Sabes Alumieira
I
Deus ouviu as minhas preces...
E o Povo foi soberano,
Decidiu através do seu voto
Eleger gente nova este ano.
II
Espero que a nova Presidente,
Tenha mais competência... e
conhecimento
De história e também de geografia,
Que saiba mais do que a anterior
sabia...
III
Espero nunca mais na vida
Alumieira, ver teu nome renegado,
Pois foi enorme a calinada...
Que deixei num poema,já registado.
IV
Em pleno século vinte e um,
É vergonhoso haver autarcas assim
Que peçam votos “d'um Povo”
E neguem sua existência, enfim...
V
A culpa é dos partidos,que como o
nome indica,
E por razões que desconheço,já não
nasceram inteiros
Colocam gente sem que façam testes de
avaliação...
Desconhecedores da realidade,em
lugares cimeiros!
VI
Nem falando-lhe sobre a Senhora da
Alumieira,
No nome da sua cinquentenária Escola
E,da Ex-Comissão de moradores de
Mataduços e Alumieira
Demovi a senhora da sua asneirola!
VII
Como natural de Alumieira, dum tempo
Em que se nascia com a mãe em casa...
Não podia eu ter ficado calado,
Pois a estupidez... deixou-me os
nervos em brasa!
Manuel Assis
Diário de Aveiro, 15.11.2013
Ter alma e não ter
calma
Ex.mo. Sr. Director:
I
Um dia já distante, eu decidi
Entre ter alma e não ter,escolher...
Foi então que resolvi, depois de
muito meditar
Que daí em diante, alma passaria a
ter!
II
Ter alma é correr riscos...
Que são poucos, sendo premeditados,
Ter alma é sermos nós próprios...
Ao nascer racionais, para isso fomos
destinados
III
E durante o crescimento
“domesticados”...
Embora alguns... não muito bem,
Ter alma é um registo positivo...
Da passagem pelo mundo de alguém!
IV
Porque os “homens passam e as obras
ficam”
Resolvi, registar o que ela me vai
sussurrando...
No que eu escrevo, ninguém aumenta...
E levar minha existência meditando!
V
Tomei a decisão, na minha primeira
vida...
E,comecei agindo na segunda...
Comecei a registar em verso na
terceira...
Antes de chegar à fase “moribunda”...
VI
A vida tem altos e baixos...
Para os contornar é preciso ter
calma,
Nem sempre podemos atuar...
Como nos indica a nossa alma!
VII
O maior condimento para ela é a
“razão”
Que nos ajuda a não errar...
Procuro usá-la quanto baste
Quando meus versos estou a
registar...
Manuel Assis
Diário de Aveiro, Primavera de 2014
Operação a duas
hérnias inguinais
Ex.mo Sr. Director:
I
No dia 25 de Março
Ao hospital me desloquei
Para ser operado às hérnias
Com nada eu reclamei
II
Lá encontrei a enfermeira Filomena
Cara já minha conhecida
Ia tentar a minha sorte
Para ter melhor qualidade de vida
III
A enfermeira Filomena
A agulha me veio espetar
E eu todo encolhido
Lá tive que aguentar
IV
Vamos lá ver Sr. António
Se a depilação está nos conformes
Sabe como são estas coisas
Sabemos como são os homens
V
Mais uns dedos de conversa
E o tempo foi-se passando
Eis que chegou a hora
A cadeira de rodas foi chegando
VI
Enfermeira Sónia: já chegou a minha
hora
Também já sei que não posso ocultar
A seguir queria pedir
Para à minha esposa telefonar
VII
Tenha calma Sr. António
Não é preciso correr
Temos ainda muito tempo
Não está ninguém a morrer
VIII
Lá fui corredor abaixo
Com Jesus no coração
Sempre a rezar a Maria e a João Paulo
II
Santos da minha devoção
IX
No Bloco mais uma vez
Enfermeiras Sónia e Filomena me
quiseram ajudar
Dizendo à equipa médica
Para me tentarem acalmar
X
Para me tentarem acalmar
Porque estava muito conturbado
Logo veio a Dr.ª Isabel e anestesista
Acalmando-me a conversar
XI
Subi para a mesa operatória
Entregando-me de alma e coração
Sabia que a equipa médica era boa
(Dr. Matos e Dr.ª Isabel)
Para fazer a operação
XII
Quando já acordei na outra sala
Para poder recuperar
As primeiras palavras que eu disse
Ao jornal vou deitar
XIII
Ao jornal eu vou deitar
Como tão bem eu fui acolhido
Com as lágrimas nos olhos
Como fiquei comovido
XIV
Ao outro dia do acontecimento
O Dr. Matos me visitou
Eu logo lhe dei os parabéns
Pela equipa que me operou
XV
Também ao outro dia da operação
Mais uma vez a enfermeira Filomena me
quis surpreender
Telefonou para minha casa
Para ver como tudo estava a correr
XVI
O meu muito obrigada
Por toda a dedicação
Vai um”chi” e um beijinho
Do fundo do coração
XVII
Agora para terminar
Não me podia esquecer
Neste dia tão perturbado
Faz anos que o meu pai veio a nascer
XVIII
Com a bênção deles lá no céu
Estou eu a melhorar
Obrigado pai e mãe
Por mim estais a rezar
António Pinheiro
Diário de Aveiro, Primavera de 2014
Caro condiscípulo
(ex) e colega Cachim
Aliteração em C.
Literariamente, começo bem.
Mais dia,
Menos dia,
Vou a Psicologia,
Pois esta mania
Indicia
Uma psicopatia,
Que conforme Segismund Freud, esse
precursor da moderna
Psiquiatria,
(Muito mais sobre este grande génio
austríaco eu dizer poderia,
Mas numa só folha de formato A5, não
me caberia)
Prescreveria,
Só se curaria,
Na Cova de Iria,
Ou com uma estadia,
Numa enfermaria,
Onde faria
Longa terapia,
Que extirpar poderia
Esta anomalia.
Mais escreveria
Mas tenho que ir à padaria,
Com a minha Maria.
Fica para outro dia,
Esta porcaria,
Que nem o Diário de Aveiro
publicaria.
DIAS, Diamantino,
Versos apoéticos de escárnio e maldizer
com raras excepções a bem dizer,
pág. 17, Edições DDT, 2014.
Comentário
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Comum aos
quatro “poemas”:
«On se
sent, à ces vers, jusqu'au fond de l'âme
Couler je
ne sais quoi qui fait que l'on se pâme.»
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MOLIÈRE,
Les femmes savantes
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