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O número de atletas inscritos em
1985 voltou a superar os anos anteriores, fixando-se agora em 1258,
sendo 909 masculinos e 349 femininos, sendo o maior contingente
pertença do Lourocoope.
Esta equipa do Lourocoope, sedeada
numa cooperativa de consumo, na freguesia de Lourosa, desenvolvia
várias actividades culturais, recreativas e desportivas, dando nesta
época destaque ao atletismo, movimentando 90 atletas de todas as
idades. O responsável pela modalidade era Saul Alves Fernandes, que,
durante largos anos, viria a ser a alma-mater do clube.
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Saul Alves
Fernandes com alguns dos seus atletas. |
No dia 20 de Janeiro de 1985, o
Beira-Mar organiza o III Grande Prémio de Aveiro. O F. C. Porto foi
o grande vencedor, individualmente através de Paulo Catarino, com
José Regalo em 2º, e ainda colectivamente. O Clube dos Galitos
obteve um excelente 2º lugar colectivo (à frente do Beira-Mar) com
Manuel Moreira em 3º e António Salvador em 5º.
António
Salvador era ainda atleta júnior e foi nessa condição que
participou nos campeonatos de Portugal de corta-mato, onde
obteria um notável 2º lugar, a apenas 9 segundos do vencedor.
Participação excelente nestes campeonatos também para uma atleta
júnior do Válega, praticamente desconhecida, Arminda Valente de seu
nome, que alcançaria o 4º lugar.
António Salvador estava entre os
nove atletas juniores com mínimos europeus obtidos neste ano, com o
seu tempo de 14.32,9 aos 5.000 metros, e que o seleccionava para o
Campeonato da Europa, que se iria realizar em Agosto, em Cottbus
(Alemanha).
António Salvador, vice-campeão de
corta-mato em juniores.
Nos regionais de corta-mato,
disputados em Vale de Cambra em 10 de Fevereiro, Manuel Moreira
destronou o campeão da época passada, contribuindo ainda para o
triunfo colectivo da sua equipa – o Galitos, que ficou assim
à frente do seu rival da cidade, o Beira-Mar. António Salvador,
internacional júnior do Galitos, venceu como se esperava na sua
categoria. Alice Cardoso, da Lourocoope, foi a vencedora em seniores
femininos.
Em 16 e 17 de Fevereiro,
disputaram-se em Lisboa os campeonatos de Portugal de Inverno.
Em femininos, Clarinda Faria, do Campismo, continuou a mostrar as
suas potencialidades e seria 2ª nos 400 m e 4ª nos 200 m, bem
acompanhada por duas atletas do Azurva, Paula Silva e Clara Silva,
respectivamente 5ªs nos 400 e nos 800 m. Esta recente equipa do
Azurva conseguiria ainda colocar uma outra sua atleta, Clara
Correia, em 6º lugar na altura e no comprimento. Nos masculinos,
Paulo Pinhal, do Galitos, seria 2º nos 800 e 4º nos 1.500 m,
enquanto o seu colega de equipa, Manuel Moreira, faria um excelente
3º lugar nos 3.000 m. Realce ainda para Mário Silva, ex-Galitos, mas
agora a representar o Beira-Mar, logo atrás de Paulo Pinhal na prova
de 1.500 (5º).
Em Portugal... só em Aveiro,
referia a revista “Atletismo” na sua página dedicada a “pista
coberta”. No “pavilhão das feiras”, onde no ano anterior havia
sido adaptada uma pista, ali se realizaram as únicas provas em
recinto coberto disputadas em Portugal. Vários dos melhores atletas
nacionais participaram no “I Torneio Cidade de Aveiro”.
Resultados interessantes de atletas de Aveiro para João Milheiro, do
Campismo, e para as manas Cristina e Mimosa Eduardo, neste ano de
1985 a representarem os Dragões, de Oliveira de Azeméis.
Em 23 de Abril, a convite da
Associação de Atletismo de Aveiro, o professor Mário Moniz Pereira
veio proferir uma palestra subordinada ao tema “O Atletismo de Alta
Competição”. A reunião teve lugar na Delegação da Direcção-Geral de
Desportos. Teve a presença de vários treinadores, atletas e
dirigentes de clubes aveirenses, que tiveram assim um excelente
ensejo para recolher preciosos ensinamentos do técnico nacional do
Sporting, nome que dispensa apresentações, obreiro de grandes êxitos
obtidos pelas principais vedetas do atletismo português.
Registamos uma interessante
iniciativa da secção de atletismo do Beira-Mar, organizando para 11
de Maio o que designou de “I Torneio Quadrangular Cidade de
Aveiro”, e para o qual convidou a Associação Grundig de Braga, o
Clube Independente Inter do Porto e o Clube de Campismo de S. João
da Madeira. O Beira-Mar bateu pela escassa diferença de um ponto
(123 contra 122) o Clube de Braga, com os outros dois a razoável
distância. Carlos Monteiro, do Inter, com 886 pontos (pela tabela
internacional) na prova de 3.000 metros e Clarinda Faria, do
Campismo, com 741 pontos na prova de 400 metros, foram considerados
os melhores atletas do torneio. Resultados aceitáveis para João
Milheiro, do Campismo, e José Carlos, do Beira-Mar, 1º e 2º na prova
dos 100 m, ambos creditados de 11,3 s, ainda para João Milheiro, 1º
no comprimento, para Clarinda Faria, 2ª nos 100 m femininos e para
Mário Silva, do Beira-Mar, 2º nos 3.000 metros.
Em 18 de Maio, um grupo de 18
atletas participou, em Pontevedra, no torneio “Trofeu Hogarlin
2/85”, conjuntamente com outros atletas de equipas portuguesas e
espanholas. Clarinda Faria venceu os 400 metros barreiras, no
tempo de 63,5, com Cristina Eduardo em 3º lugar na mesma prova.
António Tavares venceu o salto em comprimento com 6,51 m e foi 3º
nos 100 e 4º nos 200 m, Paulo Pinhal venceu a prova de 800 m, com o
seu irmão Luís em 2º, Ana Mota venceu o salto em altura com 1,55 m,
Ana Paula Silva foi 3ª nos 100 m e Helena Silva 3ª nos 3.000 m.
Na “Westathletic”, competição
que, de dois em dois anos, reunia as equipas de oito países da
Europa ocidental da considerada segunda linha, e ainda as
“potências” Alemanha Federal e França, realizada a 15 e 16 de Junho
deste ano de 1985, referência especial para o atleta do Beira-Mar,
Mário Silva, que foi uma das duas figuras em destaque nesta
competição (o outro foi o velocista Luís Barroso). Mário Silva
venceu a prova de 800 metros (ameaçando o recorde nacional da
distância, fazendo 1.47,99) e foi 2º nos 1.500 metros.
Atletas juniores de Aveiro
deslocaram-se a Vigo em 1 de Junho para participar no “Ano
Internacional da Juventude”. As notas principais desta competição
foram dadas pelos atletas aveirenses, Clarinda Faria, do Clube de
Campismo (1ª nos 400 m. com 57,6), e Fernando Adrião, dos Dragões
(2º nos 3.000 m obstáculos com 9.09,8). Referência ainda para
Cristina Eduardo, dos Dragões, 1ª nos 100 m barreiras e no
comprimento.
O Beira-Mar participou nos nacionais
da 2ª divisão em 8 e 9 de Junho, mas, desta feita, a equipa não
seria tão homogénea como no ano anterior (alguns dos seus melhores
atletas já tinham entretanto “desertado”) e ficou-se pelo 8º e
último lugar. Apenas Rui Saldanha, 2º nos 3.000 m obstáculos, Mário
Silva, 3º nos 5.000 m, e António Tavares, 4º nos 100 e 5º nos 200 m,
obtiveram razoáveis resultados.
Clarinda Faria, do Clube do
Campismo, fez de 1985 o seu ano de ouro. Era neste ano a mais bem
classificada aveirense em “rankings” nacionais, ocupando a quinta
posição nos 400 metros, com os 56,75, que obteve em Lisboa, em
autêntico contra-relógio. Esta dedicada atleta de S. João da
Madeira, já com dez anos de atletismo, alcançava também excelente
resultado nos 400 m barreiras, expressando assim os seus progressos
na modalidade.
Quanto a clubes, o Clube de
Campismo de S. João da Madeira dominava no sector masculino,
tendo vencido largamente a Ovarense e o Galitos no apuramento para a
3ª divisão; na mesma competição feminina foi a equipa de Os
Dragões de Oliveira de Azeméis a levar de vencida as suas
congéneres do Lourocoope e Campismo. A equipa de Os Dragões
beneficiou da inclusão das manas Eduardo, que se transferiram nesta
época do Beira-Mar.
Selecção de Aveiro festeja a vitória no
DN-Jovem.
“Aveiro: vitória do trabalho”,
assim titulava a revista “Atletismo” referindo-se à 3ª edição do “DN-Jovem”.
Passando para os escalões jovens, a
edição deste ano de 1985 do torneio “DN-Jovem”, destinado a
atletas iniciados e infantis, realizado no mês de Maio, deu início a
um ciclo de lugares de pódio nesta competição para jovens, por parte
do seleccionado do distrito. Aveiro venceu categoricamente a
edição deste ano, batendo as suas congéneres de Porto e Lisboa, que
se classificaram por esta ordem. Participaram 16 selecções
distritais. Para que conste, referimos a classificação das primeiras
seis associações:
|
1º |
Aveiro |
453
pontos |
2º |
Porto |
446 pontos |
3º |
Lisboa |
444 pontos |
4º |
Faro |
380 pontos |
5º |
Santarém |
375 pontos |
6º |
Setúbal |
356 pontos |
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Mesmo com carências de vária ordem,
Aveiro mostrou que tinha jovens dotados para a modalidade, neste ano
os melhores de todo o Portugal. Seis títulos individuais de atletas
de Aveiro, com destaque para Marina Bastos, nas provas de 800 e
1.500 m, em que estabeleceu novas marcas regionais do escalão de
iniciados. Mas o mais importante foi o colectivo; e outros lugares
de pódio (4 segundos e 7 terceiros) permitiram assim o triunfo
colectivo.
Referimos a propósito uma caixa do
“Diário de Notícias”, promotor e organizador desta competição,
noticiando o feito dos jovens de Aveiro:
«Mais do que as vitórias
individuais, contou para o professor José Santos, técnico regional,
o trabalho que esteve na sua base.
Não era uma questão de bairrismo,
acentuava, mas sentia-se particularmente feliz por Aveiro ter
conseguido suplantar Lisboa e Porto, distritos que têm maior
população, melhor material e mais técnicos.
O segredo: “fizemos uma
planificação, apostámos nela e cumprimos”. José Santos utiliza o
plural para não deixar de fora o seu colega Rui Barros. Foram eles
os dois que, a nível de superestrutura, gizaram o plano para
dinamizar os jovens do distrito.
(...) formulando votos para que,
em próximas edições, possam aparecer mais distritos a equilibrar uma
luta que, desta vez, teve três contendores destacados: Aveiro,
Lisboa e Porto. Para isso, fica a receita: uma boa planificação e
muita vontade de trabalhar.»
Disputou-se em Lisboa o segundo
encontro “Lisboa-Aveiro” em juniores. À semelhança do ano anterior,
Lisboa venceu em masculinos e Aveiro em femininos.
Aveiro participou ainda, nos dias 9
e 10 de Junho, com a sua selecção de juniores, num encontro de
Sub-18 com as suas congéneres de Lisboa e Porto, e ainda uma
selecção de Madrid. Daqui se infere que Aveiro, com os seus
juniores, estavam entre os melhores do país e mereciam convocação
para estar envolvidos com as outras melhores selecções.
Colectivamente, os conjuntos madrilenos averbaram dois triunfos
categóricos. Em masculinos, Aveiro ficou-se pela quarta posição;
mas, em femininos, a selecção de Aveiro conseguiu suplantar a sua
congénere do Porto, ficando a escassa diferença de Lisboa. Releve-se
o facto de Aveiro ter conquistado dois triunfos individuais, por
intermédio de Ana Mota, na prova de salto em altura (1,58 m)
e de Ana Silva, nos 400 metros (59,2 s). Merece igualmente
destaque os 13,85 m no triplo-salto, conseguidos por Rui Pestana,
marca que lhe deu o 3º lugar nesta prova e que ficaria a constituir
novo recorde de Aveiro no escalão de juniores.
Na sequência do bom entendimento
entre os dirigentes das duas maiores associações portuguesas da
modalidade (Lisboa e Aveiro), no último domingo de Junho,
deslocaram-se à capital espanhola – onde se efectuou um “meeting”
Madrid-Lisboa – seis atletas aveirenses, que ali tomaram parte,
actuando extra competição. Foram eles Ana Mota, da Lourocoope,
Arminda Valente, do Válega, Helena Silva, dos Dragões, António
Salvador, do Galitos, António Tavares, do Beira-Mar, e João
Milheiro, do Clube do Campismo, que foram acompanhados pelo técnico
regional, José Santos, e pelos dirigentes associativos, Artur
Figueira e José Rogério Pereira.
No final do ano falava-se na
possível concretização de um anseio dos dirigentes da Associação de
Atletismo para que, no distrito, e no caso, na cidade de Aveiro,
houvesse uma pista de “tartan”, tão necessária para o incremento da
modalidade e para possibilitar aos atletas aveirenses competir em
igualdade de circunstâncias com os das demais associações,
particularmente Lisboa e Porto, já que se verificava não se ficar
atrás daquelas duas. A Associação, dizia-se, acabava de formalizar a
aquisição ao Município de uma parcela de terreno, com a área de
vinte e um mil metros quadrados, situada na zona da Forca, nas
traseiras das antigas instalações das fábricas Jerónimo Pereira
Campos. Como iremos ver, tal não foi possível concretizar.
Não podemos deixar de salientar o
trabalho desenvolvido neste mandato pela Associação de Atletismo em
prol da modalidade, reconhecer o notório esforço para projectar o
nome de Aveiro a nível nacional, relembrando o facto de a selecção
de Aveiro ter vencido, em Lisboa, o troféu “DN Jovem”, e o salutar
intercâmbio conseguido com as suas congéneres de Lisboa e Madrid.
Por tudo isto, não podemos deixar passar em claro um nome, a quem
muito deve o atletismo aveirense – o do capitão Joaquim
Duarte. |