Luís Robalo de Almeida bate recorde. |
O ano de 1956
marcou o recomeço do atletismo na cidade de Aveiro por intermédio do
CICA (Comércio e Indústria Clube de Aveiro) e do Clube dos Galitos,
este já com tradições em outras modalidades.
Depois do
razoável sucesso, em termos de resultados, do grupo de pretensos
atletas apresentado no torneio “Primeiro Passo”, o Clube dos Galitos
resolveu apostar na modalidade e assim filiou-se desde logo na
Associação Portuense de Atletismo. Esta filiação aconteceu em Maio
de 1956, tendo-se de imediato apresentado no Porto para início de
actividade nos diversos campeonatos de organização daquela
Associação, dada a não existência de associação deste tipo em
Aveiro. A sua filiação na modalidade, por proporcionar disputa de
campeonatos competindo com atletas já mais “batidos” dos clubes do
Porto, levou alguns atletas do CICA a mudarem para o Galitos, como
foi o caso de Virgolino Teto e Mário Fonseca primeiro, e mais tarde
de Jaime Lima e José Barros, todos com potencial para boas
“performances” futuras.
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Ainda nesse mês
de Maio, nos dias 26 e 30, participa com alguns atletas no torneio
de aspirantes da APA, tendo conseguido resultados interessantes para
quem dava os “primeiros passos”, face a clubes com antecedentes na
modalidade, casos do F.C. Porto, Académico, CDUP ou Salgueiros,
daquela que era na altura a segunda força do atletismo no país, a
seguir a Lisboa.
Albertino
Pereira, com 1 m. 52 s. nos 700 m. e com 4 m. 33,2 s. nos 1.500 m.,
conseguiria as melhores classificações correspondentes a dois 2ºs
lugares. José Arroja com dois 3ºs lugares, nos 60 m. planos (7,5 s.)
e no salto em comprimento (5,58 m.) seguir-se-ia em mérito. Ainda
Virgolino Teto, com um 3º nos 1.500 m. e um 5º nos 700 m., teria
comportamento digno de realce.
Nos dias 9 e 10
de Junho disputaram-se os campeonatos de principiantes e rezava
assim o semanário “Litoral” dias depois:
Exaltável
comportamento do Galitos no Campeonato de Principiantes da APA” –
“Galitos com apenas 5 atletas, disputando 2 concursos, três corridas
e uma estafeta, classificou-se em 3º lugar, à frente dos experientes
Salgueiros, Pejão e CDUP” – “ Desfalcado de Arroja, o seu melhor
velocista.”
A grande figura
seria Luís Robalo ao ganhar os 1.000 m. com o tempo de 2 m. 45,4 s..
Os restantes quatro elementos que contribuíram com pontos para o
“exaltável” comportamento eram Albertino Pereira, Gonçalo Pinto,
Virgolino Teto e o “escrevinhador” destes “subsídios”. Foi pena
que José Arroja, com qualidades suficientes para se tornar um bom
velocista, não tivesse "paciência" para treinar convenientemente e
assim foi desistindo e acabou depressa a sua permanência nas pistas.
No dia 17 de
Junho, em Lisboa nos Campeonatos Nacionais de Principiantes, Luís
Robalo obteria um notável 2º lugar (2.47,4), logo atrás de Vilaça
(2.45,2),
categorizado atleta que era do Sporting. Iniciava aqui uma notável,
mas que viria a ser curta, carreira de atleta aquele que era já
também um bom basquetebolista. Mas, francamente..., para ele (como
para todos os que o acompanharam nesta iniciativa do Clube dos
Galitos) iniciar o atletismo aos 18-19 anos de idade, não era o mais
aconselhável para ter atletas de gabarito. Indicava, contudo, que
“massa” existia no distrito e na cidade, assim houvesse condições
para “puxar” pelos jovens bastante mais cedo. Mas gente e estruturas
capazes não havia...
Viu-se atrás que
o Pejão ainda “mexia”, embora já não sem o fulgor de anos
anteriores. José Abílio Correia era agora o seu atleta mais
representativo, tendo conseguido dois bons 3ºs lugares, nos
campeonatos regionais de juniores da APA, no dardo com 40,59 m. e
nos 300 m. barreiras com 47,3 s. Campeonatos onde, mais uma vez,
Luís Robalo se mostraria ao ficar em 3º nos 800 m. e nos 1.500 m.
José A. Correia, em 22 de Julho desse ano, seria um interessante
vencedor de um Pentatlo de Juniores da APA, com 1633 pontos, sendo
1º no dardo e no disco, 4º nos 200 m. e no comprimento e 9º (a sua
mais fraca actuação) nos 1.500 m. O seu colega Júlio Paiva seria 3º
na mesma competição.
Em Agosto desse ano de 1956, o grande impulsionador do atletismo no
clube dos Galitos, o prof. Ribeiro da Costa, por razões
profissionais, partia para Lisboa. Mas o atletismo tinha enraizado
no clube e no ano seguinte os resultados seriam ainda melhores. E
com a colaboração de outro entusiasta da modalidade, como se verá no
próximo número. |