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A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 28


Glória Marques (e a Sanjoanense)

No ano seguinte, 1975, mais três clubes se inscrevem (passavam a ser onze) e o número de atletas cresce substancialmente, atingindo um total de 412 (contra 230 do ano anterior). A Associação de Desportos de Aveiro passa a ser a segunda associação do país, a seguir a Lisboa, em número de atletas filiados na Federação. O entusiasmo pela modalidade atingia os clubes do distrito para a sua prática.

O destaque maior deste ano de 1975 vai para uma “miúda” de 13 anos, a representar o Clube Desportivo de Estarreja, Glória Marques, nome que todo o país “atlético” foi obrigado a conhecer.

Bateu o record nacional da prova de 800 m., para o escalão de iniciadas, por três vezes, em 18 de Maio, em 8 de Junho e em 6 de Julho, fixando-o em 2 m. 19,0 s, marca que era a 12 ª pela tabela internacional.

Aliás, já no ano anterior, esta atleta se fizera notar, a ponto de a Federação a distinguir com diploma e distintivo, o que só fazia a atletas a quem reconhecia categoria.

Glória Marques, neste ano de 1975, foi campeã nacional da prova de 800 m., em iniciadas (o seu escalão, por enquanto), em 4 de Maio, em juvenis, em 18 de Maio, em juniores, em 8 de Junho, e em seniores, em 6 de Julho. Note-se o potencial desta jovem que, com apenas 13 anos, se “dava ao luxo” de ser campeã em todos os escalões, incluindo seniores.   

Estaria em Outubro em Sarrebruque, na Alemanha, para o I e II Torneio desta cidade, para atletas juvenis e juniores (ela ainda iniciada) e, no Luxemburgo, no Torneio de Dudelange. Foi 2ª na prova de 400 m. e venceu os 800 m., em Sarrebruque; e venceu os 600 m., em Dudelange.

Glória Marques a caminho da vitória nos 800 m.

Referindo ainda campeões nacionais neste ano, no campeonato nacional de corta-mato, Bárbara Nunes, do Estarreja, foi 1ª em juniores femininos, e o Estarreja, campeão colectivo em iniciados femininos, com a obtenção do 2º (Glória Marques), do 3º (Isolina Bezerra), do 7º e do 10º lugar.

De Barbara Nunes dizia o jornal “A Bola” de 2 de Março que impressionou a categórica corrida desta júnior, que bateu folgadamente a campeã de Lisboa, Alda Oliveira.

No campeonato nacional de juvenis em pista, Adelaide Meireles, do Ginásio Clube de Águeda, foi campeã da prova de 1.500 m., com o bom tempo de 4 m. 59,5 s.

No jornal desportivo “A Bola” de 9 de Junho de 1975, sob o título “Está na província o futuro da modalidade” dizia-se que “os resultados técnicos realizados pelos atletas da província, deixaram-nos tranquilos quanto ao futuro da nossa modalidade, tanto mais que se aguarda que a Direcção-Geral dos Desportos e a Federação possam, finalmente, dar às respectivas Associações aquelas estruturas que lhes têm faltado e que, por maior das boas-vontades que existam nos dirigentes – e nós sabemos que existem – são, a partir de agora, absolutamente indispensáveis. O trabalho realizado /.../ pelo Estarreja, /.../ pela Ovarense, pelo Ginásio de Águeda, /.../ pelo Gafanha, /.../ não pode deixar ficar indiferentes os dirigentes responsáveis pelo grande esforço que representa.” E depois: “Também nos 800 metros, Glória Marques, do Estarreja, que só tem alguns meses de treino e 13 anos de idade, ganhou, folgadamente, com 2 m. 20,3 s., tempo que constitui máximo nacional da sua categoria. Apesar da sua inexperiência e juventude é, actualmente, a melhor portuguesa da distância e irá representar, muito justamente, Portugal na eliminatória da Taça da Europa que se realiza, em Madrid, no próximo sábado.

Acrescente-se que também esteve presente num Portugal-Espanha para atletas juvenis, que teve lugar em Salamanca, tendo sido a melhor portuguesa nos 800 metros.

A nível do centro do país, a superioridade de Aveiro sobre as suas congéneres constatou-se num “Torneio da Beiras”, em corta-mato, em que a Associação de Aveiro venceu colectivamente em infantis femininos e masculinos, iniciados femininos, juvenis femininos, juniores femininos e seniores masculinos, com vitórias individuais de Anabela Oliveira, Amílcar Teixeira, Glória Marques, Adelaide Meireles, Bárbara Nunes, Manuel Rocha e Mário Cordeiro.

Nos campeonatos nacionais de iniciados, disputados em Viseu em 3 e 4 de Maio, para além do título de campeã nos 800 m. de Glória Marques, é de realçar os 4º e 5º lugares de Aldina Figueira e  Isolina Bezerra, do Estarreja, e o 6º lugar de Isilda Eduardo, da Sanjoanense, na mesma prova, mostrando a força de jovens do distrito no meio-fundo. Também uma outra jovem do Sanjoanense, Graça Silva, se mostraria uma “sprinter” a ter em conta, pois alcançaria um brilhante 2º lugar nos 80 metros planos, logo a seguir a Maria João Lopes, do Sporting, que viria a ser campeoníssima a nível nacional. Com estes resultados ficava demonstrado o potencial dos jovens do distrito para a prática da modalidade, assim lhes proporcionassem idênticas condições de treino (instalações e técnicos) às dos clubes da capital.

Nos nacionais de juniores, em Lisboa, a 7 e 8 de Junho, o destaque vai para Manuel Rocha, do Gafanha, vice-campeão na prova de 2.000 m. obstáculos, e em 4º lugar na prova de 5.000 m., nesta batendo o record de Aveiro, isto no que respeita a atletas masculinos. Em femininos, mais uma vez Glória Marques, a vencer os 800 m., com Adelaide Meireles, do Águeda, em 3ª, Isolina Bezerra e Aldina Figueira, do Estarreja, em 5ª e 7ª posições. Nos 1.500 m., Clarinda Valente, do Estarreja, foi 3ª e Adelaide Meireles 4ª. Ainda dignos de registo o 5º lugar de Olívia Elvas, nos 400 m., o 5º lugar de Graça Silva, nos 200 m., e o 4º lugar de Cristina Ramalho, da Sanjoanense, nos 400 m. barreiras.

Nos campeonatos nacionais absolutos femininos, para além do bom tempo de Glória Marques nos 800 metros, já referido anteriormente e que era máximo nacional de iniciadas, é de realçar o 3º lugar de Clarinda Valente, do Estarreja, nos 1.500 m., o 5º lugar de Isilda Eduardo, da Sanjoanense, na mesma prova, o 2º lugar de Isabel Duarte, da Ovarense, nos 3.000 m., com Isilda Eduardo em 3º na mesma distância, o 4º lugar de Bárbara Nunes, do Estarreja, nos 400 m. barreiras, e o 4º lugar de Graça Silva, da Sanjoanense, nos 200 m.

Vimos referindo atletas da A. D. Sanjoanense a obterem bons resultados nos nacionais. Isto significa o incremento que a modalidade teve em S. João da Madeira, de tal modo que o clube foi campeão por equipas, batendo o Gafanha e o Beira-Mar, clubes que em anos anteriores tinham sobressaído. Em Junho, no campeonato distrital absoluto, e que contava como apuramento para o nacional da III divisão, a Sanjoanense venceu com 151 pontos e 9 títulos, contra 129 pontos e 6 títulos do Gafanha e 102 pontos e 4 títulos do Beira-Mar, as três equipas que funcionavam no momento como tal. Oliveirense, Veiros e Codal pouco contavam na altura.

No nacional da 3ª divisão, disputado a 21 e 22 de Junho, a Sanjoanense ficou em 5º, com o Gafanha em 7º e o Beira-Mar em 9º, posições que confirmavam a classificação das mesmas equipas no distrital.

Manuel Rocha, à esquerda, dando boa réplica ao categorizado Aniceto Simões..

Neste campeonato, os melhores resultados dos atletas de Aveiro foram:

Manuel Rocha, do Gafanha, 2º nos 5.000 m.

João Rocha, do Gafanha, 1º nos 10.000 m.

Albano Braga, da Sanjoanense, 2º nos 10.000 m.

António Melro, do Gafanha, 4º nos 110 m. barr. e 2º nos 400 m. barr.

Mário Cordeiro, do Beira-Mar, 2º nos 3.000 m. obst.

Manuel Rocha, do Gafanha, 3º na mesma prova

José Madeira, da Sanjoanense, 3º na vara e 4º na altura

Estanislau Tavares, da Sanjoanense, 1º no disco e 2º no peso

Nuno Leitão, do Beira-Mar, 2º no dardo

Elisiário Patarrana, do Beira-Mar, 2º no disco

Manuel Resende, da Sanjoanense, 1º no martelo

Registe-se que a Associação de Desportos de Aveiro promovia já um extenso calendário de provas de inverno e de pista, tendo realizado neste ano 11 eventos de provas de corta-mato e estrada e 15 eventos de provas de pista.


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