No dia 14 de Maio de 1989,
foram inauguradas as novas instalações da Junta de Freguesia da
Glória, num edifício recuperado e doado pela Câmara Municipal de
Aveiro àquele órgão autárquico, sito na Rua de Mário Sacramento. O
acto contou com a presença, entre outras individualidades, do
Presidente da Assembleia Municipal, Francisco da Encarnação Dias, do
Presidente da Edilidade, Dr. José Girão Pereira, do Presidente da
Assembleia de Freguesia, José Carlos Miranda Calisto, Presidente da
Junta de Freguesia, Fernando Tavares Marques, Governador Civil do
Distrito, Dr. Sebastião Dias Marques, e Vigário Geral da Diocese,
Monsenhor João Gonçalves Gaspar.
A cerimónia teve início com a assinatura do instrumento de doação do
referido edifício, deliberada em sessão camarária de 24 de Abril e
aprovada em reunião da Assembleia Municipal de 9 de Maio. O acto
realizou-se na sala das sessões, completamente cheia de pessoas, e a
respectiva escritura foi lida pelo Director dos Serviços
Administrativos da Câmara Municipal, Alfredo José Alves Rodrigues.
Na sua intervenção, que se seguiu, o Presidente da Junta de
Freguesia disse:
— «Com a simplicidade e a alegria das coisas importantes, na vida
das pessoas como na das comunidades, estamos hoje aqui a festejar a
inauguração da nova casa dos cidadãos da Freguesia da Glória, do
Município de Aveiro.
Este facto seria, só por si, motivo de júbilo, não fora também a
reabilitação deste magnífico edifício que honra a cidade a que todos
nos devotamos.
Para nós, autarcas desta Freguesia, este dia representa a
concretização de um sonho, a que se segue agora o desafio de tornar
este espaço apetecível ao cidadão e aberto a todas as suas
iniciativas válidas.
Da nossa parte, o que podemos garantir é o nosso propósito de
colaborar com todos quantos entendem útil a nossa intervenção e
também a de começar a pensar na concretização de outros projectos
que afectam a nossa Autarquia. É esta, de resto, a maneira de estar
na vida da generalidade dos autarcas presentemente preocupados e
insatisfeitos, sempre à espera de resolver cada dia os pequenos ou
os grandes problemas da nossa sociedade.
Vai longe o tempo em que as Juntas de Freguesia quase se limitavam a
passar certidões e atestados. De meros figurantes integrados do
"parafuso mais ferrugento da engrenagem política da Nação", como
alguém disse, as Freguesias e respectivas Juntas passaram a ser,
quantas vezes, protagonistas de todo um progresso do nosso país,
sendo minha opinião que o processo de regionalização que, quer se
queira quer se não queira, será uma exigência que, a muito curto
prazo, vai determinar um crescente poder de intervenção das nossas
autarquias.
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A Junta, a que me honro
presidir, está ciente das crescentes responsabilidades que sobre si
como sobre outros impendem e assegura, enquanto tiver esse encargo,
que tudo fará para melhorar a qualidade de vida dos seus
concidadãos.
Não quereria terminar as minhas palavras sem deixar aqui o meu
agradecimento pelo apoio e pelo empenho que o Sr. Presidente da
Câmara pôs na consecução deste objectivo. O seu dinamismo e a sua
imaginação foram o fermento. A sua visão do futuro fez o resto.»
Por seu turno, o Presidente da Câmara congratulou-se pelo acto
festivo, dizendo que a inauguração da sede da Junta de Freguesia lhe
proporcionava «a ocasião para falar sobre o poder local, qual o
futuro das freguesias, quais os meios financeiros, as suas
atribuições e dificuldades.» O Dr. Girão Pereira, na continuação,
sublinharia ainda a boa solução da não demolição do edifício porque
— disse — «no plano de urbanização o mesmo estava previsto ser
demolido»; e, prosseguindo, acentuou: — «Este espaço vai ser um
local de debate e não apenas de serviço burocrático; será um espaço
aberto à comunidade.» Depois de exemplificar as suas palavras com a
referência ao centro de dia para os idosos, o Presidente da
Edilidade manifestou o voto de que as pessoas façam viver o edifício
da Junta e se empenhem para que a população viva cada vez melhor.
Nas suas palavras, o Dr. Girão Pereira também fez várias
considerações quanto ao poder local, lembrando que há necessidade de
«reflectir o poder local, de melhorar a sua qualidade, pois nos
últimos anos ele tem sido o poder da humildade; de momento, ele
encontra-se numa fase de transição, sendo essencial que intervenha
no campo social, cultural e de desenvolvimento económico.»
A finalizar, o responsável da Câmara Municipal poria em relevo o
papel da comunidade e dos cidadãos para a resolução dos problemas
locais. «É preciso — afirmou — que os cidadãos conscientes, serenos,
civicamente bem formados e politicamente bem preparados, sejam cada
vez mais capazes de assumirem os destinos das suas localidades; no
entanto, é imprescindível também que as Juntas de Freguesia assumam
cada vez mais competências e mais participação na gestão das
pequenas comunidades.»
O Governo Civil de Aveiro, encerrando a sessão, proferiu palavras de
incentivo, recordando que o poder local deve desenvolver também uma
actividade de dimensão social e que é salutar numa crítica ponderada
dos cidadãos de forma a não estorvar mas a melhorar a acção dos
órgãos locais na resolução dos problemas que afectam as populações.
Integradas no meio em que estão inseridas — disse o Dr. Sebastião
Marques — as autarquias representam naturalmente, por si e por força
do mandato popular, os interesses e as aspirações das freguesias e
dos concelhos.
(in “Boletim Municipal de Aveiro”, Ano VII, 1989, N.º 13/14) |