todos os postais, feitos em folhas de papel adquiridas em caixas de cem, em dimensões rigorosas designadas por «formato postal», depois de enchida uma caixa com cem exemplares devidamente esmaltados ou, frequentemente, por esmaltar e apenas com o brilho ou sem ele, e com a tonalidade e a textura escolhida pelo fotógrafo, passavam por uma tipografia para lhes ser acrescentada uma breve legenda na margem inferior, ou até mesmo sobre a mancha fotográfica. Mas esta breve passagem em nada colide com a divisão que aqui fizemos. Numa fase inicial, antes do aparecimento da fotografia a cores, os postais eram feitos no ampliador e, em seguida, ainda com uma ligeira humidade após a lavagem final, pintados manualmente, antes de serem devidamente secados e postos à venda. Era uma trabalheira dos diabos, que exigia uma certa técnica e muita paciência. Tinha a vantagem de ser um trabalho feito à luz do dia, sem necessidade de estar enfiado num laboratório fotográfico quase às escuras. Não era por acaso que os postais coloridos eram muito mais caros que os normais, designação habitual dos postais a preto e branco. Os postais pintados à mão tinham de ser feitos em papel mate, sem qualquer esmaltagem ou brilho, numa qualidade de papel fotográfico geralmente produzido expressamente para esse efeito.

Dentro das duas grandes categorias anteriormente indicadas, dividimos os postais tipográficos em duas subcategorias: postais monocromáticos e policromáticos. Dentro dos monocromáticos, encontramos postais a preto e branco e postais com fundo sépia, castanhos, azulados e esverdeados. Neste espólio, encontramos também postais que não são mais do que uma reprodução de postais antigos.

Falta-nos agora referir a proveniência dos postais. Por aquilo que pudemos constatar da análise dos exemplares que nos foram temporariamente emprestados, não podemos dizer que J. L. Christo seja um coleccionador de postais. O que aqui temos é uma colecção de postais que foram sendo guardados ao longo do tempo, numa razoável quantidade, tendo no verso a lápis a indicação JAC. O que significa este JAC? As iniciais de um familiar? Alguns amigos, a quem pusemos a pergunta, disseram-nos ser as iniciais de João Afonso Christo. Outros disseram-nos ser pouco provável, por terem conhecido este aveirense, irmão de J. L. Christo e, pelo que sabiam dele, não ser pessoa dada a coleccionar postais. Mas isto é entrar um pouco no domínio familiar. O importante é registarmos aqui o espólio que, embora pequeno, nos mostra que esta família se interessou exclusivamente pela cidade de Aveiro ou sua região, porque não existem postais de nenhum outro lugar.

Já agora, a título de curiosidade e até porque recebemos informações posteriores acerca disto, este espólio documental (postais e fotografias) pertenceu originalmente a António Christo. Por falecimento deste, passou para a posse de João António Christo e, finalmente, por idêntica razão, para o actual dono.

Aveiro, 24 de Junho de 2021

Henrique J. C. de Oliveira

 

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24-06-2021