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DIAS, Diamantino –, Glossário. Designações relacionadas com as Marinhas de Sal da Ria de Aveiro, Aveiro, C. M. A., 1996, págs. 15 e 16.

Fotografia Mário Marnoto

Introdução

O acolhimento obtido pela monografia "MOLlCEIROS", obra que tem como parte mais substancial um Glossário relacionado com o barco e a faina do moliço, levou-me a pensar que seria de interesse produzir um "LÉXICO DA RIA", com tantos capítulos quantas as artes dos que nela arduamente labutam: moliceiros, marnotos, pescadores, apanhadores de junco, barqueiros, etc.

Tendo decidido ocupar-me das marinhas de sal, li algumas publicações, das quais só me recordo das três constantes da Bibliografia, já que a falta de conhecimento das regras, que presidem a este género de trabalho, não me permitia saber do interesse destas referências.

Registei, assim, duzentos e poucos termos e respectivas definições, conjunto que fui ampliando e corrigindo em frutuosas conversas com muitos marnotos de escalões etários bem diferenciados, pelo que, embora tenha efectuado uma recolha sincrónica, dado que foi obtida num espaço de tempo relativamente curto — poucos meses —, o resultado acabou por se revestir de características diacrónicas, na medida em que inclui designações utilizadas durante um período de largas dezenas de anos, algumas das quais não só caídas em desuso no momento da sua recolha, mas também referentes a técnicas há muito não utilizadas.

Vicissitudes inesperadas levaram a que o trabalho não fosse por diante, ficando as respectivas fichas arquivadas, mas não esquecidas, durante vinte e três anos — tendo mesmo servido como elementos de consulta a algumas pessoas, que me solicitaram essa colaboração —, até que a compra, pelo Município de Aveiro, da marinha Troncalhada, veio a ser o pretexto para que actualizasse e editasse este Glossário, que não pretende ter, como principal objecto, a técnica da salicultura, mas, sim, a fixação, numa perspectiva, eminentemente, linguística — com duas ou três leves pinceladas sócio-económicas —, dum jargão, cujos falantes têm vindo a desaparecer / 16 / a um ritmo acelerado, dado que a sua arte, sendo pouco rentável, numa abordagem imediatista de lucros e perdas, não se enquadra no âmbito das actividades compatíveis com as exigências, meramente quantitativas, da omnipotente ciência económica, que, dia a dia, vai tornando o Homem culturalmente mais pobre.

Note-se que, relendo as supracitadas notas, verifiquei que muitas das designações constavam, quase sempre, no plural, tendo pensado que se trataria de inexactidões cometidas por mim, no momento dos respectivos registos. Assim, e para tirar dúvidas, levei a cabo três inquéritos, que me levaram a concluir que os marnotos, quando se referem, sobretudo, às partes constitutivas das salinas, o fazem, sistematicamente, no plural, pelo que decidi escrever, neste número, as entradas referentes aos nomes em apreço, com a consciência de que tal opção choca com os princípios estabelecidos.

No que respeita ao predito "LÉXICO DA RIA", cada vez mais justificável e urgente, dou por finda a minha participação, com os capítulos "Moliceiros" e "Marinhas de Sal", esperando que outros o terminem... enquanto é tempo.

Acabo por onde devia ter começado: agradecendo a todos os que comigo colaboraram, muito especialmente, aos marnotos com quem passei longas horas de agradável cavaqueira, não podendo deixar de manifestar um reconhecimento muito especial à minha ex-professora na Universidade de Aveiro, Doutora Maria de Fátima de Rezende F. Matias, que aceitou prefaciar este livro, emprestando-lhe uma inestimável mais valia, e ao velho amigo Manuel Regala, cujo saber, espírito de colaboração e interesse pelas coisas da nossa Ria tornaram este trabalho possível.

 

 
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