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A. Carretas, Para a História do Atletismo, In Revista "Mais", Out.-Dez. 1998, n.º 16, pág. 9.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 11


Clube dos Galitos “em força”


Luís Robalo de Almeida bate recorde.

O ano de 1956 marcou o recomeço do atletismo na cidade de Aveiro por intermédio do CICA (Comércio e Indústria Clube de Aveiro) e do Clube dos Galitos, este já com tradições em outras modalidades. 

Depois do razoável sucesso, em termos de resultados, do grupo de pretensos atletas apresentado no torneio “Primeiro Passo”, o Clube dos Galitos resolveu apostar na modalidade e assim filiou-se desde logo na Associação Portuense de Atletismo. Esta filiação aconteceu em Maio de 1956, tendo-se de imediato apresentado no Porto para início de actividade nos diversos campeonatos de organização daquela Associação, dada a não existência de associação deste tipo em Aveiro. A sua filiação na modalidade, por proporcionar disputa de campeonatos competindo com atletas já mais “batidos” dos clubes do Porto, levou alguns atletas do CICA a mudarem para o Galitos, como foi o caso de Virgolino Teto e Mário Fonseca primeiro, e mais tarde de Jaime Lima e José Barros, todos com potencial para boas “performances” futuras.

Ainda nesse mês de Maio, nos dias 26 e 30, participa com alguns atletas no torneio de aspirantes da APA, tendo conseguido resultados interessantes para quem dava os “primeiros passos”, face a clubes com antecedentes na modalidade, casos do F.C. Porto, Académico, CDUP ou Salgueiros, daquela que era na altura a segunda força do atletismo no país, a seguir a Lisboa.

Albertino Pereira, com 1 m. 52 s. nos 700 m. e com 4 m. 33,2 s. nos 1.500 m., conseguiria as melhores classificações correspondentes a dois 2ºs lugares. José Arroja com dois 3ºs lugares, nos 60 m. planos (7,5 s.) e no salto em comprimento (5,58 m.) seguir-se-ia em mérito. Ainda Virgolino Teto, com um 3º nos 1.500 m. e um 5º nos 700 m., teria comportamento digno de realce.

Nos dias 9 e 10 de Junho disputaram-se os campeonatos de principiantes e rezava assim o semanário “Litoral” dias depois:

Exaltável comportamento do Galitos no Campeonato de Principiantes da APA” – “Galitos com apenas 5 atletas, disputando 2 concursos, três corridas e uma estafeta, classificou-se em 3º lugar, à frente dos experientes Salgueiros, Pejão e CDUP” – “ Desfalcado de Arroja, o seu melhor velocista.”

A grande figura seria Luís Robalo ao ganhar os 1.000 m. com o tempo de 2 m. 45,4 s.. Os restantes quatro elementos que contribuíram com pontos para o “exaltável” comportamento eram Albertino Pereira, Gonçalo Pinto, Virgolino Teto e o “escrevinhador” destes “subsídios”. Foi pena que José Arroja, com qualidades suficientes para se tornar um bom velocista, não tivesse "paciência" para treinar convenientemente e assim foi desistindo e acabou depressa a sua permanência nas pistas.

No dia 17 de Junho, em Lisboa nos Campeonatos Nacionais de Principiantes, Luís Robalo obteria um notável 2º lugar (2.47,4), logo atrás de Vilaça (2.45,2), categorizado atleta que era do Sporting. Iniciava aqui uma notável, mas que viria a ser curta, carreira de atleta aquele que era já também um bom basquetebolista. Mas, francamente..., para ele (como para todos os que o acompanharam nesta iniciativa do Clube dos Galitos) iniciar o atletismo aos 18-19 anos de idade, não era o mais aconselhável para ter atletas de gabarito. Indicava, contudo, que “massa” existia no distrito e na cidade, assim houvesse condições para “puxar” pelos jovens bastante mais cedo. Mas gente e estruturas capazes não havia...

Viu-se atrás que o Pejão ainda “mexia”, embora já não sem o fulgor de anos anteriores. José Abílio Correia era agora o seu atleta mais representativo, tendo conseguido dois bons 3ºs lugares, nos campeonatos regionais de juniores da APA, no dardo com 40,59 m. e nos 300 m. barreiras com 47,3 s. Campeonatos onde, mais uma vez, Luís Robalo se mostraria ao ficar em 3º nos 800 m. e nos 1.500 m. José A. Correia, em 22 de Julho desse ano, seria um interessante vencedor de um Pentatlo de Juniores da APA, com 1633 pontos, sendo 1º no dardo e no disco, 4º nos 200 m. e no comprimento e 9º (a sua mais fraca actuação) nos 1.500 m. O seu colega Júlio Paiva seria 3º na mesma competição.

Em Agosto desse ano de 1956, o grande impulsionador do atletismo no clube dos Galitos, o prof. Ribeiro da Costa, por razões profissionais, partia para Lisboa. Mas o atletismo tinha enraizado no clube e no ano seguinte os resultados seriam ainda melhores. E com a colaboração de outro entusiasta da modalidade, como se verá no próximo número.

 

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