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Freguesia de Nossa Senhora da Glória, Aveiro, Junta de Freg. de Nª Srª da Glória, 1997, págs. 7 e 8.

Brasão da Cidade de Aveiro

 

A propósito de um projecto do símbolo heráldico da freguesia da Glória

 


I – Verificação histórica:


O símbolo principal das armas de Aveiro encontra-se assim indicado em diversas fontes manuscritas, escritas e líticas:

 

1) - um pato dentro de água: - no livro da Armaria de Alcobaça;


2) - um pato de pé: - a) no livro da Armaria, conservado na Torre do Tombo; - b) no Domingo Ilustrado, de Agosto de 1897;


3) - um cisne: - a) no Arquivo Nacional; - b) na Memória sobre a Vila de Aveiro, do Licenciado Cristóvão de Pinho Queimado (1687); - c) na Corografia Portuguesa, do Padre António Carvalho da Costa (voI. II, 1708); - d) no livro Cidades e Vilas da Monarquia Portuguesa, que têm Brasão de Armas, de Inácio Vilhena Barbosa (1865);


4) - uma águia: - a) na contra-capa do Livro de Registos da Câmara Municipal de Aveiro, iniciado em 1603, mas encadernado em 1716; - b) num antigo manuscrito que se conservou no Convento dos Padres Dominicanos até 1834; - c) em pedra, na fonte da Ribeira ou dos Arcos, construída pouco depois de 1700, arruinada em 1858, logo reconstruída no mesmo local e, depois de 1960, transferida para o outro lado do canal; - d) em pedra, na fachada dos Paços do Concelho, voltada para a Rua Direita (1797), para onde este brasão se mudou da fachada principal logo após 1919, ano em que foi conferido a Aveiro o colar da Torre e Espada, que circunda o novo brasão.

 


II – Análise:


Como registou o Prof. Dr. Armando de Matos, perito em história, arqueologia, etnografia e heráldica, (Arquivo do Distrito de Aveiro, 1943, pág. 5 e segs.) o mais velho selo municipal de Aveiro é constituído por uma águia espalmada e não por um cisne; a mesma águia foi usada por Aveiro, como seu símbolo, quando ainda nem sequer tinha sido elevada a cidade (1759). Por tal motivo, deve-se pôr de parte as variantes apresentadas em 1), 2) e 3), nomeadamente a de Inácio Vilhena Barbosa, que chegou a propor o cisne, "do apelido Cirne", para substituir as armas de Aveiro; o referido Dr. Armando de Matos diz que isso era "fantasia ou lapso que não tem qualquer valor histórico-heráldico".


O mesmo autor, no artigo mencionado, expôs apoditicamente as razões que cabem a Aveiro para usar o símbolo heráldico da águia, relacionando-o com as
/ pág. 8 / armas das famílias com o apelido "Aveio" ou "Aveiro", "Alves", e "Álvares" de Aveiro, por exemplo, que no seu brasão ostentam a águia (Vd. Armaria Portuguesa, de Anselmo Braamcamp Freire, cerca de 1917, pág. 45). Aliás, a proposta de 1926, que fixou as armas de Aveiro, seguiu a tradição municipal da águia.

 


Parecer:

Pelo exposto, parece que nem o cisne (nem o pato) devem figurar na heráldica da freguesia urbana de Nossa Senhora da GLÓRIA. Para não se repetir a águia, que consta do brasão da cidade, propõe-se uma alusão à muralha de Aveiro, que, desde o século XV e durante séculos, cercou o burgo nobre – que constituiu a parte principal da multicentenária freguesia de S. MIGUEL, cuja designação foi substituída pela actual em 1835.


Também parece pertinente, no projecto exposto, a estrela como elemento religioso para representar a Titular e Orago da freguesia, Nossa Senhora da Glória.

 


TEXTOS CONSULTADOS


– Marques Gomes,
Memórias de Aveiro, Aveiro, 1875, pág. 88.
– Rangel de Quadros,
Aveiro – Apontamentos Históricos, I (Aveiro — Origens,
brasão e antigas freguesias)
; pág. 28-34, da edição de "Paisagem Editora", Aveiro, 1984.
– Armando de Matos,
As Armas da Cidade de Aveiro, em "Arquivo do Distrito de Aveiro" VoI. IX (Aveiro, 1943), págs. 5-14.

 


Aveiro, 13 de Junho de 1996
Assinatura
(Mons. João Gonçalves Gaspar)
 

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