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Freguesia de Nossa Senhora da Glória, Aveiro, Junta de Freg. de Nª Srª da Glória, 1997, págs. 87 e 88.

Acerca da nova sede da freguesia

 

No dia 14 de Maio de 1989, foram inauguradas as novas instalações da Junta de Freguesia da Glória, num edifício recuperado e doado pela Câmara Municipal de Aveiro àquele órgão autárquico, sito na Rua de Mário Sacramento. O acto contou com a presença, entre outras individualidades, do Presidente da Assembleia Municipal, Francisco da Encarnação Dias, do Presidente da Edilidade, Dr. José Girão Pereira, do Presidente da Assembleia de Freguesia, José Carlos Miranda Calisto, Presidente da Junta de Freguesia, Fernando Tavares Marques, Governador Civil do Distrito, Dr. Sebastião Dias Marques, e Vigário Geral da Diocese, Monsenhor João Gonçalves Gaspar.


A cerimónia teve início com a assinatura do instrumento de doação do referido edifício, deliberada em sessão camarária de 24 de Abril e aprovada em reunião da Assembleia Municipal de 9 de Maio. O acto realizou-se na sala das sessões, completamente cheia de pessoas, e a respectiva escritura foi lida pelo Director dos Serviços Administrativos da Câmara Municipal, Alfredo José Alves Rodrigues.


Na sua intervenção, que se seguiu, o Presidente da Junta de Freguesia disse:
— «Com a simplicidade e a alegria das coisas importantes, na vida das pessoas como na das comunidades, estamos hoje aqui a festejar a inauguração da nova casa dos cidadãos da Freguesia da Glória, do Município de Aveiro.


Este facto seria, só por si, motivo de júbilo, não fora também a reabilitação deste magnífico edifício que honra a cidade a que todos nos devotamos.


Para nós, autarcas desta Freguesia, este dia representa a concretização de um sonho, a que se segue agora o desafio de tornar este espaço apetecível ao cidadão e aberto a todas as suas iniciativas válidas.


Da nossa parte, o que podemos garantir é o nosso propósito de colaborar com todos quantos entendem útil a nossa intervenção e também a de começar a pensar na concretização de outros projectos que afectam a nossa Autarquia. É esta, de resto, a maneira de estar na vida da generalidade dos autarcas presentemente preocupados e insatisfeitos, sempre à espera de resolver cada dia os pequenos ou os grandes problemas da nossa sociedade.


Vai longe o tempo em que as Juntas de Freguesia quase se limitavam a passar certidões e atestados. De meros figurantes integrados do "parafuso mais ferrugento da engrenagem política da Nação", como alguém disse, as Freguesias e respectivas Juntas passaram a ser, quantas vezes, protagonistas de todo um progresso do nosso país, sendo minha opinião que o processo de regionalização que, quer se queira quer se não queira, será uma exigência que, a muito curto prazo, vai determinar um crescente poder de intervenção das nossas autarquias.

 - pág. 88 -

A Junta, a que me honro presidir, está ciente das crescentes responsabilidades que sobre si como sobre outros impendem e assegura, enquanto tiver esse encargo, que tudo fará para melhorar a qualidade de vida dos seus concidadãos.


Não quereria terminar as minhas palavras sem deixar aqui o meu agradecimento pelo apoio e pelo empenho que o Sr. Presidente da Câmara pôs na consecução deste objectivo. O seu dinamismo e a sua imaginação foram o fermento. A sua visão do futuro fez o resto.»


Por seu turno, o Presidente da Câmara congratulou-se pelo acto festivo, dizendo que a inauguração da sede da Junta de Freguesia lhe proporcionava «a ocasião para falar sobre o poder local, qual o futuro das freguesias, quais os meios financeiros, as suas atribuições e dificuldades.» O Dr. Girão Pereira, na continuação, sublinharia ainda a boa solução da não demolição do edifício porque — disse — «no plano de urbanização o mesmo estava previsto ser demolido»; e, prosseguindo, acentuou: — «Este espaço vai ser um local de debate e não apenas de serviço burocrático; será um espaço aberto à comunidade.» Depois de exemplificar as suas palavras com a referência ao centro de dia para os idosos, o Presidente da Edilidade manifestou o voto de que as pessoas façam viver o edifício da Junta e se empenhem para que a população viva cada vez melhor.


Nas suas palavras, o Dr. Girão Pereira também fez várias considerações quanto ao poder local, lembrando que há necessidade de «reflectir o poder local, de melhorar a sua qualidade, pois nos últimos anos ele tem sido o poder da humildade; de momento, ele encontra-se numa fase de transição, sendo essencial que intervenha no campo social, cultural e de desenvolvimento económico.»


A finalizar, o responsável da Câmara Municipal poria em relevo o papel da comunidade e dos cidadãos para a resolução dos problemas locais. «É preciso — afirmou — que os cidadãos conscientes, serenos, civicamente bem formados e politicamente bem preparados, sejam cada vez mais capazes de assumirem os destinos das suas localidades; no entanto, é imprescindível também que as Juntas de Freguesia assumam cada vez mais competências e mais participação na gestão das pequenas comunidades.»


O Governo Civil de Aveiro, encerrando a sessão, proferiu palavras de incentivo, recordando que o poder local deve desenvolver também uma actividade de dimensão social e que é salutar numa crítica ponderada dos cidadãos de forma a não estorvar mas a melhorar a acção dos órgãos locais na resolução dos problemas que afectam as populações. Integradas no meio em que estão inseridas — disse o Dr. Sebastião Marques — as autarquias representam naturalmente, por si e por força do mandato popular, os interesses e as aspirações das freguesias e dos concelhos.


(in “Boletim Municipal de Aveiro”, Ano VII, 1989, N.º 13/14)

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