Almanaque Desportivo do Distrito de Aveiro 1950, pág. 85.


Se entendermos por ginástica um conjunto de exercícios físicos mais ou menos ordenados, melhor ou pior sistematizados, é fora de dúvida que ela começou a ser cultivada há milhares de anos.

Na China dos mandarins, no Egipto dos faraós, na Roma dos gladiadores, nesse altar erguido à Beleza que foi a Hélada, a ginástica, praticada embora com os fins mais diversos, produziu seus frutos sadios.

Depois de eclipse na Idade Média, surgiu o renascimento. Vários métodos apareceram e fizeram carreira.

No nosso país, a benemérita Casa Pia começou em 1834 a interessar-se a sério pela ginástica... E quase simultaneamente a ser vista por alguns como «escola de arlequins»!

Paúl e Armindo Landureza, do curso de ginástica da U. D. Oliveirense - 1934 - exibindo-se em exercício sobre o plinto.


  GINÁSTICA


Outras iniciativas se verificaram até que, em 1875, foi fundado o Ginásio C. Português, onde a ginástica principiou logo a ser cultivada não um tanto improvisada, mas algo metodicamente. Nos fins do século XIX, Aveiro passou a dispor de um ginásio dotado com magnífica aparelhagem. O Ginásio Aveirense, onde recebiam lições, sob a vista do médico e de proficientes mestres, classes de infantis e de adultos, era, depois do de Lisboa, o melhor de Portugal.

Infelizmente, em 26-8-1907, um bi-semanário local noticiava: «Devem ir à praça no próximo dia 1 de Setembro todos os móveis, barcos, aparelhos de ginástica,. etc., que pertenceram ao Ginásio Aveirense de saudosa memória».

Posteriormente, tentativas de muito menor grandeza transluziram no Distrito por entre indiferença quase geral... Azeméis e ainda Aveiro são exemplos do asserto.

No fundo, a ginástica é uma grande incompreendida. Os próprios praticantes das várias modalidades desportivas ― claro que existem as excepções ― não a vêem só com indiferença mas com relutância. Das palestras da Grécia, onde se desbobinavam os exercícios desportivos, a muitas... palestras de hoje, vai um mundo....

Por via de regra, as «perfomances» notáveis têm seus alicerces na ginástica. Ou muito nos enganamos ou o divórcio existente entre os praticantes das modalidades e a ginástica é uma das principais razões de ser da mediania que caracteriza ainda o nosso desporto.


Na imagem, Paúl e Armindo Landureza, do curso de ginástica da U. D. Oliveirense - 1934 - exibindo-se em exercício sobre o plinto.


 

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