Rafael Gonçalves,
atleta da A. D. Ovarense, campeão de Portugal no salto em altura,
foi considerado “revelação do ano em 1996.
O mês de Janeiro de 1997 inicia-se praticamente com uma prova de
corta-mato do Agrupamento das Beiras, disputado nos terrenos anexos
ao Estádio do Fontelo, em Viseu, no dia 21. As equipas da A. A. A.
conseguiram 5 vitórias individuais e 4 colectivas, continuando a
evidenciar supremacia entre as associações do centro do país. Paulo
Simões em iniciados, José Moreira em juvenis, e Goretti Oliveira e
António Salvador em seniores foram os intérpretes das vitórias
aveirenses.
Entretanto, em Fevereiro, a comunicação social anunciava que as obras
da tão desejada pista de atletismo recomeçavam (no dia 12 mais
precisamente), avançando com as terraplanagens e drenagens, que
demorariam cerca de dois meses, seguindo-se posteriormente a
pavimentação e a colocação do “tartan”.
Em Braga, a 15 e 16 de Fevereiro, a Federação fez disputar os
Campeonatos de Portugal em pista coberta. Pódio para três atletas
aveirenses, três terceiros lugares para António Tavares, do Grecas,
no comprimento (6,91 m), Nuno Serra, do NAC, no lançamento do peso
(15,80 m) e Luís Simões, do Grecas, no heptatlo (4568 pontos)
Em 22 de Fevereiro a Federação fez disputar em Seia os Campeonatos
Nacionais de Corta-Mato. Os atletas seniores de Aveiro pouco se
evidenciariam. Destaque apenas para Anália Rosa, da ADREP, que
embora individualmente fosse apenas 22ª, foi no entanto campeã
sub-23. Em veteranos, António Branco, da Ovarense, sagrou-se
campeão nacional. Já em juvenis e juniores, os resultados foram mais
animadores. Filipe Pedro (ADREP) foi 3º e Ricardo Mota (ADREP) foi
4º em juvenis; Sérgio Aniceto (Maceda) foi 3º Sérgio Silva (NAC) foi
5º em juniores.
Em Abril, Sandra Cruz, do Grecas, vence, no Estádio
Universitário de Lisboa, a prova juvenil do hexatlo (comprimento,
altura, dardo, peso, 80 m barreiras e 800 m) do troféu “Atleta
Completo”, mostrando assim as suas enormes faculdades para provas
tão diversas da modalidade.
Na fase de apuramento para o Campeonato de Clubes, disputado
no mês de Abril, surpreendeu a equipa masculina do Clube de
Campismo de S. João da Madeira, que da 3ª divisão onde se
encontrava (tinha sido campeão da 2ª divisão em 1993 mas, depois
disso, foi sempre a descer até se situar na 3ª) passou à 1ª divisão
neste ano de 1997. A divisão principal da modalidade passou a ficar
constituída, para além do Campismo, do Sporting, Porto, Benfica,
Marítimo, Bairro Anjos, Estreito e Belenenses.
|
25 de Abril de 1997
Temos vindo a
noticiar a realização de provas de pista coberta, inicialmente em
Aveiro, no denominado Pavilhão das Feiras, em adaptação para algumas
provas (infelizmente não todas), de velocidade (60 m e 60 m
barreiras), saltos (altura, comprimento e vara) e lançamento de peso
e, dois anos mais tarde, em Braga, aqui com hipótese de mais algumas
provas (ainda não na totalidade). Também referimos que a Associação
mantinha contactos com a municipalidade de Espinho, para instalação
de uma pista coberta (esta sim a sério) no pavilhão que aquela
edilidade pretendia construir na cidade.
Pois, finalmente, a
modalidade poderia efectuar campeonatos de pista coberta de nível
internacional. Assim, em 25 de Abril deste ano de 1997, foi
inaugurada a pista coberta posicionada no novel pavilhão
desta cidade.
Era então a pista
adequada pela qual ansiavam todos os intervenientes na modalidade. E
o distrito de Aveiro adiantava-se neste aspecto. Tratava-se da
primeira infra-estrutura climatizada existente no país, com 6
corredores (8 na recta) e que teve um custo de 118 mil contos.
Na cerimónia de
inauguração, que teve a presença do presidente da Federação, prof.
Fernando Mota e de outras individualidades, José Mota, presidente da
Câmara Municipal de Espinho, sublinhava que “a cidade e o país
estão dotados das melhores estruturas desportivas”.
Para assinalar a
entrada em funcionamento desta importante infra-estrutura, foi
organizado um conjunto de provas, com atletas expressamente
convidados para o efeito, que foram presenciadas por uma boa
assistência. A inauguração ficou de imediato assinalada pela
obtenção de um novo recorde nacional de pista coberta, nos 300
metros, por intermédio de Alexandra Pina, do Boavista. Não foi
nenhum atleta aveirense, mas fica o registo...
|
|
|
Integrado no programa de “Meetings” que a Federação apoiava, o
Núcleo Atletismo de Cucujães organizava o seu “meeting”. Era já a
XII edição do mesmo. O clube esperava efectuá-lo já em Aveiro, mas
como a tão almejada pista ainda não estava operacional, foi para a
pista da Maia. Teve lugar em 14 de Maio e nele se destacaram dois
atletas do distrito, Nuno Serra, no peso, e Paulo Silva, no dardo, que
venceram as respectivas provas.
Em Maio deste ano, teve lugar uma edição mais do “Olímpico
Jovem”. A selecção de Aveiro seria 2ª classificada com
742 pontos, logo atrás de Lisboa que obteve 820 pontos. Filipe
Pedro, da ADREP, foi o melhor representante aveirense, tendo
obtido duas vitórias, nas provas de 800 m e de 3.000 m. Afirmava a
comunicação social que “foi o meio-fundista que as competições
jovens há alguns anos não encontravam”.
Este mesmo atleta viria a sagrar-se campeão nacional dos 1.500 e
dos 3.000 metros, nos Campeonatos nacionais de juvenis,
disputados em Junho no estádio municipal de Leiria.
Nestes mesmos campeonatos, um outro atleta, este a representar o Grecas, teve igualmente meritório comportamento. Bruno Cordeiro
(filho do consagrado atleta aveirense de duas década atrás, Mário
Cordeiro) foi vice-campeão dos 1.500 m e ainda no pódio nos
3.000 m (3º).
Estes dois atletas, Filipe Pedro e Bruno Cordeiro,
pelas provas que vinham dando no meio-fundo, foram chamados a
Lisboa, para as “Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia”.
Esta competição, que reuniu centenas de atletas de bastantes clubes
europeus, teve lugar de 20 a 23 de Julho em Lisboa. Filipe Pedro,
obteve a medalha de prata (2º lugar) na prova de 3.000
metros, melhorando o seu recorde pessoal, passando-o para a marca de
8.22,96 e passaria a ser o terceiro melhor juvenil de sempre. Bruno
Cordeiro, foi 8º com novo recorde pessoal.
Com as provas dadas até então, não admirou portanto que Filipe
Pedro fosse considerado pela revista “Atletismo” como a
revelação do mês de Julho.
De referir o excelente trabalho que o técnico António Poutena vinha
fazendo com este jovem, e com outros que o acompanhavam, na
Associação Desportiva e Recreativa da Palhaça.
No mês de Julho, tiveram lugar os campeonatos nacionais de
juniores. Os atletas de Aveiro obtiveram quatro medalhas, a saber: Clarisse Cruz, da ADO, 2ª nos 1.500 m e 3ª nos 3.000 m; Joel
Costa, da ESJD, foi 3º no triplo-salto (seria ainda 4º no
comprimento) e Sandra Cruz, do Grecas, foi 3ª no comprimento
feminino. Registo ainda para Filipe Pedro, ainda atleta juvenil, que
foi 4º nos 800 e nos 1.500 m destes campeonatos.
Os atletas “veteranos” aveirenses começaram a aparecer, em
força, no respectivo Campeonato Nacional, que teve lugar em Lisboa a
6 e 7 de Setembro. No escalão de “Maiores de 40” realce para os 8
títulos conquistados por atletas de Ovar e S. João da Madeira.
Assim: António Beça, da Ovarense, venceu os 100, 200, 400 e
400 m barreiras; Fula Gomes, também da Ovarense, foi
primeiro nos lançamentos de peso, disco e dardo, e António Matos,
da Sanjoanense, venceu o lançamento do martelo. Quem sabe, não
esquece...
Ainda em Setembro, um atleta do Grecas, Renato Silva, partiu
no dia 18 para Moçambique, para participar, com mais 500 jovens
portugueses, na 3ª edição dos “Jogos desportivos dos países de
língua portuguesa” (JD/PALOP). Foi medalha de prata na prova de
1.500 metros.
A Associação Desportiva Ovarense (ADO) desapareceu. Mas deu lugar a
um novo clube que se filiou também na AAA, e que tinha como base os
atletas que pertenciam à Ovarense. Foi denominado de Clube de
Atletismo de Ovar (CAO). O CAO nasceu oficialmente em 29 de Setembro
deste ano de 1997. Foi seu mentor António Beça.
Em 14 de Dezembro realizou-se em Oeiras o Campeonato da Europa de
Corta-Mato”. Em juniores esteve presente a revelação júnior do
ano, Filipe Pedro, atleta da Adrep, que ficaria na honrosa
posição de 14º. Dizia um periódico desportivo que: “Um ex-juvenil
ver-se nestes campeonatos, fazendo uma prova cautelosa, mas segura,
e surgir como elemento fundamental na medalha de prata colectiva,
pode considerar-se, no mínimo, como sinal auspicioso”.
No balanço que a revista “Atletismo” faz no final do ano, podemos
referir:
- O melhor juvenil da época foi o meio-fundista Filipe Pedro, já por
várias vezes aqui citado, pelas suas brilhantes actuações
- Nos melhores juniores aparece Joel Costa, da Ovarense, com o seu
salto de 14,54 metros no triplo e ainda Pedro Barbosa, do Maceda,
com “crono” de 14.53,33 nos 5.000 metros.
- Nos seniores aparece o nome de Nuno Serra do NAC. Foi um promissor
júnior, com 16,19 m. Quatro anos passados e um início de época em
que por várias vezes ameaçou aquela marca, saltou para 16,71 m na
inauguração da pista de Coimbra. Era já o terceiro lançador nacional
de sempre.
- Em iniciados continuava com a melhor marca nos 60 m barreiras
(9,69 s), obtida em 1989, a atleta do Beira-Mar Solange Santos.
- Na maratona aparecia num brilhante 3º lugar a atleta do Vale de
Cambra, Goretti Oliveira.
Alguns apontamentos de relevo e a merecer serem referidos, neste
ano de 1997:
- Continuava a aguardar-se por uma pista “decente” ao ar livre.
- Verificava-se má conservação da pista de Oliveirinha, onde ainda a
Associação tinha de realizar as suas provas.
- Pelo motivo anterior, e para dar mais validade ao seu Campeonato
Absoluto, a Associação fez realizar o mesmo na pista do estádio de
Coimbra.
- A pista coberta instalada no pavilhão das Feiras teve bastante
actividade, apesar de ser notada a pouca preocupação da Câmara de
Aveiro na sua manutenção.
O número de clubes filiados em 96/97 foi de 66, sendo Feira com 13 e
Aveiro com 11 com mais clubes inscritos. O número de atletas atingiu
a bonita soma de 1.100, ainda a Feira com mais (241, correspondendo
a cerca de 22%) , logo seguido de Aveiro (128).
A AAA realizou, ao longo do ano, um total de 49 provas de estrada e
corta-mato, o que a juntar às provas de pista (campeonatos, provas
de preparação e outras) mostra a notável actividade desenvolvida. |